segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Com guerra comercial, China celebra 70 anos da Revolução Comunista

China passou de país devastado pela guerra à segunda maior economia do mundo. Agora, em meio à guerra comercial com os EUA, país tenta manter o crescimento

Por Redação EXAME

China se prepara para os 70 anos da Revolução Comunista

China: país celebra nesta semana os 70 anos da revolução que colocou o Partido Comunista no poder (Kevin Frayer/Getty Images)

A China celebra nesta semana os 70 anos da revolução que colocou o Partido Comunista no poder. No dia 1º de outubro de 1949, era fundada a República Popular da China (RPC), que anos mais tarde se tornou uma potência econômica capaz de brigar com os Estados Unidos.

Com o aniversário, a RPC ultrapassa em um ano o tempo de existência da União Soviética e o Partido Comunista se torna o segundo partido há mais tempo no poder, atrás somente do Partido dos Trabalhadores da Coreia.

Para comemorar, o governo organizou um gigantesco desfile militar na capital Pequim, liderado pelo presidente Xi Jinping e marcado para as últimas horas desta segunda-feira 30, pelo horário de Brasília. O evento vai contar com cerca de 15.000 funcionários e centenas de aeronaves e peças do arsenal militar.

O desfile com aparatos militares modernos busca lembrar como o país passou de um território devastado pela ocupação japonesa, com 90% da população vivendo no campo, para tornar-se 60% urbano e a segunda maior economia do planeta.

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Na última sexta-feira 27, em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi disse que, nas últimas sete décadas, 850 milhões de chineses foram retirados da pobreza e que centenas de milhares ingressaram na classe média.

O que o ministro não deixou claro é que o período de transição não foi fácil para os chineses. O líder Mao Tse-tung, que fundou a RPC, realizou reformas estruturais, coletivizou fazendas e reestruturou as estruturas sociais do país, mas cerca de 45 milhões de pessoas morreram de fome durante seus anos no poder.

Parte do que tornou a China uma potência no século 21 foram as mudanças lideradas por Deng Xiaoping há 40 anos, que colocaram o país em um modelo econômico único, chamado de “economia socialista de mercado”.

Hoje, o governo de Xi Jinping, que reforçou o controle da mídia estatal e construiu um novo culto em torno dos símbolos de Estado, tenta manter o crescimento da nação. Em 2019, o país sofre com os efeitos da guerra comercial travada com os Estados Unidos, na qual ambos atuam sobretaxando milhões de dólares em produtos dos rivais. As consequências internas já são sentidas, com o crescimento da produção industrial em agosto subindo 4,4%, o ritmo mais fraco em mais de 17 anos.

Politicamente, o país também sofre com os protesto de Hong Kong, que acontecem ininterruptamente há mais de três meses, na pior crise com a ex-colônia britânica desde seu retorno à China em 1997. Em 9 de junho, mais de um milhão cidadãos da ilha, que gozam de autonomia em relação ao governo central chinês, foram às ruas protestar contra uma lei do governo local que autorizaria extradições para a China continental.

Devido à repressão violenta por parte das autoridades, agora, mesmo com a retirada oficial do projeto de lei, os governantes não conseguem cessar os protestos, que ganharam repercussão internacional — neste domingo 29, os protestos voltaram a ter confronto entre a polícia e os manifestantes, com alguns cartazes criticando os 70 anos de governo do Partido Comunista.

As crises internas e externas acontecem enquanto a China tenta expandir sua “nova Rota da Seda”, batizada de “Iniciativa Belt and Road”. O projeto foi lançado em 2013 para investir mais de 1 trilhão de dólares em infraestrutura na Ásia, Europa, Oriente Médio e África e tornar a China uma força de influência no Oriente.

Até agora, foram mais de 200 bilhões de dólares emprestados e 90 bilhões investidos, segundo o governo. Para conseguir focar novamente as atenções no crescimento, contudo, o presidente Xi Jinping precisará negociar com os descontentes, dos Estados Unidos a Hong Kong.


Exame

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