quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Irã pede primeiro passo dos EUA com retirada das sanções

Em última entrevista no G7, Trump afirmou que "certamente estaria disposto" a uma reunião com o Irã

Rohani insistiu que

Rohani insistiu que "a chave para uma mudança positiva está nas mãos de Washington" | Foto: Atta Kenare / AFP / CP

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O presidente do Irã, Hassan Rohani, pediu ao governo dos Estados Unidos que dê o primeiro passo com a retirada de todas as sanções contra seu país, um dia depois de o presidente americano Donald Trump considerar possível uma reunião com o colega iraniano.

Em viagem à Ásia, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, afirmou que durante sua visita surpresa ao G7 de Biarritz, na França, havia considerado o encontro "inimaginável" enquanto Washington não voltasse ao acordo internacional de 2015. Após anunciar que os Estados Unidos se retiraria do acordo nuclear com o Irã, Trump implementou uma política de "máxima pressão" sobre Teerã.

No entanto, o presidente americano demonstrou em Biarritz um possível avanço na crise iraniana, considerando realista uma reunião com Rohani. Reagindo a este anúncio, Hassan Rohani estabeleceu suas condições para um encontro. "A primeira etapa é retirar as sanções. Você deve retirar as sanções. Você deve retirar todas as sanções ilegais, injustas e equivocadas contra a nação iraniana", afirmou Rohani a Trump em um discurso exibido pela televisão estatal.

Rohani insistiu que "a chave para uma mudança positiva está nas mãos de Washington", porque o Irã já descartou fazer o que mais preocupava os Estados Unidos: produzir uma bomba atômica. "Se honestamente esta é sua única preocupação, esta preocupação já foi eliminada por meio de uma fatwa emitida pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei", disse Rohani. "Não (estamos tentando) fabricar uma bomba nuclear... nossa doutrina militar se baseia em armas convencionais", completou.

Khamenei emitiu uma fatwa contra as armas nucleares em 2003 e a reiterou diversas vezes desde então. "Assim que dê o primeiro passo", completou Rohani.

Em Biarritz, o presidente francês Emmanuel Macron disse que as "condições para um encontro entre Trump e Rohani "nas próximas semanas" foram estabelecidas por meio da diplomacia intensiva e das consultas. Na última entrevista coletiva do G7, Trump disse que "certamente estaria disposto" a uma reunião com o Irã e afirmou que o período proposto por Macron parecia realista.

Também considerou que Rohani se mostraria favorável. "Acredito que vai querer uma reunião. Acredito que o Irã quer ajustar esta situação", disse Trump.

Rohani indicou que está aberto a manter conversas com os americanos, mas este enfoque provocou críticas da ala ultraconservadora na República Islâmica. No discurso desta terça-feira, o presidente iraniano declarou que a política de seu governo de "interação construtiva" com o mundo está de acordo com o enfoque de "interação extensiva" do líder supremo.

Ele destacou, no entanto, que Washington deve "retratar-se de seus erros" e voltar a seus compromissos sobre o acordo nuclear. "Nosso caminho está claro, se retornarem a seus compromissos, nós também atuaremos completamente de acordo com os nossos", afirmou o presidente do Irã.

Ao mesmo tempo, Rohani advertiu que não quer apenas uma foto. "Nós queremos resolver problemas de uma forma racional, não buscando uma foto. Se alguém quer a fotografia com Hassan Rohani, não será possível", afirmou.

Trump e Rohani devem participar na assembleia geral da ONU no fim de setembro, um cenário que poderia ser propício para o início das conversações.


AFP e Correio do Povo

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