Prefeitura estuda liberação gradual de atividades econômicas
Correio do Povo
Em relação ao contexto atual do coronavírus em Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan Júnior evita definir as decisões como certas ou erradas, mas, com base em referências como a ocupação dos leitos de UTI, número de óbitos e número de casos confirmados, ele afirma que a Capital “tomou a decisão certa”. “A princípio, pelas evidências de curto prazo que temos, Porto Alegre tomou a decisão certa e o que é mais importante nessa questão de vírus que foi no prazo certo. Parece que estamos no caminho adequado”, define.
Marchezan reitera que, diariamente, as equipes da Prefeitura buscam referências e realizam comparações com outras capitais do Brasil e outras cidades do mundo. Segundo ele, o número de pessoas contaminadas é uma referência que perde importância como dado de decisão quando ninguém testou o número suficiente para ter esses dados. “Não testamos o número de positivos, não pode ser uma grande referência, se tudo der certo, chegaremos lá, mas ainda não é a nossa realidade”, explica.
De acordo com o boletim da Secretaria Estadual da Saúde do início da noite desta terça-feira, Porto Alegre já teve 393 casos de Covid-19, e dez óbitos – a Secretaria Municipal da Saúde já contabilzava 400 pacientes. Desses, 184 já foram considerados curados.
Outro dado que é uma referência utilizada como comparação, na Capital, é o número de óbitos. “Se formos comparar do primeiro óbito ao número atual (10, até a tarde de terça-feira), estamos melhores do que quase todas as capitais do País”, exemplifica. O terceiro indicador que, conforme Marchezan atualmente é o mais importante, é a taxa de ocupação dos leitos de UTI. “O limitador entre a pessoa estar contaminada e a morte é o atendimento, que é bastante direcionado para a UTI”, afirma.
De acordo com Marchezan, a ocupação dos leitos de UTI com casos confirmados da Covid-19 começou com uma velocidade acelerada, mas ocorreu uma diminuição da curva no período intermediário e, nos últimos 10 dias, a Capital estabilizou o número de leitos ocupados com pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. “Isso também, dentro desse curto prazo, para nós, é uma evidência de que a medida de isolamento foi tomada no tempo certo”, declara.
O que vem pela frente
As próximas decisões, segundo o prefeito, serão delicadas. “Na prática o que temos visto é que o isolamento é recomendado e eficaz, mas agora começamos a verificar a possibilidade de organizar a liberação de algumas atividades, que vão gerar um contato maior entre as pessoas e provavelmente um contágio um pouco maior também”, diz.
Marchezan reitera que está no mapa da Prefeitura a liberação gradual de algumas atividades econômicas, apesar de não especificar quais seriam. “A gente vai de alguma forma tentar fazer uma mediação e manter o controle sobre o número de óbitos, de casos confirmados, mas enquanto não se tem um volume de testes suficiente, a principal referência é o número de UTIs ocupadas”, comenta.
Até o momento não há um prazo para que a liberação comece mas, segundo Marchezan, as equipes da Prefeitura estão avaliando as possibilidades. “O monitoramento é diário. A ideia é que, nos próximos dias, a gente comece a pensar em liberações, vai ser algo cauteloso, combinado, devagar. É evidente que algumas atividades deverão ficar na expectativa”, afirma.
Todas as ações, conforme Marchezan, terão reflexo em torno de 15 dias depois. “Se realmente o vírus se espalha com a velocidade que se espalhou em outras cidades no mundo, é um tempo que não se recupera tão fácil e esse tempo pode significar vidas. Por isso os erros e os acertos, a partir de agora, devem ser pequenos, para que nós tenhamos consequências pequenas também”, explica.
Apesar de a possibilidade de liberação gradual das atividades já estar sendo avaliada pela Prefeitura, Marchezan destaca que é preciso que as pessoas entendam que o vírus deve continuar circulando no País por um tempo considerável: “É importante que todos comecem a entender que o vírus vai continuar por aqui, as pessoas acima de 60 anos vão continuar sendo mais vulneráveis aos efeitos, por exemplo”.
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