Ministro da Saúde também salientou que pasta vai retomar foco em outras áreas que ficaram relegadas na pandemia
Em sua primeira coletiva na posição de ministro da Saúde, Nelson Teich se dirigiu à imprensa nesta quarta-feira para apresentar como sua equipe irá trabalhar nos próximos meses. Apesar de mostrar-se preocupado com a pandemia de Covid-19, que já deixou 2.905 mortes no país, Teich joga luz à outra parte da população, que ainda não está infectada pelo vírus. “É fundamental que a gente não esqueça as outras pessoas. O que está acontecendo na saúde suplementar?”, exemplificou. O plano de atuação do ministro na pasta terá três pilares: informação, infraestrutura e abertura para que estados e municípios criem suas diretrizes.
Para ele, ao virar os holofotes para ao combate da pandemia, o governo está contribuindo para que os hospitais tenham uma “demanda reprimida gigante” de pacientes com outras doenças. Segundo o ministro, “não está acontecendo o movimento explosivo” de coronavírus no país. Com um entendimento otimista frente ao cenário epidemiológico, o ministro classificou o Brasil como um dos países que apresenta melhor “performance” em relação à pandemia.
No âmbito da informação, Teich apresentou a criação de um banco de dados para amparar uma “decisão de forma mais estruturada e sólida”. Em relação à estrutura, o chefe da pasta quer pensar estratégias de sobrevivência aos hospitais após o fim da pandemia.
Já o terceiro pilar apresentado desenha uma abertura para que estados e municípios possam criar suas próprias diretrizes aos programas de isolamento social, entre outros ligados à Covid-19. Segundo o ministro, é preciso entender que "o Brasil é absolutamente gigante e heterogêneo" o que exige orientações de acordo com cada região em relação ao distanciamento social como forma de evitar a disseminação do coronavírus.
Ele prometeu para a próxima semana a divulgação de diretrizes customizadas, com projeções do próprio Ministério da Saúde, para auxiliar governadores e prefeitos na tomada de decisões. Por fim, Nelson Teich confirmou que o general Eduardo Pazuello será seu secretário-executivo na pasta. “A impressão que tenho é que temos que ser mais eficientes. E ele é muito isso. Temos uma corrida contra o tempo”, concluiu.
Projeções
Durante a coletiva, o ministro ainda minimizou as projeções matemáticas da evolução de casos e mortes da Covid-19.
Ele citou, como exemplo, negativo um estudo publicado por pesquisadores do Imperial College London, no Reino Unido, que apontava que se não fossem adotadas medidas de distanciamento social, as mortes por Covid-19 no Brasil poderiam superar 1 milhão.
"Se você pegar, por exemplo, o número que veio, que foi o que mais assustou, que foi o do Imperial College, que 1,15 milhão de pessoas morreriam no Brasil, mas com algum tipo de cuidado específico, cairia para 44 mil. Isso é impossível: não tem medida que caia de 1,15 milhão para 44 mil", destacou.
R7 e Correio do Povo
Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 183.820 mortos e 2.639.243 contaminados no mundo e 2.906 mortos e 45.757 contaminados no Brasil.
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A CURVA ESTÁ ACHATANDO?
Os dados mais recentes de casos e mortes pelo novo coronavírus no Brasil indicam que a curva foi achatada? Especialistas ouvidos por VEJA acreditam que, embora não seja possível uma conclusão definitiva, é provável que sim. Mesmo levando em conta a subnotificação, eles destacam a queda na curva de síndrome respiratória aguda grave. "Reflete a diminuição na taxa de contágio, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro", diz Julio Croda, da Fiocruz. O infectologista Bruno Scarpellini, porém, alerta: "Aparentemente estamos melhor do que outros. Mas já vimos países que afrouxaram a conduta e tiveram disparada de casos, como Suécia, Japão e Coreia do Sul". Ou seja, não é hora de relaxar.
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CALAMIDADE NO NORTE
Após o dramático relato do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, sobre o impacto da Covid-19 na capital amazonense – a epidemia colocou a cidade em estado de calamidade, a média de sepultamentos diários subiu de 30 para mais de 100 e já não há leitos suficientes para atender os pacientes –, o governador do Pará, Hélder Barbalho, alertou para o risco de Belém estar no mesmo caminho. O estado já tem 91% dos leitos de UTI ocupados e, segundo o político, há prontos-socorros "não mais recebendo pacientes". Pensando nisso, o governo estadual lançou a campanha "fique em casa". De acordo com o Ministério da Saúde, o Amazonas tem 2.479 casos e 207 mortes e o Pará, 1.195 diagnósticos positivos e 43 óbitos.
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O 'PLANO MARSHALL' DO GOVERNO
Com a coordenação do ministro da Casa Civil, general Braga Netto, o projeto do governo de resgate econômico após o pico da pandemia faz lembrar o Plano Marshall, pós-II Guerra Mundial. Segundo o primeiro rascunho, ao qual VEJA teve acesso , o governo acredita que o investimento público em infraestrutura é uma das formas de retomar o crescimento. A estratégia desenvolvimentista vai contra a filosofia liberal de Paulo Guedes. O ministro da Economia acredita que o caminho da reabilitação passa por privatizações. Entre os dois projetos, Bolsonaro parece já ter feito sua escolha. É o fim da hegemonia do Posto Ipiranga na política econômica?
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ESTRATÉGIAS DE ABERTURA
São Paulo, estado mais atingido pelo novo coronavírus (15.914 casos e 1.134 mortes), começa a planejar a abertura gradual da economia, que será feita a partir de 11 de maio. O governador João Doria afirmou que o fim da quarentena vai levar em conta "situações locais", com base em "saúde, medicina e ciência". Em entrevista a VEJA, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, detalhou os planos de flexibilização do isolamento no estado, que tem 1.283 casos e 47 óbitos até o momento. Os prefeitos terão a palavra final. Em âmbito nacional, o ministro da Saúde, Nelson Teich, revelou que lançará uma diretriz customizada para ajudar os estados a guiarem suas medidas de isolamento.
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CORRIDA PELA VACINA
A Alemanha autorizou os primeiros testes em humanos de uma possível vacina contra o novo coronavírus. Ainda não há uma data para o início da pesquisa, mas já se sabe que 200 voluntários saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos, devem participar da primeira etapa, que durará de três a cinco meses. Além da empresa alemã, outras quase 80 instituições estudam, desde o início de abril, possíveis imunizações contra o vírus e cinco já realizam testes em pessoas – a sexta virá do Reino Unido, que começa os testes nesta quinta-feira. Na corrida pela vacina contra a Covid-19, a torcida é por todos.
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