quarta-feira, 29 de abril de 2020

Hospital Vila Nova recebe 66 novos leitos para pacientes com Covid-19

Novas instalações foram montadas em 28 dias e começará o atendimento nesta quarta-feira

Espaço começa a funcionar nesta quarta-feira em Porto Alegre

Foram entregues, nesta terça-feira, os 66 novos leitos clínicos do Hospital Vila Nova, na zona Sul de Porto Alegre. O espaço começa a funcionar a partir desta quarta-feira e, neste primeiro momento, atenderá exclusivamente pacientes diagnosticados ou suspeitos de terem contraído a Covid-19. Para que o local ficasse apto a receber os pacientes, a Prefeitura destinou R$ 3,5 milhões para a Associação Hospitalar Vila Nova (AHVN), que administra o hospital.
As novas instalações foram montadas em 28 dias, o que foi bastante destacado pelo prefeito, Nelson Marchezan Júnior, durante a cerimônia de entrega. São duas novas unidades inauguradas no Hospital, que já tem recebido pacientes suspeitos do novo coronavírus vindos dos postos da Cruzeiro, Lomba do Pinheiro e da UPA Zona Norte. 

Auxílio

O presidente da AHVN, Dirceu Dal’Molin, disse que, nos próximos dias, o hospital também prestará um auxílio para o Hospital Conceição e o Clínicas. O Vila Nova deve receber os pacientes com Covid-19 que receberem alta da UTI para encerrarem o período de observação. Uma equipe composta por seis médicos, oito enfermeiros e 52 técnicos em enfermagem será a responsável pelo atendimento aos internados. 
Segundo Dal’Molin, já há acordos em andamento para que os leitos sejam utilizados após a crise do novo coronavírus, ampliando a contratualização com a AHVN. “A construção foi subsidiada pela prefeitura e os leitos seguirão com ela após a crise.” Cada leito tem capacidade para receber até quatro pacientes, mas durante a pandemia será atendido um por vez. 

Pós-pandemia

Marchezan comentou sobre o curto período de tempo em que o hospital foi construído, mas também destacou o fato de que os leitos seguirão a disposição após a pandemia. “Isso aqui não é um hospital de campanha, é um hospital de ponta que estamos ampliando.”
Para ampliar os serviços prestados pelo Hospital Vila Nova pós-pandemia, será preciso uma alteração no contrato entre o poder público e a AHVN. O tema já foi assunto de reuniões com o secretário Pablo Stürmer, e deve ser alinhado nos próximos dias. 

Liberação aos poucos

O prefeito também falou sobre a sobre a aprovação de um projeto de lei que amplia os serviços considerados essenciais. Marchezan antecipou que a proposta, aprovada na Câmara de Vereadores na segunda-feira, deve ser vetada e admitiu um certo incômodo com a medida. 
“Foi com uma certa surpresa que a gente viu a apresentação do projeto e também não imaginamos que ele fosse aprovado. Porque não há exemplo no mundo, nem em cidade brasileira, nos EUA, Europa, na União Soviética, de que a regulação da atividade econômica seja regulado por lei em momentos de pandemia.”
 Marchezan esteve presente no recebimento dos leitos. Foto: Alina Souza
Para Marchezan, o projeto engessa as ações do Poder Público em momentos de crise pandêmicas, que segundo ele devem ser mais comuns nos próximos anos. “Ele tira os poderes do Executivo durante a pandemia, o que nos surpreende mais ainda. “Não poderemos ser a única cidade do mundo onde o vírus terá que esperar um processo legislativo para o Executivo tenha uma resposta rápida.” 
Mais uma vez, Marchezan defendeu as medidas de isolamento e projetou um cenário bem pior caso elas não tivessem sido tomadas. “Nas duas semanas iniciais a demanda por leitos de UTI para coronavírus se duplicava a cada cinco dias, hoje teríamos a necessidade de 500 leitos e não estaríamos atendendo.” 
Ele considerou as ações essenciais para conter o avanço do novo coronavírus, mas admitiu que elas devem ser flexibilizadas a partir de agora. “Pelo menos há um indício de que o isolamento teve resultado e estamos há mais duas semanas em achatamento na demanda por leitos de UTI por coronavírus, então isso nos leva a tomar decisões no sentido de liberar algumas atividades, mas não de uma forma generalizada."

Critérios 

Entre os critérios que serão analisados para decidir quais setores devem retomar as atividades está a capacidade de arrecadação. Quem gerar mais impostos ao município terá prioridade, levando em conta outros critérios técnicos em conjunto. “Que vai gerar uma arrecadação maior pro tesouro para ele poder dar conta das despesas de saúde que vão aumentar”, explicou o prefeito. Já as aulas não devem ser retomadas antes de junho no município.
Ao falar sobre o uso de máscaras nos coletivos, Marchezan deixou claro que a ideia é não punir quem não cumprir a regra, mas criar uma cultura para que elas se tornem um hábito. “O decreto que dá essa orientação é muito mais para legitimar um guarda municipal, um fiscal da EPTC e o motorista para que tenham atitude educativa e só depois punitiva. Não é intenção nossa punir ninguém.”

Correio do Povo

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