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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Fiocruz registra momento em que coronavírus infecta célula

Imagens foram captadas em estudo sobre a replicação do vírus

Pesquisa da Fiocruz identificou momento em que Sars-Cov-2 ataca a célula

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) registraram, pela primeira vez no Brasil, o momento em que o novo coronavírus infecta uma célula. As imagens microscópicas foram captadas durante um estudo sobre a replicação viral do Sars-Cov-2 (nome científico do novo coronavírus) em células manipuladas em laboratório.
A pesquisa realizada in vitro utilizou vírus isolados a partir de amostras coletadas de nariz e garganta de um paciente infectado. Esses antígenos foram usados para infectar células amplamente empregadas em ensaios in vitro para testes de replicação viral, chamadas células de linhagem vero.
Pesquisadora do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do Instituto Oswaldo Cruz, Débora Vieira explicou que o projeto que chegou às imagens investiga o formato e o diâmetro da partícula viral, além de seu ciclo replicativo.
"Conseguimos verificar por análises de microscopia eletrônica todas as etapas da replicação do Sars-Cov-2 em células vero", afirma a pesquisadora, que descreve que as imagens mostram o vírus entrando na célula e espalhando suas partículas no interior dela. Estudos que serão divulgados posteriormente vão mostrar também partículas infectivas captadas saindo da célula.
Débora Vieira destaca que outra conclusão relevante da pesquisa é confirmar que o vírus pode se replicar em células de linhagem vero, que devido a isso poderão ser uma ferramenta na pesquisa em laboratório para vacinas e medicamentos.
"Nosso objetivo era verificar se essas células eram competentes para replicar o vírus, e constatamos que sim", disse. "Para testes de candidatos a vacinas e fármacos, precisamos de um sistema de cultura de células padronizado, não só para a produção de massa viral, mas para diferentes testes que são necessários."
Débora Vieira esteve ao lado dos pesquisadores Marcos Alexandre Silva, que também é do do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, e de Fernando Mota, Cristiana Garcia, Milene Miranda e Aline Matos, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo. Os dois laboratórios são do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz. 


Agência Brasil e Correio do Povo



A DOENÇA NO BRASIL
Pela segundo dia consecutivo, o Brasil registrou mais de 100 mortes por causa do novo coronavírus. O país já tem 800 vítimas e quase 16 mil infectados pela Covid-19. Em 24 horas, foram 133 óbitos e 2.210 novos casos . O número supera a média diária de vítimas fatais em decorrência de acidentes de trânsito, uma das principais causas de mortalidade no país – em 2019, foram 111 óbitos por dia. Devido ao avanço da epidemia, a prefeitura de São Paulo comprou, de forma emergencial, 5 mil sacos especiais para enterrar vítimas do coronavírus nos cemitérios da capital – 100 deles foram pedidos com dimensões para corpos de crianças e adolescentes. Ainda com 20 mil testes à espera de resultado em um único laboratório no Estado, São Paulo segue sendo o epicentro da doença no país: mais de 6,7 mil casos e 428 mortes.
 


BOLSONARO E A CLOROQUINA
Em seu quinto pronunciamento  durante a crise do coronavírus, Bolsonaro voltou a fazer críticas, desta vez veladas, aos governadores e prefeitos que impuseram medidas de isolamento e defendeu com veemência o uso da cloroquina, mesmo que ainda não exista comprovação científica da eficácia do medicamento contra a Covid-19. O presidente tem insistido no tema e arrastou para a discussão o infectologista David Uip, da equipe do desafeto João Doria. Bolsonaro e aliados insinuam que o médico, que contraiu o vírus e está curado, usou o remédio no tratamento. O presidente apelou até para o juramento de Hipócrates para cobrar o profissional. Uip, por sua vez, reclamou de invasão de privacidade e pediu respeito à sua decisão de não revelar se tomou ou não a cloroquina. Enquanto os estudos avançam, o debate político em torno do medicamento continua.


COVID-19, O PRINCIPAL RIVAL DE TRUMP
Em meio à crise do coronavírus, o senador Bernie Sanders retirou-se da disputa democrata pela Casa Branca e abriu caminho para o ex-vice-presidente Joe Biden ser o adversário de Donald Trump nas eleições que (ainda) estão marcadas para novembro. A decisão ocorreu após Sanders perder força nas últimas primárias do partido. Engana-se, porém, quem pensa que o principal rival de Trump na tentativa de reeleição seja, agora, Biden. A pandemia que assola o mundo vai impactar, e muito, nos planos do atual presidente, que chegou a dizer, no fim de janeiro, após a primeira morte por Covid-19 nos EUA, que tinha "tudo sob controle". Pouco mais de dois meses depois, o país tem 432 mil casos e quase 15 mil mortes. A demora do republicano em reconhecer a gravidade da doença e tomar as devidas precauções podem custar caro ao seu plano de permanecer na Casa Branca.


NOVA FORMA DE CONSUMIR
Levantamento realizado pela Nielsen Brasil mostra que os brasileiros mudaram os hábitos de consumo com a chegada da epidemia ao país. As vendas no varejo subiram 23,3% entre os dias 16 e 22 de março, impulsionadas por itens de alimentação e limpeza, produtos necessários para enfrentar a quarentena. As maiores altas no setor de alimentos foram do feijão (101%), arroz (94%), leite (72%) e açúcar (60%). Já entre os itens de limpeza, os destaques foram as luvas (122%), álcool de limpeza (97%), desinfetantes (80%) e água sanitária (54%), produtos que antes não faziam parte da cesta. Na contramão desse crescimento, o setor de bebidas teve um recuo de 6% na semana pesquisada. Com a quarentena mantida e o avanço da doença, a tendência é que estes hábitos deixem de ser novos e se tornem comuns para os brasileiros nos próximos meses.



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