Deputada federal acusa o ex-ministro de planejar vazamento de conversas antes da saída do governo
Agência Estado e Correio do Povo
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse neste sábado, em entrevista à rede CNN, que a frase do ex-ministro Sergio Moro "Prezada, não estou à venda", dirigida a ela em mensagem por WhatsApp quando questionou o ex-juiz sobre sua ida ao Supremo, não foi natural, mas sim "muito calculada".
"Eu estava completamente desarmada e ele aí armado", disse a parlamentar, ao falar das conversas relevadas na sexta-feira pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Carla Zambelli acusa o ex-ministro de ter planos de vazar as conversas muito antes da noite de sexta. "Não é novidade nenhuma a vontade de Moro ir para o Supremo", disse.
Segundo ela, a conversa existe desde que ele foi para o ministério, seja na imprensa ou nos corredores de Brasília. "Não era só eu, mas todo mundo esperava Moro no Supremo", afirmou.
A parlamentar disse ainda que Bolsonaro "nunca abriu pra gente" se ele levaria ou não Moro ao STF: "Isso é assunto de segurança nacional."
Em outra parte da entrevista, Zambelli afirmou que o nome de Moro já é há algum tempo o mais ventilado para a vaga do Supremo
Entendimento
Para a deputada federal, havia uma falta de entendimento entre o presidente Jair Bolsonaro e Moro, "uma conversa que não andava". "Faltava uma conversa para os dois sentarem e se entenderem", disse ela, que em novos trechos da conversa com o Moro divulgadas pela própria parlamentar propõe um almoço ou um café da manhã de Moro com o presidente.
Carla Zambelli disse que se falasse com Bolsonaro sobre esse encontro, "a grande probabilidade" era de que ele aceitasse.
Sobre o vazamento das mensagens por Moro, Zambelli considerou um "traição". Questionada sobre a forma como Moro a tratou algumas vezes nas conversas, chamando a parlamentar de "prezada", ela disse que o ex-juiz é formal e trata assim todo mundo. "Não é nem raiva, nem nada, é só uma decepção." Ela ressaltou que trocou as mensagens de forma "ingênua".
Pilar do governo
A deputada afirmou que Moro, "era um pilar do governo, mas quando cai, pode ser substituído". Ao contrário dos outros ministros, Moro vivia uma "esfera de frieza" na relação com Bolsonaro, segundo ela.
Enquanto isso, os demais ministros têm uma relação "amistosa" com Bolsonaro. "Ministros chegam no Planalto entram e batem na porta Moro acha que precisava de um convite, existia uma esfera de frieza na relação dos dois. Não existia liga, algo que os conectasse", disse.
Para tentar melhorar o relacionamento de Moro com o presidente, Zambelli disse ter falado com esposa do presidente, Michelle Bolsonaro.
O objetivo era organizar um jantar ou almoço no próximo domingo. Na conversa com Moro pelo WhatsApp, a parlamentar chega a comentar sobre a possibilidade e ele responde que Rosângela, sua esposa, está em Curitiba. "Tire esta sexta e vá para a casa, domingo a gente almoça com o presidente", afirmou a parlamentar, em mensagem a Moro.
Ela disse ainda que tem muitos conhecidos na Polícia Federal e havia uma avaliação de que o então diretor geral da instituição e braço direito de Moro, Maurício Valeixo, "não estava agradando a tropa".
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