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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Maio termina com movimento fraco para taxistas em Porto Alegre

Nem a retomada das atividades representou aumento do número de passageiros

Maior concentração de táxis na Capital, Rodoviária tem público muito baixo

Maior concentração de táxis na Capital, Rodoviária tem público muito baixo | Foto: Gabriel Guedes


No começo do mês, taxistas relatavam movimento muito fraco de passageiros. Com a retomada de algumas atividades após as medidas mais duras contra a Covid-19, se esperava que a situação melhorasse de forma significativa. Entretanto, segundo a categoria, houve pouco avanço. “Continua fraco. Deve ter melhorado uns 5%, mas não mais do que isso. Está indo, mas muito devagar. Praticamente não mudou muito em relação ao começo do mês”, estima o diretor administrativo do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre, Adão Ferreira de Campos.

Na Estação Rodoviária, local que mais concentra a frota de táxis na Capital, há até quem ache que o movimento reduziu. “Cheguei às 7 horas e arranquei para a primeira corrida às 9h40. Acho até que tem menos passageiros que no começo do mês”, compara Paulo Meyer, 68 anos, motorista há 20 anos. O que tem salvo a jornada algumas vezes são os convênios com empresas. “É esperar a crise passar e ter muita paciência”, recomenda.

“Mudou muito pouco. Agora temos um pouco mais de movimento nos extremos do dia, mas no restante do período, fico na fila por pelo menos umas três horas até fazer uma corrida”, relata o taxista Morgan Mattos, 55 anos. “Até fevereiro eu fazia umas 20 corridas por dia. Agora são quatro ou cinco em um intervalo de até 14 horas na rua”, contabiliza.

Se na Rodoviária o movimento fraco está atrelado também à baixa demanda de passageiros do transporte intermunicipal e interestadual, segundo Campos, nem em outros locais os profissionais estão a salvos. “Mesmo o pessoal que tem pontos em mercados, caiu bastante o movimento. Hospitais também tiveram uma queda grande, por causa do cancelamento de consultas e procedimentos agendados”, aponta o diretor administrativo do Sindicato.

Movimento também é fraco no Aeroporto

Com a baixa demanda de passageiros no transporte aéreo, os taxistas do Porto Alegre Airport também têm sentido ainda mais os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus. Em dezembro, o terminal tinha, em média 229, voos diários, entre chegadas e partidas. Neste mês, foram cerca de 14 operações diárias com os aeroportos de Rio de janeiro, Campinas, Brasília e São Paulo. Desta maneira, a disputa pelos passageiros se tornou ainda pior e alguns taxistas têm amargado até 17 horas sem fazer uma corrida. Mas a situação poderá melhorar um pouco em junho, quando estão previstos retornos de mais alguns voos na Capital.

Alguns profissionais chegam a aguardar 17 horas por passageiros. Foto: Guilherme Almeida

“Eu fazia umas dez corridas por dia. Agora, no máximo, umas duas. Ontem (quinta-feira) fiz uma só e rendeu só 29 reais”, conta o taxista Anaurelino Camargo, 64 anos. Segundo ele, com os poucos passageiros e os voos mais espaçados, a disputa com os motoristas de aplicativo ficou mais acirrada. “Antes nem todos os passageiros conseguiam usar o serviço e aí nos procuravam. Mas agora, nem isso”, se queixa. “Eu nunca vi nada igual. Antes a gente até tinha viagens mais longas, mas agora alguns até têm optado fazer de ônibus. Deve ser esta crise”, acredita Pedro Zaluar de Oliveira, 61, que trabalhar há 35 anos no ponto do Aeroporto. 

Conforme a Fraport, que administra o Porto Alegre Airport, junho deverá ter 23 operações de pouso e decolagem, o que já significa a expectativa de um pequeno aumento no volume de passageiros transportados. “O pessoal do Aeroporto está em uma situação mais crítica. Sentem mais, por causa da falta dos voos. Mas se retomar alguma coisa, isso aí já ajuda”, aguarda o diretor administrativo do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Adão Ferreira de Campos. Segundo ele, a categoria que atua no local fatura 20% do que se ganhava antes da crise. “O taxista é um autônomo e se não for esperando o passageiro, não tem nem de onde tirar dinheiro”, conclui Campos.


Correio do Povo


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