Em depoimento prestado na semana passada à Polícia Federal, o estudante de direito Luiz Henrique Molição, um dos presos na Operação Spoofing, tentou envolver O Antagonista e a Crusoé no rocambolesco enredo do roubo das mensagens de Telegram de autoridades.
Ao falar aos policiais, Molição disse ter ouvido de seu parceiro Walter Delgatti Neto, o Vermelho, preso na primeira etapa da investigação, que ele próprio teria vendido ou saberia de uma negociação realizada por Crusoé e O Antagonista relacionada à reportagem “O amigo do amigo de meu pai”, que revelou como executivos da Odebrecht tratavam, em comunicações internas, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli.
A reportagem é a mesma que levou o ministro Alexandre de Moraes, também do Supremo, a censurar O Antagonista e a Crusoé em abril passado.
Evidente está que há uma trama mal-ajambrada dos hackers e de seus parceiros para relacionar O Antagonista e Crusoé, veículos que vêm investigando e publicando informações sobre o roubo das mensagens, na escandalosa trama.
Não custa lembrar, o documento que embasou a reportagem estava disponível em um dos processos eletrônicos da Lava Jato em curso na Justiça Federal em Curitiba. O Antagonista e Crusoé e jamais negociaram com quem quer que seja a sua obtenção.
Foi justamente depois de constatar que o documento estava anexado aos autos que o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a famigerada ordem de censura expedida na sequência da publicação da reportagem.
O novo golpe dos hackers e de seus comparsas fica ainda mais clara pelo estratagema que o acompanha.
A declaração de Molição, feita sem qualquer embasamento, foi vazada nas últimas horas para jornalistas de Brasília, que procuraram O Antagonista e Crusoé em busca de manifestação acerca do caso.
Em resposta, a redação elaborou a seguinte nota:
“O site O Antagonista e a revista Crusoé nunca compraram informação nenhuma de ninguém. Trata-se de uma mentira deslavada de estelionatários a serviço provavelmente de interesses poderosos que visam a minar a nossa credibilidade. Os hackers que inventaram a mentira deslavada foram, inclusive, capas da Crusoé — um deles nesta semana. Quero lembrar ainda que repórteres nossos foram hackeados por esses marginais. Por último, no caso da matéria ‘O Amigo do Amigo do Meu Pai’, que causou a censura da revista, o documento utilizado estava entranhado no processo, como é público e notório. Esses hackers precisam ser punidos exemplarmente. Continuaremos a fazer a nossa parte nesse sentido.”
Autoridades ligadas à investigação ouvidas por nossos repórteres disseram, reservadamente, que a menção a Crusoé e O Antagonista foi feita pelo parceiro do hacker para “criar fato”. Também afirmaram não haver nos autos qualquer lastro probatório a sustentar a declaração, que teria claro objetivo de lançar suspeitas infundadas contra a revista e o site.
Leia a vigarice:
O Antagonista
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