Bolsonaro completa 500 dias: o que mais governos podem fazer contra crise?

O dólar cada vez mais perto de 6 reais segue sendo um dos pontos de atenção dos investidores no Brasil nesta sexta-feira. A Desperta destaca ainda o processo de adaptação dos shopping centers, os 500 dias do governo Bolsonaro e a reabertura da Alemanha. Boa leitura.

Dólar: chegar a 6 reais é questão de tempo, dizem analistas | REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

1 - ATÉ ONDE VAI O DÓLAR

Com valorização acumulada de 45% no ano, o mercado financeiro já não se pergunta “se” o dólar vai superar os 6 reais, mas apenas “quando”. No pregão de quinta-feira, 14, a moeda chegou a ser negociada por 5,9725 reais e o movimento de alta só resfriou quando o Banco Central anunciou que iria fazer um leilão de cerca de 1 bilhão de dólares em contratos de swap. Um dos motivos para o enfraquecimento do real é a taxa básica de juros em mínima histórica de 3% ao ano, tornando títulos públicos menos atrativos a estrangeiros. A situação política e fiscal brasileira, agravada pelo coronavírus e alta nos casos no país, também contribui. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegaríamos aos 5 reais se fosse feita “muita besteira”. Quando disse a frase, em 05 de março, o dólar nunca havia ultrapassado os 4,70 reais, o Brasil só tinha oito casos de coronavírus confirmados e Sergio Moro e o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta estavam no governo. “Tenho certeza que um dia – pode ser hoje ou daqui duas semanas – o dólar vai bater 6 reais”, afirmou Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti. Bancos como o Credit Suisse já projetam a moeda brasileira em 6,20 reais.

2 - 500 DIAS SEM COMEMORAÇÃO

Nesta sexta-feira, 15, o presidente Jair Bolsonaro completa 500 dias de governo num clima que, claro, não está para celebrações. O país segue na escala em número de casos e de mortes por coronavírus — foram 884 vítimas ontem, chegando a 13.993. Mas a grande expectativa para hoje é sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello sobre a divulgação do vídeo de uma reunião ministerial ocorrida em abril. Outras ações de combate à pendmia ficaram em segundo plano. Um projeto de socorro aos estados de 125 bilhões de reais aprovado pelo Congresso ainda tem pontos soltos a serem analisados por Bolsonaro, como reajuste a servidores. As previsões são de recuo de 6% do PIB brasileiro em 2020. Na pauta de estímulos ao consumo e ao investimento no país estão novos cortes de juros e ações mais efetivas para que o dinheiro efetivamente chegue na ponta. Um programa de manutenção de emprego com flexibilização da folha só desembolsou 1,5 bilhão de reais de 40 bilhões previstos, conforme revela hoje o jornal O Estado de S. Paulo. Até onde o governo pode ir para segurar os efeitos econômicos da pandemia é um dos temas em debate nestes 500 dias.

3 - TESTES EM SP

A testagem do novo coronavírus ganha um fôlego importante a partir desta sexta-feira, 15, com um novo programa do governo do estado de São Paulo. A meta é realizar 1 milhão de testes, metade comprado pelo Instituto Butantan e metade vinda do Ministério da Saúde. José Henrique Germann, secretário de saúde de São Paulo, disse que a estratégia de testagem será o grande tema de hoje na coletiva de imprensa que sua equipe faz diariamente. Todos os países que tiveram sucesso em conter as ondas da doença o fizeram por meio de estratégias de testagem ampla seguida de rastreamento e isolamento daqueles que tiveram contato com o infectado, como mostra a última reportagem de capa da EXAME. Ainda estão pouco claras as estratégias para testes em massa em todo o Brasil. Segundo o site World o Meters, que compila dados mundiais, o Brasil ocupa a 110ª posição entres países e territórios que mais testam a cada 1 milhão de habitantes.

4 - ALEMANHA TENTA RETOMADA

Depois de dois meses fechadas, as fronteiras da Alemanha serão parcialmente reabertas a partir deste sábado, 16. Os pontos de controle ainda continuarão funcionando, mas o governo vai permitir entrada de cidadãos vizinhos que tenham razões válidas (como visitar parentes). A decisão do governo alemão é um alívio para a economia dos estados alemães localizados nas fronteiras. Essas regiões costumam ter fortes ligações com as cidades próximas que ficam nos países vizinhos. A meta do governo alemão é liberar totalmente a circulação em 15 junho caso a epidemia esteja controlada. O número de casos vem caindo gradualmente. O país registrou na quinta-feira 927 novos casos (o Brasil teve mais de 13.000 novos casos). A Alemanha tem 174.000 casos e 7.884 mortes e já foi ultrapassada pelo Brasil em número de casos e vítimas. Também nesta sexta-feira, o governo divulgou que o PIB alemão caiu 2,2% no primeiro trimestre, a maior queda trimestral desde 2009 e que coloca a maior economia da Europa em recessão, agora oficial.

5 - A NOVA ROTINA DOS SHOPPINGS

Uma importante encomenda da China chegará hoje aos 29 shopping centers operados no mercado brasileiro pelo grupo brMalls: um primeiro lote de 52 câmeras com sensor infravermelho para medir a temperatura corporal. O equipamento pode identificar ao mesmo tempo se uma ou mais pessoas estão com febre, um dos sintomas mais comuns da covid-19. Uma segunda leva chega em junho. A ideia é que cada shopping da rede disponha de pelo menos três desses termômetros. Por enquanto, quatro deles estão de volta às atividades. No Brasil, dos 577 shopping centers, 70 estão abertos, com prejuízo estimado de 25 bilhões de reais. Os poucos operando voltaram com uma rotina diferente, com 23 medidas de higienização elaboradas pela Abrasce, a entidade do setor. O fluxo também deve (e precisará) ficar abaixo do normal. “As pessoas vão valorizar mais as cadeias sustentáveis, comprar mais localmente”, disse em entrevista à EXAME Jereissati Filho, presidente do Grupo Iguatemi.

Mesmo com 80% das lojas fechadas, a Via Varejo teve alta de 10% no faturamento em maio até o dia das mães, disse o presidente Roberto Fulcherberguer à coluna EXAME IN (inscreva-se gratuitamente e receba antes as informações exclusivas). A Gilead, americana fabricante do remdesivir, que vem sendo testado contra a covid-19, abriu mão da patente em 127 países, mas ainda não incluiu o Brasil. A B3 teve lucro histórico de 1 bilhão de reais no primeiro trimestre. Mas o diretor financeiro da casa avisou que a alta foi “fora do comum” com volatilidade e alto número de transações na pandemia. A Petrobras decidiu por colocar no balanço premissas de longo prazo com preço menor do petróleo Brent, o que levou a um prejuízo líquido de 48,5 bilhões de reais no primeiro trimestre. O coronavírus pode ser uma oportunidade para "agitar a consciência social de Wall Street" e fazer investidores e empresários olharem com mais atenção para empresas que prezam pelo bem-estar social, do meio-ambiente e dos funcionários, escreve a Reuters (em inglês). A responsável por operações da EXAME, Victoria Auada, reúne toda semana algumas informações positivas em um vídeo no Instagram batizado de "Boas Novas". Assista aqui.

exame.talks Às 12h - Carlos Guerra, presidente do Grupo Giraffas O fast food em tempos de coronavírus No horário acima, assista na página inicial do site ou no YouTube.

Agenda Banco Central: Índice de atividade econômica (IBC-Br) (9h) IBGE: Pnad contínua trimestral e taxa de desemprego (9h) EUA: Fed divulga produção industrial de abril (11h15) Resultados, antes do fechamento dos mercados: JBS, Ser Educacional, Depois do fechamento: Eneva, Even

Bolsa Na quinta-feira, 14 Ibovespa / +,159% S&P 500 / +1,15% Dólar / 5,81 reais (-1,37) Na sexta-feira, 15 (encerrado) Xangai (China) / -0,01% Hong Kong / -0,14% Nikkei (Japão) / +0,62% Abertas (às 7 horas) FTSE 100 (Reino Unido) / +0,90% DAX (Alemanha) / +1,96% Petróleo (às 7 horas) WTI / 28,06 dólares (+1,81%) Brent / 31,75 dólares (+1,99%)

As letras de música do Racionais MC's serviram de inspiração para que a economista Gabriela Mendes Chaves desenvolvesse um método que ensina finanças pessoais com a discografia do grupo. Gabriela já trabalhou na empresa que deu origem à B3 e é fundadora da escola NoFront- Empoderamento Financeiro, que já deu aula para mais de 2.500 pessoas. Seu objetivo é fazer com que a educação financeira chegue a todos. Confira a história da economista na EXAME.

Gabriela Mendes: após trabalhar no mercado financeiro, a economista fundou uma escola para ensinar finanças | Divulgação