Por Claudio Dantas
A Polícia Federal anexou aos autos da Operação Pentiti emails e depoimentos de Marcelo Odebrecht que implicam José Eduardo Cardozo no vazamento de informações da Lava Jato e em ações de obstrução da operação.
Num de seus depoimentos, o colaborador disse que, desde o início das investigações, sua preocupação era com a “exposição” das contas do grupo na Suíça.
Por isso, teria montado uma estratégia com o ex-ministro e advogado Márcio Thomaz Bastos, a fim de evitar que a Lava Jato chegasse lá. Ele teria buscado o apoio do então ministro da Justiça de Dilma Rousseff.
“A gente sabia que a nossa exposição estaria na Suíça… Então todo o nosso foco foi em cima disso… Evitar a chegada através do José Eduardo Cardozo… Entendeu? Essa nossa estratégia com Márcio Thomas (sic) Bastos… Era isso… Então tudo isso foi feito nessa linha.. Você vai ver que toda essa movimentação, no fundo, envolvia essa questão da “conta suíça”, contaminação, tudo…”
O ex-presidente da Odebrecht se refere a uma série de mensagens trocadas com seus executivos, especialmente com o cunhado e então diretor jurídico, Maurício Ferro, preso na semana passada durante a 63ª fase da Lava Jato.
Num desses emails, Marcelo cobra do cunhado pressão no governo para que a Odebrecht fosse poupada. Maurício relata encontros com o advogado Pedro Estevam Serrano, que faria a ponte com Cardozo, além de reuniões com o próprio ministro.
Depois de um desses encontros, o cunhado diz que Cardozo “ficou de atuar”. Em contrapartida, a Odebrecht deveria “segurar os demais”.
“Melhor reunião que já tive com ele. Pela primeira vez o vi com objetivo e motivado para resolver. Estamos alinhados nas prioridades. Soltar logo. Ficou de atuar. Fiquei com alguns deveres de casa. Precisamos segurar os demais do nosso lado.”
Para a PF, os emails corroboram o depoimento de Marcelo Odebrecht, especificamente quanto à “declaração de que as atividades de obstrução eram concentradas na figura de Maurício Ferro” e que a contratação de Pedro Serrano tinha o objetivo de “influenciar indiretamente e obter informações sigilosas relacionadas à investigação”.
Leia também: Em emails anteriores à prisão, Marcelo Odebrecht dizia que Dilma sairia “algemada” do Planalto.
O Antagonista
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