"As empresas privadas brasileiras, de todos os tamanhos e segmentos, acompanham com atenção a busca do antivírus para a crise econômica"
Por
Marcello Vernet de Beltrand
Marcello Vernet de Beltrand, Jornalista e coordenador técnico do Fala RS | Foto: Solange Sala / divulgação / CP
Correio do Povo
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Marcello Vernet de Beltrand
Marcello Vernet de Beltrand, Jornalista e coordenador técnico do Fala RS | Foto: Solange Sala / divulgação / CP
* Marcello Vernet de Beltrand, jornalista, mestre em administração, autor e editor de nove livros e coordenador técnico do Fala RS
A crise que o Brasil enfrenta já é considerada pior que a dos anos 30 do século XX. Além do coronavírus, que infectou mais de 2,5 milhões de brasileiros, provocou pane nos fluxos de caixa, aumentou concordatas, derrubou o consumo e, o pior dos sintomas, trouxe a dor do desemprego em massa.
As empresas privadas brasileiras, de todos os tamanhos e segmentos, acompanham com atenção a busca do antivírus para a crise econômica. E o que veem são duas correntes de pensamento esgrimindo teses. De um lado, os seguidores de John Maynard Keynes, autor da Teoria Geral do Emprego do Lucro e do Juro. Por décadas, o keynesianismo influenciou o modo de pensar de muitos economistas brasileiros. Segundo o modelo, o Estado deve intervir na economia sempre que for necessário, a fim de coibir o retardo das atividades e garantir a manutenção do emprego.
Na outra ponta da mesa, os monetaristas da Escola de Chicago sublinham: o governo não deve intervir. A teoria dos Chicago Boys aposta na liberdade econômica e no rigor do mercado, que terá sabedoria, dizem, para sair dessa situação porque tem experiência acumulada por décadas nesse contexto. Paulo Guedes é um homem dessa estirpe e foi um aluno com ótimas notas naquela universidade que tem altíssima concentração de prêmios Nobel no mundo.
O professor Voltaire Schilling, um dos principais historiadores do Brasil, vê essas visões sendo confrontadas. Segundo ele, os keynesianos olham para o cenário de desemprego e não aceitam presenciar a quebradeira geral das empresas. Ao contrário, propõem que o Estado seja chamado a intervir. Com alto poder de inversão, o Estado pode bancar infraestrutura, estradas e grandes obras, onde há grande absorção de emprego, induzindo o ciclo do consumo, por exemplo, de roupas, automóvel e eletrodomésticos, destaca Schilling. De outro lado, o professor lembra que o ministro Paulo Guedes, que leu Lord Keynes em inglês, revelou que deve estar ruminando sobre o que e como fazer aquilo que tem de ser feito. Guedes será rigoroso na aplicação dos cânones liberais ou revisará os conceitos fundadores da liberdade econômica? Deixará o laissez faire flanando no salão, permitindo que o mercado responda sem interferência da mão pesada do Estado? Qual lente usará Guedes para enxergar a saída: a social ou a liberal, questiona-se Voltaire Schilling. E emenda, Paulo Guedes está numa posição onde um liberal jamais esteve no Brasil.
Enquanto isso, longe de Brasília, brasileiros se angustiam, incluso os gaúchos, que, valentes, optaram por não esperar o vaticínio. Ao contrário, se atiraram ao trabalho, inovando, desenvolvendo e aplicando conhecimento para mitigar a crise e a reinventar o futuro. O Fala RS publica hoje nova edição do caderno especial, que tem o propósito de iluminar a saída encontrada por importantes empresas em meio aos desafios atuais do Estado. Tal como os empreendedores, o Fala RS também está em busca da saída. Independentemente do que pensam Keynes, Guedes e os garotos de Chicago.
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