sexta-feira, 26 de junho de 2020

Rio Grande do Sul vê chance remota, mas tem 462 aviões agrícolas contra gafanhotos

Frente fria afasta possibilidade de entrada da nuvem com os insetos no Brasil

As autoridades argentinas monitoram os gafanhotos em tempo real

A notícia de que uma imensa nuvem de gafanhotos poderia chegar no País, ao entrar pelo Rio Grande do Sul, deixou algumas cidades, como Barra do Quaraí, Uruguaiana e Alegrete, na Fronteira Oeste do Estado, em alerta.
Por isso, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) colocou à disposição das autoridades os 462 aviões pulverizadores existente no estado gaúcho caso seja necessário dispersar a nuvem de gafanhotos com os inseticidas.
O deslocamento da nuvem de gafanhotos é influenciado pela direção dos ventos e a ocorrência de altas temperaturas. Apesar de uma frente fria ter entrado no estado gaúcho nesta quinta-feira, trazendo fortes ventos e chuva, e distanciando a possibilidade de entrada pela fronteira, agricultores e moradores ainda temem a chegada dos insetos.
A administração da Estância Pai Passo, em Barra do Quaraí, afirma que os fazendeiros da região ainda se preocupam com a possibilidade de precisar combater a praga. Ainda segundo a administração, esta época do ano é muito importante para as pastagens de gado na região e nenhuma orientação de enfretamento prático foi dada pelas autoridades locais ou estaduais.
Mesmo quem não tem terras se preocupa com o fenômeno dos gafanhotos. “Olha, dá medo isso aí. Assim como mudou o tempo e eles foram lá para o Uruguai dá para mudar de novo e eles voltarem para cá, né?”, afirmou Pedro Lopes, morador de Uruguaiana.
Ele ainda diz que o tema tem sido muito discutido nas rodas de chimarrão e que, apesar do medo, o assunto também virou brincadeira entre os grupos locais. Nas rede sociais, gaúchos de todas as partes do estado temem o fenômeno, que em meio à pandemia, ganhou ares de fim do mundo.
Mas será que ainda existe essa possibilidade? Autoridades e especialistas afirmam que a chance é mínima. 
Não seria a primeira vez
Há registros que nas décadas de 30 e 40 outras nuvens passaram pelo Estado acabando com plantações inteiras. Especialmente em 1947, a cidade Pelotas enfrentou uma crise fitossanitária e precisou se adaptar para combater a praga.
De acordo com professor de Entomologia do Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Uemerson Silva da Cunha, o Estado tem condições técnicas para enfrentar o problema de maneira eficaz. Mas na opinião do especialista, a chance real de precisar usá-las é muito pequena.
Monitoramento em tempo real
As autoridades argentinas monitoram os gafanhotos em tempo real. A última movimentação da nuvem ocorreu na quarta-feira perto da região de Corrientes, na Argentina. Provavelmente por causa das condições climáticas rigorosas, a nuvem acabou se dividindo em duas e se estabilizou na região.
Como inúmeros fatores influenciam a sobrevivência e a direção dos insetos, o monitoramento acaba sendo a principal arma dos governos neste momento. “Apesar das condições climáticas favoráveis (frio e vento sudoeste), ainda existe o risco e permanecemos em alerta”, destaca o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti.
Plano de enfrentamento oficial
Nesta quinta-feira, a publicação da portaria 201 pelo o Ministério da Agricultura, que decreta estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, garante que medidas rápidas de enfretamento aos gafanhotos sejam tomadas pelas autoridades locais como, por exemplo, o uso de inseticidas normalmente não utilizados no combate deste inseto no país. A portaria tem validade de um ano.
Até o momento, fiscais da Secretaria Estadual de Agricultura inspecionaram a linha de fronteira e visitaram prefeitos e secretários dos municípios de São Nicolau, Porto Mauá, Alecrim Pirapó, Itaqui, Alegrete, São Borja e Porto Xavier. Todos localizados às margens do rio Uruguai.
A orientação do Governo do Estado é, se algum produtor identificar a presença dos insetos em grande quantidade, informar imediatamente a inspetoria de defesa agropecuária da sua localidade. 
R7 e Correio do Povo


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