Desgaste com atraso dos salários é um dos principais elementos levados em conta por Eduardo Leite
Por Flávia Bemfica
| Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini / Divulgação CP
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São três os principais fatores que pesaram sobre a decisão do governo Eduardo Leite (PSDB) de não enviar em agosto para a Assembleia Legislativa os projetos com as mudanças na previdência e nas carreiras dos servidores. O primeiro é o desgaste decorrente do maior atraso já ocorrido na quitação dos salários do funcionalismo, que está acontecendo justamente entre agosto e setembro, praticamente emendando o pagamento de folhas distintas. No último dia 23, Leite chamou um evento para anunciar que a folha do mês de junho só será quitada em 12 de agosto e, no dia 13 de agosto, terá início o calendário de pagamentos julho. No dia 31, o Executivo fez novo anúncio, informando que os salários de julho serão quitados até 13 de setembro.
No entendimento dos articuladores do Piratini, enviar nas próximas semanas conjuntos de projetos de reestruturação de carreiras e mudanças na previdência, ambos no sentido de cortar vantagens ou acabar com situações que, de alguma forma, se traduzem em aumento nos rendimentos, impactaria demais não apenas a situação financeira, mas também o ânimo dos servidores. De quebra, traria reflexos negativos sobre a imagem do governo que, neste momento, após ter questionada judicialmente a nova operação de venda de ações do Banrisul que preparava, busca uma solução alternativa para cumprir a promessa de colocar os salários em dia até o final do ano. O governo estimava arrecadar aproximadamente R$ 2,4 bilhões.
O segundo fator determinante do adiamento foram os recados emitidos a partir de diferentes pontos da base aliada. Ela fez chegar ao Executivo sua preocupação em votar projetos que atingem carreiras muito numerosas e articuladas, como as do magistério e as da segurança pública. Algumas, como as do magistério, com remunerações médias baixas. E sem que, na outra ponta, exista uma proposta "robusta" do Executivo para equacionar diferenças ou combater o que muitos consideram "privilégios" para as chamadas "carreiras do topo".
O terceiro fator a pesar sobre a decisão foram as conversas mantidas na quinta-feira com o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante sua passagem pelo RS. Guedes disse acreditar ainda que o Senado possa incluir estados e municípios na reforma da previdência, possibilidade que havia sido praticamente descartada por governadores. Se a mudança acontecer, o projeto voltará para a Câmara, ou seja, ainda será preciso mais tempo.
Correio do Povo
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