quinta-feira, 9 de abril de 2020

Protesto de cegonheiros pede afrouxamento de isolamento social no RS

Mobilização visa chamar atenção para as necessidades da categoria, que reúne 2,4 mil profissionais

Dezenas de cegonheiros participaram da carreata, que saiu da ERS 118, em Gravataí

Com queda de 65% no transporte de veículos registrada em março em função da pandemia do novo coronavírus, o Sindicato dos Cegonheiros do Rio Grande do Sul (Sintravers) mobilizou a categoria na tarde desta quarta-feira para um buzinaço na zona Norte de Porto Alegre e na Região Metropolitana. 
Dezenas de cegonheiros participaram da carreata, que saiu da ERS 118, em Gravataí, e pediram afrouxamento do isolamento social no Rio Grande do Sul. Além das perdas do último mês, o grupo alerta que os trabalhadores enfrentam situação complicada em função da parada de produção da General Motors (GM) no Estado e a consequente redução na demanda por transporte de veículos.
Ao classificar as autoridades estaduais e municipais como 'irresponsáveis' por adotarem medidas de isolamento social, o presidente do Sintravers, Jefferson Casagrande, diz que a mobilização visa chamar atenção para as necessidades da categoria, que reúne 2,4 mil profissionais. "Cegonheiro é transporte exclusivo, a carreta só pode transportar veículos, não pode fazer outro tipo de cargas. A GM parou 100% e estamos à beira da falência", advertiu. 
Apesar de reconhecer a necessidade de respeitar as medidas de isolamento, Casagrande afirma que é preciso flexibilizar a abertura do comércio. "As autoridades estaduais e municipais estão agindo com irresponsabilidade, o povo vai morrer de fome", afirmou.
Durante o protesto, que passou ainda por Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul e Canoas, houve quem buzinasse em apoio à categoria. "A pandemia é mais importante, concordo, a saúde também, mas é preciso agir com responsabilidade. O que está acontecendo hoje é mais política do que qualquer outra coisa, as autoridades não estão preocupadas em proteger cidadão, querem se promover politicamente", criticou. 
Para Casagrande, a categoria vai levar um ano para absorver o impacto de 30 dias parada. "É preciso afrouxamento do isolamento, se não houver isso vai haver falência geral, do comércio e de prestadores de serviço", frisou.
Acostumado a fazer em média, por mês, entrega de 45 veículos para São Paulo e Argentina, Casagrande viu minguar o serviço durante a pandemia de coronavírus. Ele garante que os trabalhadores teriam pauta enorme de reivindicações ao governo gaúcho, mas não vão pedir nada.
"Não vamos fazer política, fazer 'pedidinho' para o governo, que não tem nem como pagar funcionalismo público. Temos que fazer por nós, queremos trabalho para sustentar família", explicou. "Por que não fecharam pedágios, por exemplo, que é um foco de transmissão de coronavírus porque lida com dinheiro", completou. 

Correio do Povo

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