Crise do Coronavírus é tratada como "período único na história da empresa"
Crise do Coronavírus preocupa estatal | Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / Divulgação / CP
Crise do Coronavírus preocupa estatal | Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / Divulgação / CP
Diante da crise do novo coronavírus, a Petrobrás anunciou ontem novo corte de produção, que agora atinge também as refinarias. Ao todo, 200 mil barris de petróleo vão deixar de ser extraídos diariamente, quase 10% do desempenho médio da companhia em 2019. Em carta aos funcionários, a empresa destacou que, a depender do cenário, deve anunciar novas medidas de redução de gastos.
Para a direção da Petrobrás, a situação é drástica e as consequências, imprevisíveis. A empresa já vem sendo atingida pela queda da cotação do petróleo, que está na casa dos US$ 20. A avaliação interna é que esse é um período único na história da empresa, pois, pela primeira vez, a estatal enfrenta um cenário em que não só a demanda caiu, como a produção mundial aumentou.
"Por isso, não podemos considerar que estamos enfrentando uma crise passageira. (...) Precisamos agir rápido para preservar nossa companhia", afirma o comunicado. "Avaliamos todas as alternativas possíveis para a preservação do nosso caixa." Além de cortar a produção, a companhia vai injetar menos combustíveis no mercado. Há dias vem conversando com as distribuidoras, que pedem a revisão de contratos.
A Petrobrás admite que o consumo médio no Brasil foi reduzido à metade. Mas, segundo fontes de dentro da empresa, em alguns casos, a retração é ainda maior - como da gasolina, de 60%, e do querosene de aviação, de 90%. Uma consequência previsível é que, se a situação continuar crítica como agora, a estatal terá de parar algumas refinarias. "Existe muita incerteza à frente, com a redução de veículos nas estradas, avião parado nos aeroportos. Enquanto estivermos nesse ciclo de parada geral, todo mundo vai reduzir produção", avalia analista da Mirae Asset Pedro Galdi.
Para o analista da INTL FCStone, Thadeu Silva, o barril pode chegar a US$ 16 até que o mercado atinja um equilíbrio. Com isso, muitas operações vão ficar economicamente inviáveis. "O corte de produção faz muito sentido à medida que o preço da commodity e o consumo caem. Com a pandemia, ninguém sai de casa e o consumo acaba sendo apenas dos caminhoneiros", diz o analista Renan Sujii, da Harrison Investimentos.
Além de mexer na área operacional, a Petrobrás reduziu também o gasto com os empregados. De algumas chefias, foram retidos salários na proporção de 10% a 30%, que vão ser pagos no futuro. Para funcionários da área operacional, a remuneração mensal foi reduzida em 25%, enquanto estiver valendo o novo turno de seis horas, em vez de oito horas.
Também houve mudança no regime de trabalho. Muitos funcionários vão passar a atuar do mesmo modo que o pessoal da área administrativa. Com isso, é possível que deixem de receber adicionais noturnos, por confinamento e periculosidade, equivalente a cerca de metade dos ganhos, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP). O sindicato reclama por não ter sido consultado e avalia uma resposta à empresa.
Agência Estado e Correio do Povo
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