segunda-feira, 28 de outubro de 2019

REJEIÇÃO E NOVATOS NA SUCESSÃO DA CÂMARA!

(O Estado de S. Paulo, 27) Rodrigo Maia não revela nem a aliados fidelíssimos seus planos para quando o mandato de presidente da Câmara terminar. Quem o conhece bem, no entanto, observou, em conversa com a Coluna, que, se há alguma chance de reeleição para Maia, ela está baseada em três fatores: 1) a rejeição aos nomes do Centrão até agora colocados na sucessão; 2) o trânsito livre dele nos partidos; 3) a boa relação (suprapartidária) de Maia com a “turma da renovação”, que tem, entre outros, Tabata Amaral, Kim Kataguiri, João Campos, Filipe Rigoni e João Roma.
Aguinaldo Ribeiro (PB) e Arthur Lira (AL), ambos do PP (e do Centrão), estão posicionados para ocupar o lugar de Rodrigo Maia em 2021. Enfrentam forte resistência dentro e fora da Casa.
Enquanto Jair Bolsonaro virou as costas, Maia trabalhou pelo Fundo Eleitoral e por todos os projetos que fortalecem os partidos e seus dirigentes.
Da direita até a esquerda, com escala no centro, novatos estão encantados com a atenção de Maia a seus projetos. Temem retrocesso com um nome 100% Centrão.
Fora do Congresso, a pressão para a manutenção de Maia no comando da Câmara será feita, conforme essa linha de raciocínio, pelos mercados e pelo setor produtivo: é ele o fiador das reformas.
A Constituição proíbe a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado dentro de uma mesma legislatura. Mas articulações sobre uma PEC alterando a regra volta e meia emergem no Congresso.
Maia não apoia a mudança na regra. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, sim.
No meio do tiroteios entre as alas “bivarista” e “bolsonarista” do PSL, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) cancelou todas as agendas com parlamentares no partido nesta semana.
Achou por bem remarcar os encontros para evitar qualquer especulação sobre intervenção do Planalto. Ligou para ao menos quatro deputados, das duas “alas”, se justificando.
Os recentes sinais verdes de Lula para as candidaturas do PT a prefeito foram interpretados no bloco de esquerda como prova de que é impossível confiar no partido para formar alianças: a prioridade continua sendo usar as eleições na defesa do ex-presidente.
O PT paulista já avalia que, se Fernando Haddad não se apresentar para a eleição 2020, o partido deverá ter prévias para definir o candidato a prefeito de SP. Nenhum dos ao menos cinco aspirantes que se colocaram até aqui está disposto a abrir mão de lutar.
Tem tucano a sugerindo Joice Hasselmann (PSL) como vice de Bruno Covas na disputa do ano que vem. Como prêmio, ela ganharia a promessa de ser candidata em 2024. Se vencer, Covas não poderá mais se reeleger.
Autor de Irmã Dulce, a Santa dos Pobres (editora Planeta), o jornalista Graciliano Rocha diz o que a biografia pode ensinar para os políticos: “Tolerância. Ela conversava com a direita e a esquerda”. O senador José Serra (PSDB-SP) devorou o livro.
Chamado no Congresso de “primeiro ministro” e com o nome no jogo de 2022, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou “mais responsabilidade” dos pré-candidatos à sucessão do presidente Jair Bolsonaro e disse que ninguém sobreviverá a três anos de campanha. “Não está na hora de tratar de eleição. Isso é um suicídio coletivo”, afirmou Maia ao Estado. Nos bastidores, porém, o deputado se movimenta para organizar a centro-direita em torno de uma agenda liberal e conversa com vários outros prováveis concorrentes ao Planalto, como o apresentador de TV Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
A crise no PSL, partido do presidente, pode atrapalhar as votações no Congresso?
Não porque briga política acontece em todos os partidos. Agora, os deputados do PSL foram eleitos com uma agenda de modernização do Estado e ninguém vai votar contra o eleitor. Suicídio na política eu nunca vi.
A reforma da Previdência foi aprovada após oito meses de tramitação. O que vem pela frente?
O resultado da Previdência marca um novo tempo na política. A gente pode pensar em soluções para reduzir a pobreza, a desigualdade, a qualidade do ensino, da segurança pública. Então, quando a gente fala na reforma administrativa como segundo item (da pauta), já vem na cabeça de muitos: “Vai cortar salário”. E não é isso.
É possível votar uma reforma administrativa em ano eleitoral?
Não vejo problema nenhum. O eleitor que vai votar em 2020, 2022 está contra esse Estado, que cobra muito, serve pouco e ainda tira dele. Essa é a verdade. Não podemos esquecer que o salário do servidor público federal, na média, é o dobro do setor privado.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que a reforma tributária ficará para 2020...
Se ele fala pelo governo, não fala por todo o Senado. A gente é tão duro na Previdência e quer ser generoso na tributária? Não é possível que a gente, vendo o que está acontecendo no Chile, ache que a reforma tributária não seja urgente. Não é economizando R$ 800 bilhões em dez anos (na Previdência) que vamos ativar a economia. A reforma tributária estimula o investimento e é a mais importante para garantir o crescimento sustentável.
O Brasil pode enfrentar os mesmos protestos do Chile?
Nós precisamos ter uma agenda que destrave a economia. O nosso tempo não é tão longo. Não dá para dizer “Ah, não vou enfrentar o auditor fiscal nem o servidor do Congresso, do Judiciário, do Ministério Público.” Foi assim que a gente foi fazendo e deixou para brigar depois. Nós pioramos a situação do Estado brasileiro. Então, está na hora de enfrentar. Esse é o caminho para que o eleitor amanhã não coloque nas ruas os problemas e frustrações de hoje.
Uma reforma ministerial é necessária para melhorar a articulação política do governo?
Essa preocupação em construir um governo de coalizão eu tive até abril, quando vi que o presidente não tinha interesse. Estou convencido de que, para o Parlamento, tem sido muito melhor assim do que com um governo de coalizão.
Por que?
Governo de coalizão reduzia a nossa importância. Veja que hoje a nossa preocupação em não entrar em pautas-bomba é muito maior do que foi no passado. Se estamos reduzindo despesas de um lado, fica estranho votar projetos que aumentem gastos de outro.
Mas o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás e agora quer uma aliança com os partidos. Ele cedeu à chamada “velha política”?
Quando converso com o presidente, eu não trato desses assuntos. No início do governo eu tratei e não foi bom. Eu trato da pauta. Procurar partidos para conversar não significa voltar atrás. O diálogo é fundamental.
O sr. já teve vários atritos com Bolsonaro. Passados quase dez meses de governo, entende melhor a cabeça dele?
A gente está tendo um bom diálogo, transparente, aberto. O tema das armas, por exemplo, eu sou contra, mas vou pautar. Não sei qual a maioria que o governo tem para as armas, mas vou cumprir minha palavra.
E o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro?
Será votado neste ano. Em mais uma ou duas semanas estará pronto para ir ao plenário.
Bolsonaro disse ao que pediu para o sr. pôr em votação um projeto de transformar Angra em Cancún. O que o sr. acha ?
Não é um projeto simples. Tem um impacto muito grande no meio ambiente. É preciso tomar um certo cuidado, no atual momento, com esses temas. Isso tem, inclusive, prejudicado o Brasil na tramitação do acordo Mercosul-União Europeia.
E agora ainda há o derramamento de óleo no Nordeste...
Temos de cobrar do governo a estrutura necessária para que tragédias como essa sejam evitadas. E pensar no que pode ser feito no curto prazo pelo Parlamento para reduzir o dano de famílias que vivem do turismo.
O sr. tem conversado muito com o apresentador de TV Luciano Huck. Pode sair daí um acordo para a eleição de 2022?
Converso com o Luciano Huck, com o Doria (João Doria, governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB) e com todo mundo. Não está na hora de tratar de eleição. Isso é um suicídio coletivo. Nós estamos com a desigualdade social e a pobreza aumentando e preocupados com eleição?
O que o sr. acha de uma possível fusão do DEM com o PSL?
Eu acho que o PSL tem de resolver o seu problema primeiro. Nós temos bons candidatos a governador, poderia ser uma sinergia daqui a dois, três anos. Você tem um partido (PSL) que não possui estrutura política, mas tem tempo de TV e como bancar as campanhas. Mas ninguém faria uma fusão com o PSL atropelando o presidente da República.
Só que as pessoas têm pretensões políticas...
Pretensão política é uma coisa, mas ficar dizendo “Ah, não aprovo as coisas do Bolsonaro porque ele pode ser candidato à reeleição” não dá. Se a desigualdade no Brasil estiver menor, ótimo que ele seja reeleito. Espero que o motivo de uma eventual reeleição dele seja o de que o Brasil mudou, e não a polarização com o PT, ele contra Lula. Que seja ele, que seja o Luciano, que seja qualquer um. Desculpe, mas com todo respeito a todo mundo que já está pensando em 2022, vamos colocar responsabilidade na nossa agenda.
Mas foi o próprio presidente que se lançou à reeleição...
Ele já entendeu que não está na hora de política eleitoral. Não é bom para ninguém. Quem começar agora não vai chegar ao final. Não há ser humano que sobreviva a três anos de campanha.
O sr. mencionou o ex-presidente Lula, que está inelegível. Acha que a condenação será derrubada e ele poderá ser candidato?
Acho difícil ele ficar elegível.
E em 2022 o sr. será candidato a presidente?
É tão difícil você avaliar quem vai ter condição de ser candidato a presidente. Agora, se você me perguntar se eu pretendo ser candidato a governador do Rio, eu respondo: “Não”.
Então, por exclusão...
Gosto de ser deputado.


Ex-Blog do Cesar Maia



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