segunda-feira, 20 de abril de 2020

Esporte segue na Nicarágua como se não houvesse pandemia do novo coronavírus

Presidente Daniel Ortega garantiu que o avanço da Covid-19 no país é "lento"

Partidas de futebol continuam ocorrendo

As competições esportivas não param na Nicarágua: jogos de futebol profissional, partidas de basebol, corridas de ciclismo ou lutas de boxe acontecem todos os dias como se a pandemia do novo coronavírus não existisse. Alguns atletas participam de eventos convencidos de que o país, um dos mais pobres do hemisfério, tem a situação "sob controle", como cerca de dez casos reportados pelas autoridades; outros por amor ao esporte ou por medo de perder seus contratos.
"Acho que corremos risco pelas circunstâncias do que está acontecendo no mundo todo", mas "há um contrato de trabalho que é preciso ser respeitado", afirma à José Martínez, jogador de futebol do clube Las Sabanas, da primeira divisão nicaraguense, após uma partida disputada em Manágua.
O presidente Daniel Ortega garantiu na quarta-feira passada, em sua primeira aparição pública após um mês de ausência, que o avanço da pandemia no país é "lento" e se recusou a decretar quarentena, fechar as fronteiras ou exigir o distanciamento social, medidas adotadas por grande parte dos países do mundo. E o esporte também não para. Nesta semana, serão disputadas corridas de ciclismo e lutas de boxe em campos abertos, parques ou ginásios espaçosos para evitar a contaminação e propagação do vírus.
Também será reiniciado o campeonato nacional de basebol, o esporte mais popular do país, após a Comissão Nicaraguense de Basebol ameaçar a todos os atletas que se negarem a jogar por temos ao vírus. A polêmica também alcança a liga de futebol, a única que se mantém ativa na América Latina em meio à pandemia, após a Federação Nicaraguense de Futebol (Fenifut) aprovar continuar seu campeonato devido à ausência de restrições oficiais.

Tudo "sob controle?"

Na Nicarágua "não temos nenhum alerta ou quarentena. O Minsa (Ministério de Saúde) diz que tudo está sob controle", comenta à AFP o secretário-geral da Fenifut, José Bermúdez. Dirigentes de futebol do país cogitaram até tentar transmitir seus jogos na Europa, onde os torneios foram todos suspensos pela pandemia, que já causou milhares de mortes no continente.
A Confederação de futebol das Américas do Norte, Central e do Caribe (Concacaf) também congelou o calendário até junho, mas respeitou a decisão da liga da Nicarágua de jogar "enquanto a situação o permitir", segundo Bermúdez. Com a garantia de que está tudo bem, os jogadores do Managua FC entraram animados em campo para enfrentar o Jalapa com portões fechados, medida para evitar a aglomeração de torcedores nas arquibancadas.
"A situação está controlada" e se joga "tomando as precauções necessárias no momento de ir ao estádio", afirma um dos artilheiros do torneio, o atacante mexicano Carlos Félix, do Managua FC. Já o atacante espanhol Pablo Gallego, que chegou há dois anos vindo da Grécia, garante que nenhum jogador nicaraguense apresentou os sintomas do vírus. Os atletas lavam as mãos antes do jogo, usam álcool em gel durante o intervalo e evitam saudar com as mãos os árbitros e os adversários.

Opiniões diferentes

Ao fim da partida, os atletas colocam máscaras e voltam para casa de ônibus, táxi ou em carros particulares. Mas nem todo mundo se conforma com a situação. O defensor Nasser Valverde, do clube Walter Ferreti, mostrou preocupação em contrair o vírus e contagiar os filhos e os avôs. "Me sinto um pouco triste com a situação, todas as ligas estão paradas e aqui continuamos. Graças a Deus não há muitos casos, isso nos deixa um pouco mais tranquilos", confessa Valverde.
Já o atacante Daniel Reyes afirma que "às vezes é um pouco preocupante pela situação que atravessa o mundo, mas confiamos em Deus que em nosso país a epidemia é menos grave". O epidemiologista Leonel Argüello alertou, contudo, que todos os esportes envolvem "uma interação humana de menos de um metro de distância", o que vai contra as indicações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O especialista pediu ao Ministério de saúde da Nicarágua para que, pelo menos, teste os jogadores para o vírus.
De acordo com o opositor Eliseo Núñez, o presidente Ortega "priorizou a economia ao invés da saúde, porque acredita que se a pandemia for dura na Nicarágua a comunidade internacional irá suspender as sanções" financeiras contra o país impostas por violar os direitos humanos durante os protestos antigoverno de 2018. Os protestos iniciados em abril de 2018 encontraram uma forte repressão do governo que deixou 328 mortes e forçou mais de 100 mil pessoas ao exílio, de acordo com organizações humanitárias.
AFP e Correio do Povo


Começa reabertura na Alemanha

As pressões pela reabertura dos países, os novos números do coronavírus e o preço baixo do petróleo dividem a atenção dos mercados nesta segunda-feira, 20. A Desperta destaca ainda o novo embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso e a mega transmissão que reuniu mais de 100 artistas no fim de semana na luta contra o coronavírus. Boa leitura.
Manifestante por reabertura ao lado de profissional de saúde no Colorado, nos EUA: países começam a formular planos para retomada | REUTERS/Alyson McClaran 
1 - ENTRE O PETRÓLEO E A REABERTURA
A disputa entre o avanço persistente do coronavírus e a cobrança por reabertura das atividades econômicas deve concentrar a atenção dos investidores mundo afora nesta semana. Na manhã desta segunda-feira, 20, a notícia é uma nova queda no preço do petróleo, puxada por baixas de 20% em contratos futuros nos EUA. Mais à frente na semana a possível votação de um pacote conjunto de republicanos e democratas para apoiar pequenos negócios pode dar novo impulso às bolsas americanas. As bolsas começaram a semana sem direção definida. Tóquio caiu 1,15%, mas Xangai subiu 0,50%. Na Europa, o índice DAX avançava 0,2% até as 7h de Brasília, e o FTSE subia 0,1%. O índice Ibovespa, vale lembrar, fechou a sexta-feira em alta de 1,5%, em 78.990 pontos, puxado pelo plano de reabertura econômica nos Estados Unidos.
2 - BOLSONARO VS. LEGISLATIVO
A semana começa tensa em Brasília, e não por causa do coronavírus. Na frente de um quartel e no Dia do Exército, o presidente Jair Bolsonaro discursou no domingo, 19, para uma manifestação na capital federal. O ato pedia um novo Ato Institucional 5, período brutal da Ditadura Militar, e trazia cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e Rodrigo Maia, presidente da Câmara. A participação de Bolsonaro foi criticada nas redes sociais por políticos, ministros do STF e pela Ordem dos Advogados do Brasil. Ainda ontem, 20 dos 27 governadores divulgaram uma carta em defesa da democracia. A tensão acontece enquanto o Congresso precisa votar até esta segunda-feira, 20, a Medida Provisória do "Contrato Verde e Amarelo", proposta pelo governo para flexibilizar regras trabalhistas. O Congresso também deve votar hoje ampliação do auxílio emergencial de 600 reais para outras categorias não contempladas. 
3 - ALEMANHA VOLTA (EM PARTES)
A Alemanha começa a afrouxar as medidas de quarentena. Nesta segunda-feira, 20, lojas com até 800 metros quadrados de área puderam reabrir para o comércio. Voltou também parte da produção de automóveis, 5% do PIB alemão, com a retomada da linha industrial na Volkswagen, parada desde março. A Mercedes-Benz também pretende voltar nesta semana. O Fundo Monetário Internacional prevê que o PIB da Alemanha terá uma contração de 7% em 2020 – golpe duro para um país que cresceu apenas 0,6% no ano passado. Com mais de 1,7 milhão de testes feitos, a Alemanha é o quinto país do mundo com mais casos (quase 146.000), mas tem 4.642 mortes por covid-19, uma das menores taxas da Europa. A premiê Angela Merkel defendeu cautela no afrouxamento da quarentena: “o que conseguimos até agora é um sucesso temporário e frágil”, disse. Veja aqui o número de casos por país.
4 - O PLANO NOS EUA
Um processo de reabertura começa também a ganhar força nos Estados Unidos, onde protestos pelo fim da quarentena aconteceram no fim de semana. O estado do Texas, que tem 19.000 casos e 488 mortes pela covid-19, permite nesta segunda-feira, 20, que pessoas voltem a frequentar praças e parques durante o dia, desde que usando máscaras e mantendo distância. País com mais casos no mundo, os EUA têm mais de 759.000 infectados e 40.500 mortes. Na semana passada, o presidente Donald Trump chamou estados para uma conversa visando traçar um plano de reabertura já a partir desta semana. Começam a discutir a retomada mesmo regiões mais afetadas, como Nova York, Massachusetts e Pensilvânia, na costa leste, mas ainda sem datas. A Califórnia, ao oeste, que foi uma das primeiras a fechar e tem menor taxa de casos, elaborou um plano de seis etapas. Apesar da queda no número de casos em diversas regiões, a volta da maior economia do mundo à atividade não deve ser simples.
5 - VOLTA DO "ENCONTRO"
Alguma tentativa de volta à normalidade acontece também na televisão. Fora do ar desde 17 de março, Fátima Bernardes voltará à grade da Globo nesta segunda-feira, 20, às 10h45. O programa “Encontro” volta a ocupar a faixa da manhã, depois de passar um tempo substituído pelo informativo “Combate ao Coronavírus”, criado às pressas logo no início da quarentena no Brasil. Após estrear com média de 11,3 pontos no Ibope, o programa bateu recorde negativo na quinta-feira, 16, com apenas 7,3 pontos. Segundo a Globo, a volta se dá porque “as novas rotinas já estão se organizando nas casas dos brasileiros”. Uma estrutura foi montada na casa de Fátima, no Rio de Janeiro, que conversará com os entrevistados por vídeo. Como cozinhar em casa virou realidade para muitos na quarentena, Fátima contará com inserções de Ana Maria Braga.
Sobre o que as pessoas estão falando entre reuniões
 
DOAÇÕES
O Banco do Brasil e o Bradesco, anunciaram a doação de 20 milhões de reais à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O montante vai para a produção de kits de diagnósticos rápidos para a covid-19.
REDES ABRINDO O BOLSO?
O governo da Austrália disse nesta segunda-feira, 20, que vai forçar Google e Facebook a pagarem organizações de mídia por parte da audiência das notícias publicadas nas plataformas. Antes de entrar em vigor, o processo está em debate.
O LABORATÓRIO CHINÊS
O laboratório de Wuhan apontado como fonte acidental do novo coronavírus por alguns países ocidentais disse que isto é “impossível”. O presidente americano, Donald Trump, disse que a China enfrentará “consequências” se for responsável
TIETÊ DIZ NÃO
A AES Tietê rejeitou proposta de incorporação da Eneva no domingo, 19. Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém 28% do capital, recebeu sinais de que a americana AES Corp, controladora da Tietê, teria interesse em comprar a fatia do banco. 

3 milhões de dólares
Número do dia - É o salário anual que o presidente da Disney, Bob Iger, disse que vai aceitar deixar de receber. No ano passado, Iger recebeu outros 44,5 milhões de dólares por compensações — essas também devem ser afetadas em 2020. A Disney demitiu 100.000 funcionários em seus parques e hotéis, metade da mão de obra da empresa e que totalizam cerca de 500 milhões de dólares em pagamentos.

exame.talks
15h - Luciano Huck, apresentador da Globo e empreendedor
A parceria estado, sociedade e iniciativa privada na saída da crise


No horário acima, assista no YouTube ou no site
O concerto “One World: Together At Home”, organizado pela cantora Lady Gaga e a Organização Mundial da Saúde, reuniu mais de 100 artistas na noite de sábado, 18. Com exceção dos apresentadores, o evento não foi exatamente ao vivo, e exibiu somente vídeos pré-gravados, de uma música por artista. O show reuniu doações de 128 milhões de dólares para a OMS. Todos os recordes de audiência da quarentena foram quebrados: entre redes de TV que exibiram o evento ao vivo e plataformas de streaming, mais de 30 milhões de pessoas assistiram. A rede britânica BBC compilou nove pontos interessantes das performances — de quarto de artistas bagunçado à bateria playback dos Rolling Stones. Veja na EXAME como foram algumas das apresentações
Apresentação dos Rolling Stones: transmissão no sábado quebrou recordes de audiência | Getty Images





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