por MARTHA IMENES
Pesquisa aponta que 61% dos internautas usaram aplicativos com esse intuito. Especialistas alertam que praticidade pode esconder muitas armadilhas
Rio - As compras pela internet deram um boom nos últimos 12 meses: pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que 61% dos internautas usaram aplicativos de lojas e até redes sociais para adquirir um produto ou serviço. Mas, atenção, a praticidade da compra online pode esconder algumas armadilhas. Ao agir por impulso, o consumidor corre risco de ter seus dados roubados, por exemplo. Sem contar no famoso "pagou mas não levou". E como se precaver para não cair em uma furada?
A principal dica de Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, é ter disciplina para não comprar mais que é necessário. "O primeiro passo é analisar os seus hábitos de consumo e planejar as compras com antecedência. Com essa facilidade de não precisar sair de casa para ter o que deseja, ficamos muito mais suscetíveis a descontrolar o orçamento em poucos toques", alerta, ressaltando que assim o consumidor minimiza a possibilidade de exposição de dados na internet.
O especialista chama atenção para sites duvidosos. "É preciso tomar cuidado em qual e-commerce ou aplicativo a compra será feita. Fique atento aos selos e pesquise a opinião de outros compradores e sites de defesa do consumidor, principalmente em relação à entrega. Você pode comprar um produto e não receber", orienta.
Para Bruno Prado, da UPX - empresa de tecnologia focada em segurança cibernética -, o consumidor deve evitar redes de wi-fi públicas para compras em e-commerces. "Todas as informações trafegadas nesse tipo de ambiente estão sujeitas à interceptação e possíveis fraudes", adverte. E acrescenta: "Nunca insira senhas, números de cartão de crédito, e-mails e outros dados pessoais em aparelhos ou equipamentos de terceiros".
Os descontos e promoções "imperdíveis", similares aos golpes aplicados pelo WhatsApp que O DIA tem noticiado, devem ser motivo de desconfiança. "Não clique em promoções suspeitas ou com preços muito atrativos enviadas por e-mail, WhatsApp ou SMS. Esses links redirecionam para sites falsos", alerta.
Como se proteger
E como não cair em um site falso? Segundo Prado, o consumidor deve digitar o endereço da página no navegador e não usar links salvos no e-mail, nos buscadores ou nos favoritos do computador, pois as informações podem ter sido alteradas por cibercriminoso que acessou a máquina por meio de algum vírus ou malware.
Outra dica é comprar em lojas virtuais conhecidas e com boa reputação. O Procon tem uma lista chamada "Evite esses sites" possível de ser consultada. "Manter o antivírus e o sistema operacional atualizados é essencial para a segurança online", finaliza. Fique de olho nas fraudes mais comuns
Engenharia social
Essa é uma das formas mais utilizadas para fraudes pessoais e organizacionais, com o uso de um conjunto de métodos e técnicas que têm como objetivo obter informações sigilosas e importantes. Por meio de investigações na internet, principalmente em redes sociais, o engenheiro social consegue levantar informações que podem ser capturadas quando a vítima for abordada, auxiliando na manipulação psicológica para induzir as pessoas a fazerem ações específicas. Como fugir disso?
Bruno Prado é direto: "Limite o que você compartilha. A engenharia social é o maior risco de segurança pessoal e corporativo, quanto mais informações pessoais você coloca na internet (principalmente redes sociais), mais recursos para golpes os cibercriminosos têm", diz.
Phishing
O especialista explica que essa é uma das principais técnicas usadas por hackers para acessar informações pessoais, como senhas, cartão de crédito, CPF e número de contas bancárias. É feito por meio do envio de e-mails falsos ou do redirecionamento do usuário a sites fraudados. Normalmente, os golpes acontecem por mensagens bem elaboradas com o nome de organizações legítimas, órgãos governamentais e bancos, o que induzem o usuário a atualizar, validar ou confirmar dados.
Saiba evitar
"Ao receber uma comunicação, veja quem é o remetente ou se o link corresponde à empresa que está entrando em contato com você. Em muitos casos, as tentativas de phishing envolvem descontos e promoções para atraírem a atenção da vítima. Nesses casos é importante checar direto no site da empresa e veja se a promoção também aparece", orienta.
Roubo de identidade
Hackers têm obtido acesso a dados pessoais com certa facilidade, principalmente devido aos frequentes vazamentos de informações. De posse dos dados vazados, eles se passam pelas vítimas e fazem compras na internet, assinaturas de serviços, criam dívidas e outros usos indevidos.
O que fazer?
Há ferramentas para monitorar dados. Inserindo informações pessoais (e-mail, nome completo, identidade, CPF) você sabe se houve vazamento para tomar medidas de segurança necessárias.
Facilidade de acesso é estímulo para mais da metade dos usuários
A facilidade de acesso é o que mais estimula a comprar via aplicativo (52%), uma vez que a aquisição pode ser feita pelo próprio celular, de qualquer lugar, mostra a pesquisa da CNDL. Outras razões apontadas são praticidade e rapidez (46%), oferta de produtos ou serviços com melhores preços (41%), além da possibilidade de organizar as compras de acordo com interesses e gosto pessoal (26%).
Quanto aos produtos mais comprados pelos internautas via aplicativos de loja nesse período, os eletrônicos e itens de informática (39%) lideram o ranking — percentual que chega a 50% entre os homens. Em seguida aparecem contratação de serviços de transporte particular (37%), vestuário (32%), itens para casa (31%) e pedidos de comidas ou bebidas por delivery (26%).
"A economia em torno da indústria dos aplicativos deverá crescer de forma exponencial nos próximos anos no país e o varejo precisa estar de olho nessa tendência, principalmente diante desse novo cenário em que a preferência dos consumidores por apps de lojas vem aumentando", avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
"É o momento de as marcas construírem relacionamentos mais próximos a seus clientes e entenderem melhor sobre seus hábitos de consumo, suas necessidades e preferências", conclui Pelizzaro Júnior.
Fonte: O Dia Online - 01/09/2019 e SOS Consumidor
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