Por Claudio Dantas
O Antagonista apurou que Daniel Gomes da Silva, controlador da Cruz Vermelha, e sua secretária, Michelle Louzada Cardozo, delatores da Operação Calvário, relataram ao Ministério Público o pagamento de R$ 115 mil para suposto caixa 2 da campanha de Wilson Witzel.
O dinheiro teria sido solicitado, segundo os colaboradores, por Robson dos Santos França, conhecido como Robinho, assessor do senador Arolde de Oliveira (PSD), que apoiou a eleição de Witzel para o governo do Rio de Janeiro.
Em conversas por aplicativo entregues por Daniel Gomes, Robinho teria dito que a ajuda financeira era fundamental para garantir a vitória do ex-juiz no segundo turno. E que, em troca, o então controlador da Cruz Vermelha teria “bastante espaço para trabalhar” num eventual governo.
“Me disse que conversava com o pessoal do Witzel, que tinha poucas pessoas até então, e que na minha área de atuação (saúde) tinha bastante espaço para trabalhar, desde que ajudasse financeiramente”, disse Daniel em sua colaboração premiada.
O relato do delator foi confirmado por sua secretária Michele, responsável pelas entregas de dinheiro. Ela também virou colaboradora e detalhou encontros com Robinho em shoppings do Rio para repassar o dinheiro.
O primeiro encontro teria ocorrido em 8 de outubro, no Américas Shopping, no Recreio dos Bandeirantes. Foi quando Robinho teria dito que “precisava de ajuda para a campanha”. Segundo ela, o assessor comemorava a surpreendente vitória de Witzel no primeiro turno, quando obteve o dobro de votos de Eduardo Paes.
O segundo encontro, nas palavras de Michele, foi no McDonalds do Via Parque, na Barra da Tijuca, em 16 de outubro, quando teria entregue R$ 50 mil em cash ao assessor de Arolde. O valor, porém, não seria suficiente.
E os dois voltariam a se encontrar na mesma lanchonete três dias depois, para um novo repasse de R$ 50 mil. Uma última parcela, no valor de R$ 15 mil, teria sido entregue em 26 de outubro, no mesmo shopping.
Questionado por O Antagonista, Robinho negou as acusações. Disse que não manteve qualquer contato com Daniel ou sua secretária – que afirmou desconhecer – durante a campanha e que nem sequer atuou para Witzel nas eleições.
“Não existe isso. Não sei do que você está falando. Não tive nada a ver com a campanha de Witzel. Isso é mentira! Tive contato com ele (Daniel) a muito tempo atrás, não sei nem como ele está. Eu não estava nem na campanha de Witzel. Que história é essa? Para mim, isso é novidade.”
O Antagonista
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