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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Obra hospitalar mais rápida do Brasil é inaugurada em Porto Alegre

Anexo do Hospital Independência tem 60 leitos 100% SUS

Primeiros pacientes devem ser admitidos no dia 15 de junho

Primeiros pacientes devem ser admitidos no dia 15 de junho | Foto: Guilherme Almeida


Um importante aliado no combate ao novo coronavírus em Porto Alegre, o anexo do Hospital Independência com 60 leitos foi entregue nesta sexta-feira. A obra, uma iniciativa da Gerdau, Ipiranga, Grupo Zaffari e Hospital Moinhos de Vento em parceria com a prefeitura, foi viabilizada com um investimento privado de R$ 10,4 milhões e empregou modernas técnicas de construção. Os leitos estão distribuídos em dois andares do prédio que tem cerca de mil metros quadrados e levou 30 dias para ficar pronto, o que fez do empreendimento a mais rápida obra hospitalar já realizada no Brasil. A operação do espaço ficará a cargo do hospital, pertencente à Rede de Saúde Divina Providência, mas será totalmente dedicada ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os primeiros pacientes deverão ser admitidos já no dia 15 de junho, após um período de preparação mais específica para iniciar o atendimento.

Para ficar pronto em um prazo tão curto, foi utilizada técnica de construção modular, criada pela construtech catarinense Brasil ao Cubo, que permite entregar obras em caráter definitivo e com velocidade quatro vezes maior que uma construção comum. Essa técnica consiste no encaixe de módulos individuais, produzidos em fábrica e, então, montados no local, como peças de um jogo. O trabalho contou com a força de 300 trabalhadores e que atuaram 24 horas por dia, mesmo durante os períodos chuvosos do mês de maio. “Era previsto fazer em 35 dias, mas conseguimos quebrar o recorde de uma outra obra, que já tínhamos feito em São Paulo. Três frentes atuaram lá em Tubarão (SC), nossa sede, duas em Araucária (PR) e uma aqui em Porto Alegre. E a logística rodava durante a noite. Assim conseguimos encurtar os prazos”, detalhou o engenheiro e diretor da construtora, Jonathan Degani.

Além do aporte financeiro, algumas empresas participaram diretamente e de forma colaborativa, o que deu ao projeto ainda mais eficiência. A Gerdau fez a coordenação técnica, forneceu o aço e contribuiu com o seu amplo conhecimento em metodologias ágeis e montagem de estruturas metálicas. Já a Ipiranga aportou recurso na gestão e coordenação do projeto. O Hospital Moinhos de Vento, por sua vez, além de disponibilizar seu know how para a execução do projeto, está fornecendo os materiais, medicamentos e utilidades necessários para o custeio da operação. “É com muita gratidão e orgulho que estamos recebendo este anexo. Um projeto novo sob o ponto de vista da tecnologia e também pela forma como conseguiu congregar estas organizações de tamanha credibilidade para construir este legado para a cidade de Porto Alegre”, agradeceu o diretor de Propósito e Desenvolvimento da rede Divina Providência, Mario Jaeger.

Com o funcionamento do novo anexo, o Hospital Independência passa a integrar a estratégia de combate à Covid-19 na Capital. Em um primeiro momento, admitindo pacientes em suporte aos hospitais referência para a doença em Porto Alegre. Segundo Jaeger, o contrato com o município prevê, pelo menos, cinco meses de atendimento para a doença, podendo ser prorrogado. Depois passará a integrar rede pública de saúde na área de traumato-ortopedia. “O Hospital Independência quando assumiu esta obrigação de atender traumato-ortopedia, herdou uma fila de espera de cinco anos. Hoje, depois de quatro anos, está em cinco meses. Isso, no antigo modelo, com 100 leitos. Agora com o acréscimo destes, poderemos chegar a zero na fila, o que é um feito inédito”, adiantou o diretor. Para o atendimento dos pacientes, o hospital contratou mais 100 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Para o prefeito Nelson Marchezan, a entrega da unidade chega em boa hora, já que os números de casos e de ocupação das UTIs da cidade estão em elevação. “É importante ter a consciência de que o número de casos vai aumentar porque vamos aumentar nossa capacidade de testagem, ficando bem acima de outras cidades. Mas o que não podemos admitir é que por qualquer motivo, por Covid ou qualquer outra causa, é que morram em Porto Alegre pessoas sem atendimento. E este diferencial é a estrutura hospitalar”, defendeu. 

União de forças

Para o CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, a ação está alinhada aos valores fundamentais do instituição, como o compromisso com a comunidade e a união para salvar vidas. “Estamos tratando da gestão do projeto desde o início. Atuaremos enquanto perdurar a parceria com o apoio direto do Hospital Moinhos de Vento. Ficamos felizes de fazer parte da parceria e deixar esse legado para Porto Alegre, como fizemos com o Hospital da Restinga e Extremo-Sul”, apontou Mohamed.

“O Momento pede colaboração e união. Por isso nos unimos a outras empresas e instituições na busca de soluções que fiquem de legado para a sociedade. A entrega desse centro de tratamento em Porto Alegre, cidade que deu origem a Gerdau, em tempo recorde na história do país, comprova que juntos podemos moldar um futuro melhor”, afirmou o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck.

“Esperamos que a dedicação de todas as partes, comprometidas na entrega dos leitos em tempo recorde, possa transmitir mais esperança na superação dessa crise e no futuro pós-pandemia”, disse o presidente da Ipiranga, Marcelo Araujo. “Para nós do Grupo Zaffari, ter participado dessa parceria bem-sucedida, que agora entrega um recurso fundamental para a saúde da população gaúcha, vem ao encontro da nossa missão de servir a comunidade e estabelecer relações de confiança”, afirmou o diretor-superintendente Claudio Zaffari.


Correio do Povo

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