Steinmeier também alertou contra retorno do "terror nacional-socialista" à Europa
Líderes prestaram homenagens às vítimas do conflito | Foto: Krzysztof Sitkowski / AFP / CP
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O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu neste domingo perdão às vítimas da agressão alemã de 1939, durante uma cerimônia em Wielun, enquanto seu equivalente polonês, Andrzej Duda aproveitou a comemoração para acusar a Rússia de "tendências imperialistas". "Me inclino diante das vítimas do ataque de Wielun. Me inclino diante das vítimas polonesas da tirania alemã. E peço perdão", afirmou Steinmeier, em alemão e polonês, na presença, entre outros, do presidente da Polônia, Andrzej Duda.
A Polônia foi duramente afetada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, quando perdeu seis milhões de habitantes, metade deles judeus. "Foram os alemães que cometeram um crime contra a humanidade na Polônia. Quem quiser fingir que acabou, que o reinado do terror nacional-socialista sobre a Europa é um acontecimento marginal da história alemã, julga a si mesmo", destacou Steinmeier. O chefe de Estado indicou referência à extrema-direita alemã. Um dos líderes do movimento, Alexander Gauland, afirmou recentemente que os anos do Terceiro Reich foram apenas um "excremento de ave" em um milênio alemão glorioso. "Não vamos esquecer. Queremos lembrar e vamos lembrar", acrescentou Steinmeier.
O presidente polonês Andrzej Duda afirmou que o fatídico ataque que iniciou a Segunda Guerra Mundial em Wielun no dia 1 de setembro de 1939 foi um "ato de barbárie e um crime de guerra". Duda também agradeceu a presença de Steinmeier em Wielun: "Estou convencido de que esta cerimônia entrará para a história da amizade polonesa-alemã". Os dois países atualmente são membros da União Europeia (UE) e da Otan.
O presidente polonês pronunciou, horas depois, seu principal discurso em Varsóvia, diante de cerca de 40 dirigentes estrangeiros, entre eles o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Ele pediu para tirarem lições da Segunda Guerra para suas decisões atuais. "Durante os últimos tempos vemos, também na Europa, o retorno das tendências imperialistas, tentativas de modificar fronteiras à força e ataques contra os Estados", afirmou Duda, sem citar o nome da Rússia, mas referindo-se às operações militares da Rússia na Geórgia em 2008 e na Ucrânia em 2014. "Fechar os olhos não é uma boa solução para preservar a paz. Trata-se de um bom método para alentar personalidades agressivas, para lhes dar caminho livre para novos ataques", acrescentou.
Pence representou o presidente americano Donald Trump em Varsóvia. Ele decidiu ficar nos EUA diante da ameça do furacão Dorian. Durante seu discurso, o vice-presidente reforçou a aliança entre Polônia e Estados Unidos, destacando em várias ocasiões sua forte identidade religiosa. Trump também parabenizou, no Twitter, "nossos amigos poloneses". "É um país fantástico com um povo fantástico".
"Oitenta anos depois da invasão da Polônia pelo exército nazista, devemos lembrar do incêndio da Segunda Guerra Mundial que devastou nossa Europa. Devemos nos envolver agora, mais que nunca, na luta pela paz e por nossos valores", tuitou o presidente francês Emmanuel Macron, representado em Varsóvia pelo primeiro-ministro Edouard Philippe.
A agressão alemã começou com os bombardeios navais à guarnição de Westerplatte, na costa del Báltico, e aéreos à pequena cidade de Wielun. O ataque aconteceu uma semana depois da assinatura de um pacto secreto, o chamado acordo Ribbentrop-Molotov, entre a Alemanha nazista e a União Soviética para dividir a Europa entre ambas. "Vi mortos, feridos... Fumaça, barulho, explosões. Tudo queimava", recordou uma testemunha do bombardeio, Tadeusz Sierandt, hoje com 88 anos.
Também na manhã deste domingo, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki e o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, estiveram em Westerplatte para recordar o combate desesperado de um pequeno grupo de poloneses na cidade de Gdansk, bombardeada por um navio de guerra alemão. Timmermans ressaltou a necessidade de demonstrar gratidão por aqueles que lutaram pela liberdade e insistiu que "trabalhar pela tolerância é algo bom". A Segunda Guerra Mundial deixaria entre 40 e 60 milhões de mortos, incluindo seis milhões de judeus, a maioria vítimas do Holocausto cometido pelos nazistas alemães.
AFP e Correio do Povo
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