Apesar do coronavírus, os mercados de animais silvestres da China não desapareceram. E eles serão a fonte provável de muitas pandemias futuras.| Foto: Dan Bennett/ Wikipedia |
Reúna centenas de animais silvestres num só lugar. Coloque outras centenas de pessoas ao redor. Faça com que essas pessoas comprem os animais ainda vivos, ou mortos na hora da comercialização. Prepare a carne ainda fresca, sem congelá-la, e sirva mal passada. Pronto: você tem a receita completa para disseminar vírus.
A pandemia de coronavírus teve origem na China, assim como foi lá que surgiu a Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars), no início do milênio. No futuro, outras epidemias também surgirão no país asiático. E a explicação é simples: os mercados chineses onde animais silvestres são comercializados funcionam como um verdadeiro caldeirão. “Como os animais ficam concentrados e são vendidos vivos, os vírus conseguem se espalhar com mais facilidade”, explica o biomédico especializado em virologia Jaime Henrique Amorim, professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) que neste momento trabalha na instalação de um laboratório de diagnóstico molecular.
Acontece que os vírus sofrem mutações o tempo todo. No momento em que uma leva deles se altera a ponto de conseguir habitar o organismo humano, ele tem a sua volta uma série de oportunidades para migrar. “Essas mutações acontecem no ambiente natural dos animais, mas ali o vírus não tem contato direto com pessoas, que permitiriam que ele mudasse de habitat”, diz o pesquisador.
É por isso, diz ele, que os coronavírus que habitam morcegos e tatus brasileiros não encontram a mesma facilidade para disseminar uma epidemia, como acontece na China. “Não os criamos em grandes quantidades, nem temos um contato tão próximo com eles”. E principalmente não temos o hábito de nos alimentar deles em grandes quantidades.
“Os tratadores dos animais e os vendedores já podem pegar o vírus. Na casa dos consumidores, eles podem passar para as pessoas durante o preparo ou na ingestão. Ao entrar em contato com a boca, saltam para o sistema respiratório”, explica o professor da UFOB.
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