Ex-ministro da Justiça considerou ofensivo ato que terminou com exoneração de diretor-geral da PF
R7 e Correio do Povo
Sergio Moro não é mais ministro da Justiça. Com um discurso forte, permeado por revelações importantes, o anúncio da saída foi feito nesta sexta-feira, em Brasília, horas depois da confirmação da demissão do diretor-geral da Polícia Federal. Moro é o segundo ministro a deixar o governo federal em pouco mais de uma semana.
O discurso de saída de Sergio Moro começou elencando os seus principais feitos à frente da pasta do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a exemplo do que então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez na sua manifestação de despedida.
Aos poucos, Moro começou a deixar claro que já não era mais bem-vindo no cargo de ministro da Justiça, com sinalizações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. A principal questão citada por ele foi a autonomia da Polícia Federal e a razão para uma troca na diretoria-geral.
O agora ex-ministro disse que, desde o segundo semestre do ano passado, "o presidente passou a insistir na troca do diretor-geral da PF".
"Não tenho nenhum problema, mas eu preciso de uma causa relacionada a uma insuficiência de desempenho, erro grave [...] No geral, é um trabalho bem feito. Várias dessas operações importantes, de combate ao crime organizado e a corrupção, [...] o trabalho vinha sendo feito".
Moro completou dizendo que "não é questão do nome, há outros delegados igualmente competentes. O grande problema é que haveria uma violação à promessa que me foi feita, de ter carta branca, não haveria causa e estaria havendo interferência política na PF, o que gera abalo na credibilidade".
No começo do ano, o presidente disse que estudava a recriação do Ministério de Segurança Pública, o que tiraria o comando da Polícia Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os três órgãos mais importantes, da pasta de Moro.
Em agosto do ano passado, o presidente disse que o diretor da PF era subordinado a ele e não a Moro, sinalizando que pretendia trocar o comando.
Valeixo foi indicado por Moro para a direção-geral da PF ainda em novembro de 2018, durante a transição presidencial. Ele era superintendente da Polícia Federal no Paraná, onde, assim como Moro, atuou na Operação Lava Jato.
Nome preferido
Jornais do centro do país indicam que o atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Oliveira, homem de confiança de Bolsonaro, pode ser o novo ministro da Justiça. Oliveira é ex-policial militar e advogado.
Jorge Oliveira também foi assessor jurídico do então deputado federal Jair Bolsonaro e chefe de gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro. Em 1 de janeiro de 2019, assumiu a subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República no governo Bolsonaro. No dia 21 de junho de 2019, assumiu a função de ministro-chefe da Secretaria Geral.
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