Marco Maia, prefeito de Gravataí, criticou o governo estadual pela perda do empreendimento.
Foto: Reprodução/Facebook
Marco Maia, prefeito de Gravataí, criticou o governo estadual pela perda do empreendimento.
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O prefeito de Gravataí, Marco Alba, divulgou nota nesta sexta-feira (19) informando que a empresa Mercado Livre desistiu de um empreendimento previsto para a cidade. Segundo ele, um executivo da empresa fez o comunicado e justificou a desistência pela falta de apoio do governo do Estado. Também em nota, o Piratini afirmou que não foi informado formalmente do fato e que tem empreendido todos os esforços possíveis para garantir o investimento. Diz ainda que a Secretaria da Fazenda permanece tentando superar questões relacionadas ao negócio. O empreendimento, que geraria cerca de dois mil empregos no município e região, estaria de mudança para Santa Catarina.
O Mercado Livre confirmou à reportagem que segue no propósito de instalar um centro de distribuição no Sul, mas afirma que as negociações com o governo gaúcho para desburocratizar a atuação de vendedores de fora do Rio Grande do Sul dentro do Estado resultaram “infrutíferas até o momento”.
Veja a íntegra da nota do prefeito de Gravataí:
“Foi com tristeza que recebi, na noite desta quarta-feira (17), um telefonema cordial e atencioso, mas cujo conteúdo foi muito amargo para Gravataí. De Brasília, o executivo da empresa Mercado Livre me ligou para comunicar que Gravataí perdera, definitivamente, em virtude da falta de apoio do governo do Estado, o empreendimento anunciado há quase um ano.
Em julho de 2019, a empresa esteve em meu gabinete e apresentou seu plano de investimentos para a instalação em Gravataí de um Centro de distribuição com metodologia e tecnologia de negócios inovadores para o Rio Grande do Sul e Brasil.
De pronto, como tem sido a nossa prática sempre que recebemos novos empreendimentos, a Administração Municipal debruçou-se sobre o projeto e, em tempo recorde, aprovou uma série de incentivos pleiteados, que permitiriam a implantação do negócio e a geração de cerca de dois mil empregos no município e região. Afinal, gerar emprego e renda é, de fato, prioridade em nosso governo.
No mês de fevereiro deste ano, na véspera do dia em que seria entregue o alvará para a empresa, veio a notícia de que, em virtude da dificuldade de organizar a matéria tributária do Estado, a Mercado Livre estava suspendendo a consolidação do negócio, à espera de que fosse possível sensibilizar o governo gaúcho para as necessárias modernizações de legislação tributária. À época, considerava-se que tal solução seria possível e rápida, já que a geração de empregos e renda era – como deve ser – bandeira política do governador.
Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. A informação – confirmada na tarde desta sexta-feira, 19, pela imprensa catarinense – é de que os milhões de reais de investimento da Mercado Livre e os milhares de empregos serão gerados em Santa Catarina, cujo governo foi ágil e pouco burocrático para analisar e atender ao pleito, de maneira a garantir a operação naquele Estado.
Ou seja, entre o discurso e a prática existe mesmo um abismo. E este abismo só se transpõe com foco e inovação, o que não se viu no Governo do RS no episódio da Mercado Livre. Enquanto Gravataí fez sua parte, como está fazendo em outros três investimentos vultosos já anunciados para o município – logísticas GLP, Montabil e LOG – o governo gaúcho limitou-se a repetir a cartilha e reproduzir a interpretação de São Paulo (coincidência?), ao não acolher os argumentos da empresa e se recusar a modernizar sua legislação tributária.
Nem se tratava de renunciar a impostos, mas de mudar o momento da tributação. Entretanto, a Secretaria de Estado da Fazenda não alcançou a importância do empreendimento e o expeliu para Santa Catarina. Nossos vizinhos acima do Rio Mampituba agradecem, pois sua população terá empregos e o Estado, mais riqueza, enquanto aqui, no Rio Grande, seguimos com belos discursos, mas poucas práticas. Parole, parole, parole.”
Nota do governo estadual
“O governo do Estado esclarece que não foi informado oficialmente a respeito da suposta desistência definitiva da empresa Mercado Livre de instalar um centro de distribuição (CD) em Gravataí, na região metropolitana.
Desde o início das negociações, o governo, prezando pelo interesse dos cidadãos gaúchos, tem procurado garantir as condições para que a companhia amplie seus negócios já existentes no Estado com a instalação desse CD.
Por meio da Sefaz (Secretaria da Fazenda), foi oferecida, conforme demanda da empresa, uma harmonização da legislação tributária do RS com a de SP para que fosse possível a instalação do CD nas mesmas regras de outros centros de distribuição.
A Sefaz permanece tentando superar questões adicionais ao modelo paulista em vigor, surgidas à medida que as negociações avançaram. A Receita Estadual, inclusive, está levando esse assunto ao âmbito do Confaz para que seja discutido um padrão nacional para as operações de Fulfillment (logística de e-commerce).
O governo do Estado tem empreendido todos os esforços possíveis para garantir o investimento e busca o melhor entendimento para que a instalação do CD seja positiva para o Estado e para a própria companhia, respeitando aspectos comerciais da economia como um todo.”
Posicionamento do Mercado Livre
“O Mercado Livre confirma que, infelizmente, as negociações com o governo gaúcho para desburocratizar a atuação de vendedores de fora do Rio Grande do Sul dentro do Estado resultaram infrutíferas até o momento. No entanto, mantemos nosso propósito de instalar um CD no Sul do Brasil, por ser um importante mercado para nossos usuários, tanto vendedores quanto compradores da plataforma. Já iniciamos conversas com outras localidades na região, onde identificamos um modelo de atuação mais favorável aos empreendedores que atuam em nosso marketplace. Agradecemos muito pela receptividade tanto do governo do Rio Grande do Sul quanto da prefeitura de Gravataí em conversar e ouvir nossas necessidades para operar, e confirmamos que nada mudará com nosso hub de entregas que já existe em Porto Alegre. O Mercado Livre se mantém à disposição para futuras oportunidades.”
O Sul
Mercado Livre lamenta burocracia e desiste de empreendimento no RS
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