Distribuidoras também observam aumento do nível de inadimplência
Agência Estado e Correio do Povo
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou que os dados mais recentes estão sinalizando que a retração do consumo de energia elétrica está se estabilizando na faixa entre 18% e 19% em relação ao período pré-coronavírus. "Estamos observando uma redução do consumo de energia, mas essa queda está se estabilizando entre 18% e 19%", afirmou o executivo, que participa neste momento de uma live promovida pela FGV Energia.
Além da redução do consumo de energia, o executivo afirmou que as distribuidoras estão observando um aumento no nível da inadimplência, como reflexo da adoção das medidas de isolamento social que restringiram a circulação de pessoas e levou a interrupção na atividade econômica. "Tivemos aumento da inadimplência", comentou.
De acordo com o executivo, em torno de 2/3 das contas de luz dos consumidores não estão em débito automático, e muitas contas são pagas pelos consumidores nas agências lotéricas. Com a restrição da circulação das pessoas e o fechamento das lotéricas, houve uma dificuldade no pagamento destas contas de luz. "A inadimplência é alta, mas, com a reabertura das lotéricas, houve uma melhora", disse.
Adimplência
O presidente da Eletrobras defendeu a necessidade de adoção de instrumentos que garantam a adimplência de toda a cadeia do setor elétrico. Hoje, as distribuidoras, que arrecadam os recursos de todo o mercado, estão com o caixa fortemente pressionado pelos impactos econômico-financeiros do coronavírus.
"Na distribuidora, temos os problemas da sobrecontratação e da inadimplência. Temos que reconhecer isso, e esses dois problemas precisam ser endereçados", afirmou o executivo, que participa neste momento de uma live promovida pela FGV Energia.
Segundo o executivo, esses temas foram endereçados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) pelas duas medidas provisórias publicadas esta semana, a MP 949 e a MP 950, que prevê o uso dos recursos do Tesouro Nacional para custear as tarifas dos clientes de baixa renda e que libera a criação da nova Conta ACR para injetar recursos no caixa das distribuidoras por meio da contratação de empréstimos bancários.
"É preciso reconhecer a dificuldade das distribuidoras e prover a liquidez para essas empresas", defendeu Ferreira Junior, que já foi presidente da CPFL Energia, um dos principais grupos do setor elétrico na área de distribuição. Ao comentar a ajuda para as distribuidoras para garantir a adimplência de toda a cadeia, o executivo defendeu a recriação da Conta ACR, medida que tem sido questionada pelos consumidores.
Para Ferreira Junior, a recriação da Conta ACR evita medidas como reajustes tarifários extraordinários, que aumentariam significativamente a conta de luz dos consumidores de uma vez. "Temos que usar um instrumento que difira o custo por um prazo maior, se aproveitando da queda da taxa de juros", comentou o executivo. "A solução não pode prejudicar o consumidor, mas deve manter a cadeia intacta", acrescentou.
Para o executivo, a solução para socorrer as distribuidoras deve ser anunciada muito em breve.
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