quinta-feira, 2 de julho de 2020

Ventos de quase 100 km/h deixam rastro de destruição no Litoral Norte

Tramandaí e Capão da Canoa foram as cidades mais prejudicadas pelo mau tempo

Ciclone extratropical no Rio Grande do Sul deixou um rastro de destruição pelo Estado

A ligeira formação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, que justamente devido a essa característica ganhou o nome de ciclone-bomba pelos meteorologistas, deixou um rastro de destruição pelo estado, com ventos que ficaram entre 100 e 120 km/h e muita chuva em algumas localidades. O Litoral Norte não foi poupado entre a noite de terça e a manhã de quarta-feira sentiu os efeitos da forte ventania. Tramandaí e Capão da Canoa foram as cidades mais prejudicadas. 
Os postes de iluminação da ponte Giuseppe Garibaldi foram “dobrados” pelo vento e um hospital foi atingido pelas fortes rajadas e pacientes precisaram ser deslocados. Também houve danos, em menor proporção, em Cidreira, Imbé, Osório e Xangri-lá. Ninguém ficou ferido. 
Pelo menos 310 mil clientes da CEEE chegaram ficar sem energia na região. Agora, além do trabalho de reconstrução, também é preciso ficar de olho no mar, por causa da ameaça de ressaca.

Alerta

De acordo com alerta do Serviço Meteorológico Marinho, o fenômeno acarretado pelo ciclone pode provocar, até sexta-feira, ondas de 3 a 4 metros entre o Chuí, na fronteira com o Uruguai, e a capital catarinense, Florianópolis.
O Hospital Tramandaí, que tem 132 leitos e é a referência no tratamento da Covid-19 para Tramandaí e Imbé, sofreu um destelhamento às 4h30min desta quarta-feira e deixou os prefeitos das duas cidades apreensivos. 
Naquela área de cerca de 300 metros quadrados do prédio, onde são internados pacientes pré e pós-cirúrgicos e em isolamento não-covid, segundo o diretor administrativo, Luis Genaro Ladereche Fígoli, havia 10 pacientes e 6 deles precisaram ser deslocados para outras alas da instituição. “Todos os quartos estavam ocupados, veio uma coluna de vento quando houve um estouro, segundo o pessoal que estava trabalhando. Os quartos ficaram alagados”, contou.

Destelhamentos, quedas de árvores e alagamentos

Em Tramandaí ainda houve destelhamentos em outros locais, quedas de árvores, de postes, fachadas, luminosos e de outdoors em vários pontos da cidade. Também houve ruas com acúmulo de água. A Escola de Educação Infantil Sonho de Infância, na Avenida Fernandes Bastos, bairro Indianápolis, por exemplo, teve o luminoso da fachada arrancado. 
O Ginásio Municipal teve várias chapas metálicas do telhado retorcidas pelo vento, que segundo dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no município, atingiu o pico de 95,8 km/h às 6h07 da manhã. A Escola Estadual Segundo o prefeito Luiz Carlos Gauto, seis famílias ficaram desalojadas. 
“A preocupação maior entre todos os estragos da nossa cidade foi o hospital, por que nós estamos com uma capacidade limitada de ocupação em meio a pandemia e estamos ainda na bandeira vermelha”, afirmou. Gauto acredita que os danos materiais foram bastante extensos na cidade. “Mas a gente já vinha sabendo e se preparando para atender, mas não sabíamos da magnitude. Mas ainda bem que ninguém se feriu”, avaliou o prefeito.

Imbé e Mariluz

Em Imbé, de acordo com o prefeito Pierre Emerim, o vendaval provocou menos estragos. “É praticamente uma situação única em todo litoral. Tivemos danos, algumas avarias em prédios públicos, como o hospital de Tramandaí. Mas na cidade mesmo, foi mais queda de postes, de árvores e fios arrebentados. Apenas uma casa teve problema de destelhamento e precisou de ajuda da Defesa Civil”, relatou o prefeito. 
Na Praia de Mariluz, o construtor Valdir Vieira, 40 anos, ainda no final da manhã estava consertando a casa do irmão, uma das atingidas pelo ciclone. “O vento arrancou seis telhas. Mas já conseguimos comprar e estou aqui arrumando. Foi na madrugada e aí a chuva alagou a casa dele”, contou.

Correio do Povo

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