SP: restrição ou reabertura?; Bolsas sobem com negociação China-EUA; A dívida argentina

Um avanço nas conversas entre EUA e China ontem para um acordo comercial fez os mercados no exterior começarem o dia com otimismo. A Desperta destaca ainda o futuro de um potencial plano de reabertura em São Paulo, que seria divulgado hoje, e as negociações da dívida na Argentina. Boa leitura.

Berrini, em São Paulo: Covas e Doria podem tornar quarentena mais rígida | Germano Lüders/EXAME

1 - DORIA DECIDE SE REABRE SP

Há vinte dias, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que nesta sexta-feira, 8, seriam divulgados os detalhes do “Plano São Paulo”, o projeto de reabertura gradual. Mas a realidade das últimas semana mostra que o cenário atual está longe do projetado pelo governo. Desde o anúncio do plano, em 22 de abril, os casos confirmados da doença mais que dobraram, saindo de 15.901 para 39.928. As mortes quase triplicaram, de 1.134 para 3.206. A taxa de ocupação de leitos de UTI no SUS paulista é de 66,9% no interior e 89,6% na grande São Paulo. A capital registra há mais de uma semana níveis médios de isolamento de 47%. Ontem, o prefeito Bruno Covas (PSDB) endureceu as regras de rodízio de carros e disse que vai divulgar novas medidas de quarentena também nesta sexta. Mesmo no interior, a cada três dias, 38 novas cidades têm casos da doença pela primeira vez. O Centro de Contingência do Coronavírus, do governo paulista, divulgou ontem um estudo projetando que o estado terá 40.000 mortes nos próximos dois meses caso a taxa de isolamento social se mantenha em 50%. Parece improvável que alguma medida maior de abertura seja divulgada hoje.

2 - OTIMISMO NAS BOLSAS

As atenções dos investidores nesta sexta-feira, 8, devem estar mais uma vez concentradas nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos, pioradas no começo de maio pelas acusações de que o coronavírus tenha sido fabricado em laboratório de Wuhan. Os mercados abriram em alta na Ásia e na Europa após o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin liderar as conversas com o vice-premiê chinês Liu He na noite de ontem sobre uma "fase 1" de um acordo comercial. Nesta sexta-feira os Estados Unidos divulgam ainda dados do desemprego de abril, que deve apontar uma taxa acima de 16%, ante 3,5% antes da pandemia. O número de americanos que pediram seguro desemprego chegou a 33 milhões segundo número divulgado ontem. O de desempregados, agora, deve bater os 20 milhões. No Brasil, o cenário interno de aumento de casos de coronavírus e tensão nos poderes segue influenciando o Ibovespa, que caiu 1,2%, com dólar a 5,84 reais. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, foram ao Supremo Tribunal Federal defender a reabertura das atividades, num gesto que pegou mal com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

3 - A DÍVIDA ARGENTINA

Os investidores que detêm 65 bilhões de dólares em títulos em moeda estrangeira da Argentina respondem nesta sexta-feira, 8, se aceitam ou não o plano de reestruturação da dívida proposto pelo governo Alberto Fernández. Os credores têm sido pressionados pela comunidade internacional a aprovar a proposta para dar um exemplo de flexibilidade e empatia financeira em maio à pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. Pelo menos três grupos de investidores já rejeitaram a oferta – que inclui uma moratória de três anos, 62% de desconto nos juros e 5% de redução do principal. Na quinta-feira, 7, o governo Fernández conseguiu trocar títulos do Tesouro Nacional em moeda local no montante de 1,76 bilhão de dólares por outros instrumentos de crédito, ganhando mais fôlego para atravessar a crise. Se não houver acordo, a Argentina daria calote em sua dívida externa pela nova vez – a terceira em apenas 20 anos. Na leva de boas notícias: a Argentina tem sido bem-sucedida no combate ao coronavírus e, com uma população semelhante a São Paulo, registra 5.371 casos de coronavírus e 282 mortes.

4 - DIA DA VITÓRIA SEM CELEBRAÇÃO

O avanço da covid-19 pelo mundo vai prejudicar as comemorações dos 75 anos de rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra, nesta sexta-feira, 8 – o "Dia da Vitória", como é chamado pelos europeus. Na Rússia, o presidente Vladimir Putin planejava realizar uma grandiosa parada militar na Praça Vermelha. Tinha convidado alguns dos principais líderes mundiais, entre eles Donald Trump, Xi Jinping, Angela Merkel e Emmanuel Macron. O evento foi adiado – até ontem, a Rússia tinha oficialmente 177.000 casos e 1.615 mortes por covid-19, o quinto país com mais casos. No Reino Unido, em vez dos tradicionais desfiles militares nas ruas, a BBC vai transmitir um especial com trechos do discurso do ex-primeiro-ministro Winston Churchill. Às 21h locais, no mesmo horário em que o rei George VI fez um pronunciamento aos britânicos em 1945 para celebrar a rendição alemã, a BBC vai transmitir um discurso da rainha Elizabeth II. Será a segunda mensagem televisionada da rainha desde o início da pandemia. O Reino Unido tem mais de 208.000 casos e 30.700 mortes por covid-19 – é o segundo país em número de óbitos, atrás somente dos EUA.

5 - THELMA, DO BBB: HOMENAGEM À LINHA DE FRENTE

Thelminha deixou a casa no estúdio da TV Globo no Rio de janeiro, onde acontece o Big Brother Brasil, no último dia 27 de abril. Saiu aplaudida, como a grande vencedora da 20ª edição do programa. Quase duas semanas depois, quem estiver com saudade vai poder vê-la novamente ao vivo. Neste sábado, 9, ela participará de uma live em homenagem às profissionais de saúde na linha de frente do combate ao coronavírus. A iniciativa é do Instituto Free Free com o Núcleo de Gênero do Ministério Público do Estado de São Paulo. A campanha foi idealizada para celebrar o Dia das Mães, que acontece no domingo, 10 (Thelma ainda não é mãe, mas diz ter o sonho de ser). Negra e feminista, ela se formou em anestesiologia em uma faculdade privada, com bolsa. A vencedora do BBB20 representa um contingente de 245.241 médicas em atividade no Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina, pouco menos da metade do total de profissionais.

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A Uber registrou prejuízo de 2,9 bilhões de dólares entre janeiro e março, o mais alto dos últimos três trimestres. O faturamento subiu 14%, impulsionado pelo Uber Eats. As ações subiram 6% após o fechamento do mercado. A B2W reduziu o prejuízo em 22,5% no primeiro trimestre com alta de 32% na receita, a 1,7 bilhão de reais. Impulsionada pela B2W, a receita nas Lojas Americanas subiu 14%, mas houve impacto da quarentena nas lojas físicas. A fabricante de alimentos JBS tem enfrentado um surto de covid-19 em unidades nos Estados Unidos e no Brasil. Uma fábrica em Passo Fundo (RS) foi obrigada a fechar temporariamente pela Justiça do Trabalho. As medidas restritivas para conter a pandemia de coronavírus provocam rupturas em todas as cadeias de negócios. Até os ilícitos. Segundo um relatório do UNODC, escritório da ONU para o crime e as drogas, a quarentena global está bloqueando uma série de rotas de tráfico de drogas.

Agenda Anfavea: Balanço da produção de veículos em abril (10h) IBGE: Inflação (IPCA) para abril (9h) EUA: Taxa de desemprego (9h30)

Bolsa Na quinta-feira, 7 Ibovespa / -1,20% S&P 500 / +1,15% Dólar / 5,840 reais (+2,39%) Na sexta-feira, 8 (encerrado) Xangai (China) / +0,83% Hong Kong / +1,04% Nikkei (Japão) / +2,56% Abertas (às 7 horas) FTSE 100 (Reino Unido) / feriado DAX (Alemanha) / +0,86% Petróleo (às 7 horas) WTI / 24,33 dólares (+3,31%) Brent / 29,98 dólares (+1,77%)

Afetado pela redução brusca de viagens durante a pandemia do novo coronavírus, o Airbnb precisou reestrurar o modelo de negócio, agora focado também em aluguel de longo-prazo (no Brasil, hospedagens de um mês subiram 24%). Mas outro dos focos na pandemia não exige sair de casa: é a seção "Experiências", em que clientes podem contratar aulas remotas com os anfitriões nativos -- de tango a meditação com monge budista. Um repórter do The New York Times passou um fim de semana "maratonando" as experiências do Airbnb. Leia o relato aqui (em inglês).

Indicados ao Grammy Latino no Airbnb: aula sobre tango em Buenos Aires | Airbnb/Divulgação

Erramos: A quarentena fez as pessoas se perguntarem que dia da semana é hoje, e com a equipe da EXAME não foi diferente: a edição de 7 de maio da Desperta foi enviada com a data correta, mas dizendo que o dia da semana era sexta-feira. Hoje, sim, é sexta! Bom fim de semana a todos.