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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Apesar de decreto, passageiros sem máscara de proteção usam ônibus em Porto Alegre

Prefeito disse que coletivos não deveriam parar nos pontos se as pessoas estivessem sem proteção

Segundo a EPTC, cabia aos motoristas não permitir o embarque de pessoas sem máscaras nos coletivos

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, foi enfático na segunda-feira e garantiu que nenhum usuário do transporte público entraria nos ônibus sem máscara a partir de segunda-feira. Porém, quem circulou pela Capital percebeu que não era raro ver passageiros desobedecendo a determinação e viajando sem o item contra o novo coronavírus. Embora a maior parte das pessoas tenha aderido à orientação, era possível ver pelo menos uma pessoa embarcando ou desembarcando de coletivos sem a proteção facial.
Marchezan chegou a dizer que os ônibus não deveriam parar nos pontos de embarque e desembarque se as pessoas estivessem sem máscaras. Mas a regra não foi seguida à risca no Centro Histórico, onde os embarques aconteceram normalmente mesmo para quem dispensou o equipamento. Alguns motoristas e cobradores lembravam a necessidade de usar, mas ninguém foi impedido de utilizar o transporte por não estar com o item.
"Se me falar alguma coisa, eu dou um soco. É importante usar, mas cada um sabe da sua educação", disse, irritado, um passageiro que desembarcou de um coletivo da Linha Serraria pela manhã e não quis se identificar. Sua posição não é uma regra já que, apesar dos desrespeitos pontuais, a maior parte dos usuários do transporte público tem utilizado as máscaras. 
"Eu acho que é bom porque assim eles têm como liberar para a população vir para a rua", diz a auxiliar de escritório Damiane Chaves, 34 anos. Na fila para pegar o ônibus, ela não estava usando a máscara, mas a colocou assim que entrou. "Tirei um pouco porque não gosto de usar, sinto muita coceira, mas estou usando dentro do ônibus. Não gosto, mas é o jeito de proteger a minha saúde e a dos meus filhos." Em outra linha que havia pego, ela diz ter visto muitas pessoas sem a máscara, mas nenhuma cobrança. 
Auxiliar de serviços gerais, Roberto Quintana, 48 anos, também estava sem máscara na fila, mas garantiu que tem utilizado com frequência. "Eu não quis usar agora por uma questão de ética, ela é da empresa e muito grande", justifica. Ele foi um dos passageiros que utilizou o transporte coletivo sem a proteção, mas parecia se sentir constrangido ao ser perguntado. "Agora que falou, vou ter que usar." 
Quintana viu um cenário mais positivo nos ônibus que tinha utilizado. "De uns tempos pra cá, tem bastante gente com máscara", afirma. Mesmo assim, ele também não escutou cobranças a quem não cumpriu a regra. A falta da máscara que se viu entre os passageiros não era vista por cobradores e motoristas, que adotaram o item sem problemas. "É importante para proteger a gente e os passageiros", avalia Silvano Rosa, 39 anos, que trabalha na empresa Sudeste.
De acordo com o motorista, a orientação que recebeu é que hoje deveria deixar as pessoas fazerem a viagem e que a orientação seria feita por agentes da Empresa Pública de Transportes (EPTC). O órgão divulgou, pela manhã, ações de fiscalização na avenida Bento Gonçalves, na zona Leste. Entretanto, segundo a EPTC, cabia aos motoristas não permitir o embarque de pessoas sem máscaras nos coletivos.

Decreto vigora desde segunda-feira

A medida que obriga o uso de máscaras dentro do transporte público vale tanto para passageiros quanto para operadores (motoristas e cobradores). Passageiros que não estiverem usando máscara de proteção não poderão ingressar nos coletivos da Capital. De acordo com o decreto, os ônibus não vão mais parar para pessoas que não estiverem usando máscaras de proteção. Cabe às empresas fornecer o artigo a funcionários que fazem uso do transporte.
Agentes de fiscalização da EPTC seguirão durante os próximos dias, nos terminais de ônibus e em alguns bairros, orientando sobre a aplicação da medida. O decreto não prevê aplicação de multa em caso de descumprimento, mas os órgãos municipais pedem a colaboração dos envolvidos diante do momento de pandemia.
O uso obrigatório de máscaras em coletivos já havia sido determinado na semana passada, mas os primeiros dias foram de recomendações e de orientação. A decisão ocorre em paralelo à redução de 40% em viagens dos coletivos em dias úteis em Porto Alegre. A EPTC aceitou a medida visando minimizar os impactos financeiros que as medidas de isolamento causaram nas empresas de ônibus. 
Em números absolutos, isso representa um impacto em 166 linhas, das quais 28 foram desativadas totalmente (e não as 31 anteriormente divulgadas pela EPTC). Mais 138 tiveram alteração nos horários, com parte delas funcionando apenas nos momentos de pico da manhã (5h às 9h) e da tarde (16h às 19h). A consulta de itinerários, disponíveis em tempo real, pode ser feita no aplicativo do TRI, função GPS.

Correio do Povo

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