por Fabrício de Castro e Aline Bronzati
Nos 12 meses até agosto, o saldo total do crédito no cheque especial subiu 11,6% para R$ 26,14 bilhões; no rotativo do cartão, a alta foi de 18,5%, para R$ 39,78 bilhões, segundo o Banco Central
BRASÍLIA - Em meio à crise econômica, as famílias brasileiras aumentaram o uso do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito nos últimos meses. Dados divulgados nesta quarta-feira, 25, pelo Banco Central mostram que, nos 12 meses até agosto, o saldo total de crédito no cheque especial subiu 11,6%, para R$ 26,14 bilhões. No rotativo do cartão, a alta foi de 18,5%, para R$ 39,78 bilhões.
Juntas, essas duas modalidades de crédito – que são as mais caras oferecidas pelos bancos – registraram um saldo de R$ 65,92 bilhões em agosto. Um ano antes, em agosto de 2018, esse estoque estava em R$ 57,01 bilhões.
Os números mostram que, no período, as famílias aumentaram em R$ 8,91 bilhões o saldo de operações nas duas linhas, que devem ser usadas apenas em momentos de emergência.
“Não gostamos de ver o crescimento do saldo do cheque especial, porque ele tem que ser usado de maneira emergencial”, pontuou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, durante a apresentação dos números. “E, mesmo com a redução da taxa de juros em agosto, o cheque especial continua sendo uma modalidade extremamente onerosa. A recomendação é não usar o cheque da mesma forma que se usa as outras linhas de crédito.”
Em agosto o juro médio do cheque especial caiu 11,8 pontos porcentuais, para 306,9% ao ano. Nos últimos 12 meses, porém, a taxa apresentou alta acumulada de 3,7 pontos porcentuais. Pelas condições atuais, quem fica devendo R$ 5.000 no cheque especial vê a obrigação subir para R$ 5.620 em um mês. Ainda que o custo seja maior, o uso do cheque especial tem aumentado.
“As pessoas estão usando mais o cheque especial pelas razões de sempre: ou houve uma despesa inesperada, ou houve falha de planejamento financeiro”, comentou Rocha. “Outra explicação é a possível ampliação do próprio limite de crédito.”
No rotativo do cartão, o juro médio subiu 6,9 pontos porcentuais em agosto e 32,8 pontos porcentuais em 12 meses, para 307,2% ao ano. Para as pessoas que pagaram pelo menos o mínimo da fatura do cartão de crédito, a taxa média do rotativo subiu 5,3 pontos no mês passado e 38,7 pontos em 12 meses, para 289,0% ao ano. Nesse caso, uma dívida de R$ 5.000 transforma-se após um mês em um compromisso de R$ 5.600.
“Tivemos um aumento da taxa do rotativo em agosto, que se soma ao que se viu nos últimos meses”, pontuou Rocha.
Crédito consignado em alta
Apesar do avanço nos saldos do cheque especial e do rotativo do cartão, o tipo de crédito mais utilizado pelos brasileiros é o pessoal, de custo mais baixo. Em agosto, o estoque de crédito pessoal para as famílias subiu 1,0%, para R$ 494,92 bilhões. Em 12 meses, o porcentual de crescimento é de 12,9%.
No caso do crédito consignado – uma das modalidades mais baratas do crédito pessoal, já que há desconto na folha de pagamentos ou diretamente dos benefícios do INSS –, o saldo cresceu 1,1% em agosto e 11,8% em 12 meses, para R$ 367,84 bilhões.
Fonte: Estadão - 25/09/2019 e SOS Consumidor
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