sexta-feira, 24 de abril de 2020

Não está claro que houve violação constitucional, diz FHC sobre impeachment de Bolsonaro

Para ex-presidente, governo terá de contrair dívida para financiar a retomada econômica

Para ex-presidente, governo terá de contrair dívida para financiar a retomada

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso criticou nesta quinta-feira o posicionamento de forças políticas que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Em "live" promovida pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), ele afirmou que não está claro que Bolsonaro tenha infringido a Constituição Federal.
"Disseram que eu estava conspirando com o Rodrigo Maia presidente da Câmara dos Deputados, mas eu não vejo o Maia há anos. Não está claro que tenha havido infringência constitucional. Eu não votei no Bolsonaro, mas a população votou no Bolsonaro, ele está aí", disse FHC.
O tucano disse, ainda, que será necessária coesão entre as lideranças políticas do País para enfrentar a crise do coronavírus e para transformar as instituições. "Precisaremos de estadistas, de coesão, não de disruptura. Nós precisamos ter paciência histórica, entender que as coisas levam tempo", disse o ex-presidente.
Para ex-presidente, governo terá de contrair dívida para financiar a retomada
Fernando Henrique Cardoso avalia que o governo federal terá de contrair dívida para financiar a retomada da economia com a saída da crise do coronavírus. Durante a “live” da Abitrigo, FHC afirmou que é natural esperar crescimento da dívida pública e que o País vai precisar de financiamento internacional.
"Esse governo foi eleito querendo implantar um programa ortodoxo, mas infelizmente a gente não faz o que quer no governo, faz o que pode. Agora, vai ter de gastar, vai ter de fazer dívida. E vamos precisar de ajuda internacional, porque não temos recursos suficientes no Tesouro", afirmou FHC.
Para o ex-presidente, a situação no mundo é negativa para o acesso a financiamento internacional, principalmente devido à posição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de "America First (Estados Unidos primeiro)."
"Se os americanos - e quando falo americanos estou falando também do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Bird (Banco Mundial) - não entrarem, a China vai ter de entrar", disse FHC.

Agência Estado e Correio do Povo


Até o momento, a pandemia do novo coronavírus já deixou 190.985 mortos e 2.716.917 contaminados no mundo e 3.313 mortos e 49.492 contaminados no Brasil.

A GRANDE APOSTA
Foi por meio de um estudo vazado nas redes sociais que o remdesivir, remédio já usado nas epidemias de Mers e ebola, surgiu como esperança de cura para pacientes com Covid-19. Como mostra reportagem de capa de VEJA desta semana, os primeiros estudos internacionais, embora inconclusivos, dão fortes sinais rumo a um tratamento eficaz da infecção causada pelo novo coronavírus. Em um teste realizado com 125 doentes nos EUA, muitos tiveram a febre diminuída rapidamente, alguns saíram dos ventiladores no dia seguinte e dois morreram. Em paralelo a isso, a corrida por uma vacina continua. Matéria de VEJA revela que atualmente 70 vacinas estão em desenvolvimento pelo mundo. Pesquisadores ingleses apostam até em um imunizante já em setembro.
 


UTIs EM ALERTA
O prefeito Bruno Covas revelou que São Paulo tem 70% dos leitos de UTI ocupados. No estado, a taxa de ocupação está em 55%. Para aumentar o número de vagas, a prefeitura criou, até o momento, 2.000 mil novos leitos e outros dois hospitais serão entregues em breve. No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel decidiu adiar a flexibilização da quarentena. O político quer a abertura de mais 30% de novas vagas de leitos, o que deve acontecer após a inauguração dos nove hospitais de campanha em construção, para relaxar o isolamento. Nos bastidores, porém, a previsão é que a partir de 11 de maio comece a flexibilização, quando Witzel acredita que três hospitais estarão em pleno funcionamento.


PANDEMIA ELEITORAL
Jair Bolsonaro e outros importantes políticos de Brasília demonstram insensibilidade e maior preocupação com seus cargos do que com a crise sanitária que atinge o país. Matéria de VEJA desta semana mostra que no momento em que se espera que o presidente seja um líder e unifique os esforços destinados a atenuar os efeitos da pandemia, ele infla seus apoiadores para atacar Rodrigo Maia e impedir a abertura de um processo de impeachment. O deputado, por sua vez, também guiado por interesses pessoais, age nos bastidores para mudar as regras e tentar se reeleger como presidente da Câmara em 2021. Enquanto isso, a Covid-19 avança.


O DRAMA DOS SEM-TETO
Em meio à pandemia, ao menos 800 milhões de pessoas em todo o mundo não têm como cumprir a principal recomendação no momento: ficar em casa. Os moradores de rua são um desafio aos governos por estarem expostos à rápida infecção e serem potenciais vetores da doença. Brasil, EUA, Inglaterra, França, Itália, África do Sul e Argentina são alguns dos países que buscam soluções para esta população, como utilizar estacionamentos e centros esportivos para abrigá-los. "Diante dessa pandemia, a falta de acesso a moradias adequadas é uma sentença de morte em potencial para as pessoas que vivem em situação de rua", ressalta Leilani Farha, relatora do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH).


CONSUMO PREOCUPANTE
Mesmo com os bares e restaurantes fechados, as reuniões de amigos não deixaram de existir. Pessoas de todo o mundo continuam se "encontrando" em chamadas de vídeo para conversar e consumir bebidas alcoólicas em happy hours virtuais. Mas nem tudo são flores. Matéria de VEJA desta semana mostra que a Organização Mundial da Saúde já demonstrou preocupação com a bebedeira exagerada durante o confinamento diante do aumento da venda de bebidas pelo mundo, confirmada por números também no Brasil. Além disso, vale lembrar também que, ao contrário do que propagam algumas fake news, ingerir líquidos com alto teor alcoólico não mata o coronavírus.

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