O hacker prometeu invalidar a Operação Lava Jato e liberar Lula.
De acordo com informações apuradas pela revista VEJA, os ‘hackers de Araraquara’, responsáveis pelo vazamento de mensagens de autoridades da Lava Jato ao site The Intercept Brasil, fizeram promessas à ex-deputada Manuela D’Avila (PCDoB – RS) a fim de obter ajuda da ex-candidata a vice-presidente.
Segundo os criminosos, que já foram condenados no passado por estelionato e receptação, a incursão foi pautada exclusivamente pelo “senso de justiça” para atingir dois objetivos bem definidos e propostos a Manuela: libertar o ex-presidente Lula da prisão e anular os processos da Operação Lava Jato – maior operação brasileira de combate à corrupção de todos os tempos.
Manuela serviu como intermediária entre o hacker Walter Delgatti e o jornalista Glenn Greenwald, diretor do Intercept Brasil.
Em 12 de maio passado, às 12h14, de acordo com o que foi apurado até agora, ela recebeu uma mensagem de texto em seu Telegram: “Consegue confiar em mim?”. O remetente, contudo, era, teoricamente, o senador Cid Gomes, o que fez Manuela não titubear ao responder no mesmo instante: “Sim. 100%”.
Cid Gomes é irmão de Ciro Gomes, ex-ministro do governo Lula e antigo aliado do presidente. O interlocutor continuou: “Olha, eu não sou o Cid. Eu entrei no telegram dele e no seu. Mas eu tenho uma coisa que muda o Brasil hoje. E preciso contar com você”.
Naquele momento, segundo disse à polícia, Manuela estava num almoço de família, comemorando o Dia das Mães, e estranhou a abordagem. Suspeitou que poderia ser uma brincadeira ou um trote e permaneceu em silêncio, desconfiada, até que recebeu uma imagem de uma de suas conversas privadas com o ex-deputado Jean Wyllys. Isso provava que não era um blefe. “Cid”, então, explicou do que se tratava: “Eu entrei no telegram de todos membros da força tarefa da lava jato. Peguei todos os arquivos. Dá para soltar Lula hoje. Derrubar o MPF”, prometeu o hacker.
No dia seguinte, a então candidata recebeu uma segunda mensagem do hacker. Dessa vez, ele se identificava como “Brazil Baronil” e garantia que também tinha conversas que mostrariam a parcialidade de ministros do Supremo e diálogos que teriam potencial para invalidar todos os processos da Operação Lava-Jato.
Citou três magistrados que teriam sido alvo da interceptação: os ministros Cármen Lúcia, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso, que fariam parte de um grupo no Telegram. “Eu tenho uma conversa da carmem (que era para ser imparcial, segundo o princípio do juiz natural) dizendo sobre a norte (morte) do sobrinho do Lula. Fazendo até piada”, escreveu o hacker. “E ainda ela disse exatamente assim: quem faz mal para outrem, um dia o mal retorna, e pode ser até no sobrinho.” “A Rosa Weber saiu do grupo na hora!” Para ele, isso mostraria a falta de imparcialidade dos ministros, o que, segundo ele, poderia “invalidar todos atos da operação lava-jato”.
Manuela d’Ávila, então, recomendou a ele que entrasse em contato com o jornalista Glenn Greenwald. Em 9 de junho, veio à tona a primeira leva de mensagens trocadas entre procuradores da Lava-Jato e o ex-juiz Sergio Moro.
MBL News
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