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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Tem governante caindo em conversa de malandro. Ou será ele, o malandro?

Por Alexandre Garcia

Policias federais carregam material apreendido na Operação Placebo, no Rio de Janeiro, que apura desvio de verbas de combate ao coronavírus no estado.
Policias federais carregam material apreendido na Operação Placebo, no Rio de Janeiro, que apura desvio de verbas de combate ao coronavírus no estado.

Policias federais carregam material apreendido na Operação Placebo, no Rio de Janeiro, que apura desvio de verbas de combate ao coronavírus no estado.| Foto: Fábio Motta/AFP

A Operação Placebo está repercutindo muito lá no Rio de Janeiro. Os policiais federais entraram no palácio do governador e no escritório de advocacia da primeira dama. Chegaram ao governador Wilson Witzel por meio de documentos da operação que prendeu Mário Peixoto há duas semanas.

Os policiais também foram na casa do ex-subsecretário executivo da Secretaria de Estado de Saúde, Gabriel Neves. Ele já tinha sido preso em outra operação, na época foi afastado do cargo.

Foram 12 mandados de busca e apreensão por ordem de um ministro do Superior Tribunal de Justiça. Tudo começou com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, depois o caso foi para o Ministério Público Estadual e em seguida para a Polícia Federal.

Witzel está sendo acusado de envolvimento no desvio de verba da construção de hospitais de campanha e de materiais de saúde. Todo esse dinheiro estaria sendo depositado como honorários advocatícios na conta dos escritórios de advocacia da primeira dama e de um secretário do governador.

O que me admira nesta história é que o governador já foi juiz federal, portanto, conhece muito bem a lei — o que é um agravante. Além disso, ele serviu como fuzileiro naval. Eu espero que ele consiga explicar bem tudo isso. Witzel disse que não vai renunciar ao cargo de governador.

Quando se está fazendo pesquisas de medicamento com seres humanos, alguns pacientes recebem o remédio e outros recebem placebo, que é uma substância inativa. A Polícia Federal é muito talentosa ao dar títulos para suas operações.

Na segunda-feira (25), foi deflagrada a Operação Dispneia, no Ceará. Dispneia é sinônimo para falta de ar. A operação tratou de respiradores que estavam sendo superfaturados no estado. Tem muita gente ganhando dinheiro às custas da tragédia de um povo.

É muita malandragem

Hospitais privados estão tendo problemas financeiros porque estão vazios praticamente, já que no momento cirurgias que não são urgentes foram adiadas. As pessoas estão com medo de ir ao hospital e a doença vai se agravando.

Por que ao invés de fazerem hospital de campanha com altos custos, os governos não fizeram convênios com hospitais privados? Assim, os leitos que estão vazios seriam aproveitados para os pacientes com coronavírus.

Como é que o governador de Minas Gerais compra um respirador barato e os outros pagam cinco vezes mais? Certeza que é porque o de Minas Gerais não está superfaturando a compra e os outros ou estão caindo em conversa de malandro ou são malandros.

Combustível iraniano

Chegaram navios do Irã carregados de combustível para a Venezuela. Mas como se o país é um dos membros da OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Eles produziam 1,3 milhão de barris de petróleo por dia. E agora a Venezuela precisa importar combustível.

Faça-me o favor

Deputados do PT pediram o impeachment e a quebra do sigilo telefônico do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Isso porque, para eles, o final da nota que ele soltou quando pediram a quebra do sigilo telefônico do presidente foi uma ameaça à democracia.

O final da nota dizia “poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. Obviamente, quando ele escreveu isso se referiu à desarmonia entre os poderes que essa quebra poderia gerar.

Falar em nota numa hora dessa é a mesma coisa que falar em corda em casa de enforcado. As bilhões de notas que ameaçaram a democracia e a estabilidade nacional foram as da Petrobras, dos bancos estatais, dos contratos com empreiteiras e empresas públicas.

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Alexandre Garcia

Colunas sobre política nacional publicadas de domingo à quinta-feira. *Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.


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