Requerimento de criação conta com 15 assinaturas
Por Luiz Sérgio Dibe
Vereadores protocolam requerimento de criação de CPI para investir acusações contra o prefeito Nelson Marchezan Jr | Foto: Leonardo Contursi / CMPA / CP
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O pedido para instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), sobre atos da Prefeitura da Capital, foi apresentado na manhã desta terça-feira à Mesa Diretora da Câmara, contendo 15 assinaturas de vereadores e abrindo um novo front de batalha em um momento já conturbado na cena política de Porto Alegre. Serão investigados temas relacionados ao chamado "banco de talentos", instituído pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) para captação de recursos humanos, e também a participação de um servidor nomeado concomitantemente em dois cargos diretivos na administração municipal.
"O foco será na questão do banco de talentos, que foi uma estrutura criada, de fora para dentro da administração, sem licença legislativa. Por meio deste serviço houve trânsito indevido de informações pessoais e sigilosas. Além disso, os indícios são de que o serviço, o qual teve uma aura de novidade e inovação sobre si, funciona mesmo sob o critério da indicação política, com concessão e retirada de cargos conforme o interesse do governo", apontou o vereador Adeli Sell (PT).
Adeli participou nesta manhã do protocolo do pedido de CPI, na Presidência da Câmara, acompanhado de colegas de bancada e vereadores do PSol. Segundo ele, no caso do servidor nomeado para mais de uma função, "há evidente utilização do cargo para fins privados", sustentou o petista.
Vice-líder do governo, o vereador Josué Barboza (PSDB) disse considerar que não haverá problemas para o prefeito em responder aos questionamentos que lhe forem diligenciados pela CPI. Ele afirmou que, em seu entendimento, há um desejo de antecipação dos debates eleitorais. "Alguns vereadores vão se esforçar muito nos próximos meses para fazer dessa CPI um palanque eleitoral. A Câmara vai ter um ritmo diferente e vejo prejuízo à população por conta disso", contra-atacou.
Barboza garantiu que, se qualquer irregularidade chegasse ao conhecimento de Marchezan, haveria uma rápida providência. "Vamos esperar para ver se será um trabalho sério ou se farão um palco para a oposição ao governo nessa CPI", comentou o vice-líder do governo.
Crise política
Desde abril, quando a revisão da planta do IPTU intensificou sua tramitação, ocorrem episódios de desentendimentos e de trocas de farpas entre o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), ex-aliados, integrantes da base e da oposição ao governo, em diferentes circunstâncias e atribuindo um clima mais tenso que o convencional em uma Casa Legislativa.
Nessa semana, o plenário da Câmara barrou a admissibilidade de um processo de impeachment. Aliados de Marchezan acusaram a presidente da Casa, vereadora Mônica Leal (PP), de acelerar deliberadamente o trâmite da matéria para desgastar a imagem do prefeito. Mônica argumentou ter seguido rigorosamente o regimento interno e foi defendida por outros vereadores.
Recentemente, o PP retirou-se da base do governo depois de troca de notas públicas com a Prefeitura, apontando os termos do desentendimento que conduziu à ruptura. Estariam em jogo posicionamentos individuais de integrantes da bancada progressista e exonerações de indicados pelo partido para compor a administração.
Antes disso, divergências sobre o projeto do IPTU já vinham estremecendo o relacionamento entre o governo e parte de seus aliados, ocasionando contestações sobre a própria condução da matéria em seu trâmite legislativo.
Assinaram o requerimento da criação da CPI:
PSOL: Professor Alex Fraga, Karen Santos e Roberto Robaina
PT: Aldacir Oliboni, Adeli Sell, Engenheiro Comassetto e Marcelo Sgarbossa
PDT: Mauro Zacher e Márcio Bins Ely
PP: Mônica Leal, Cassiá Carpes, João Carlos Nedel e Ricardo Gomes
PSD: CLáudia Araújo
Novo: Felipe Camozzato
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