Ex-ministro da Justiça rebateu o procurador-geral da República, que disse que a operação teria sofrido "desvios" e que o momento era de corrigir os rumos
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou desconhecer "segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato", nesta quarta-feira, em resposta ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Durante um debate virtual com advogados, na terça-feira, o chefe do Ministério Público Federal (MPF) disse que a operação teria sofrido "desvios'', e que o momento era de corrigir os rumos para que o "lavajatismo não perdure".
"Desconheço segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato. Ao contrário, a Operação sempre foi transparente e teve suas decisões confirmadas pelos tribunais de segunda instância e também pelas Cortes superiores, como STJ e STF", escreveu Moro no Twitter.
Aras criticou ainda o conceito do lavajatismo, e pregou o retorno ao combate da corrupção como se fazia antigamente. “O etmo, segundo o qual, o ‘ismo’ significa alguma hipertrofia, um desvio. Então, o lavajatismo já revela que alguma coisa não vai bem nessa figura. E esse conceito, lavajatismo, há de ser superado pelo natural, bom e antigo enfrentamento à corrupção", disse.
Durante o debate, o procurador-geral também retomou a polêmica sobre o pedido de demissão, em junho, de três procuradores da Lava Jato que atuavam na Procuradoria-Geral da República (PGR). O chefe do MPF disse que "tinha mais procurador que era necessário" da Lava Jato em Brasília. "Hoje temos tanta sobra que a Força-tarefa de Curitiba consome mais recursos financeiros que mais de 20 unidades da federação", decretou.
Aras, porém, reconheceu os ganhos que a operação trouxe para o combate à criminalidade e à corrupção no Brasil. "A questão do chavão 'Lava Jato', que fez um papel relevante da exposição de um novo modo, à época, de fazer investigações, com sua metodologia e sistema, deu lugar a essa hipertrofia, a esse desvio. O que gostaríamos não é de pensar no que de desviante pode ter ocorrido, mas de corrigir rumos", disse.
R7 e Correio do Povo
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