Grande presença de ambientalistas e movimentos sociais gerou fortes vaias em apresentação da Copelmi
Por Eduardo Amaral
Auditório teve grande ocupação durante discussões | Foto: Fabiano do Amaral
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O clima tenso marcou a audiência pública para debater a instalação da Mina Guaíba, empreendimento da empresa Copelmi que pretende instalar uma mina de carvão a céu aberto em Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre. O encontro, realizado no teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, contou com a presença de representantes de movimentos sociais, dirigentes da empresa, e políticos da Região Carbonífera. Com a maior presença de ambientalistas e representantes de movimentos sociais contrários ao empreendimento, o som de vaias foi a principal reação ouvida no teatro às falas do gerente de sustentabilidade da Copelmi, Cristiano Weber.
Em contrapartida, um grupo menor aplaudia a apresentação de Weber, que mostrou os dados relativos à instalação da mina. Esta é parte de um grande projeto que envolve a implantação do Polo Carboquímico, proposta que pretende aumentar o uso do carvão gaúcho. Caso a mina seja instalada, a previsão é que sejam extraídas 8,1 milhões e toneladas de carvão mineral por ano. A empresa projeta que isso resulte em R$ 218 milhões em impostos por mês e garante que, apenas na fase de instalação, sejam criados 5,6 mil empregos.
Desde que o empreendimento foi anunciado, ambientalistas e integrantes de movimentos sociais se manifestam contrários. Entre os principais apontados por estes grupos estão os impactos ambientais e sociais. A poluição do ar e da água, em conjunto com o impacto em plantações de arroz orgânico e na vida de comunidades indígenas, estão entre os pontos levantados pelos contrários a mina. O caso ganhou atenção do Ministério Público do estado (MP/RS), que entrou com uma ação contra a liberação de licenças ambientais para implementação do Polo Carboquímico, o que impactaria diretamente na implantação da Mina Guaíba.
Promotora de defesa do meio ambiente, Ana Maria Marchesan, diz que já tem em mãos uma “série de laudos” que preocupam em relação aos impactos ambientais. “O carvão libera uma série de elementos químicos quando é retirado debaixo da terra.” No inquérito do MP/RS, o órgão questiona os estudos de impacto ambiental e o que considera “déficit democrático” por parte da Copelmi, já que a empresa não realizou audiências públicas antes da elaboração do projeto.
A Copelmi se defende das acusações de falta de estudos técnicos e, através de seu gerente de sustentabilidade, Cristiano Weber, garante que todos os impactos ambientais e sociais foram previstos. “Tudo foi contemplado, e o que não estava previsto por qualquer motivo nós acrescentamos”, garante. Ele também afirma que o objetivo da empresa é garantir um desenvolvimento sustentável, e culpa a falta de informação pelo que considera acusações desproporcionais. “Depois da tragédia de Brumadinho muitas informações equivocadas foram espalhadas. Muita gente que não conhece o tema está falando sem entendimento. Por exemplo, dizem que a exploração pode gerar chuva ácida, mas isso só é possível com liberação de gases, o que não acontece no caso da mina.”
Plebiscito
Na audiência pública de segunda-feira a deputada estadual Luciana Genro (PSol) anunciou que vai protocolar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) na Assembleia Legislativa para que a população seja consultada através de um plebiscito sobre a instalação da Mina Guaíba. “Se a população votar a favor fará ciente dos riscos que a Mina representa”, afirmou a parlamentar. Para que o projeto chegue à votação no plenário da Casa são necessárias 19 assinaturas. Luciana projeta ter 13 contando com o apoio do PT e do PDT, e precisará buscar na base do governo Eduardo Leite (PSDB) as adesões que faltam.
Correio do Povo
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