Jornalista criticou a fala do presidente que esteve em uma cerimônia militar no Rio de Janeiro
Bolsonaro participou de cerimônia de formatura de novos paraquedistas | Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / CP
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, durante uma cerimônia de formatura de militares paraquedistas na Vila Militar, no Rio de Janeiro, que o jornalista americano Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept Brasil, poderia parar na prisão aqui no Brasil. “Ele não vai embora. O ‘Green’ pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma ‘cana’ aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou. O presidente comentava uma portaria publicada esta semana pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que permite a deportação “sumária” de estrangeiros considerados “perigosos”.
Bolsonaro, porém, negou que a medida tenha ligação com o jornalista americano, cujo site vem publicando supostos diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba, como Deltan Dallagnol. “Pelo que o Moro falou comigo, ele tem carta branca, né, eu teria feito um decreto. Tem que botar pra fora mesmo, quem não presta tem mandar embora. Não tem nada a ver com o caso desse Green-não-sei-o-quê aí (Glenn Greenwald), nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa nessa portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, pra evitar um problema desse, né, casa com outro malandro ou não casa, ou adota criança no Brasil”, comentou Bolsonaro.
No Twitter, Greenwald disse que as declarações do presidente eram “comentários perturbados”. “Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe”, publicou o jornalista.
O americano também criticou a fala de Bolsonaro sobre a adoção de seus dois filhos. Segundo Greenwald, ele se casou com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) há 14 anos. “Sugerir que alguém adotaria — e cuidaria de — 2 filhos para manipular a lei é nojenta. O Brasil tem 47.000 crianças em abrigos. A adoção é linda e deve ser encorajada, não zombado”, escreveu o jornalista.
Helicóptero
Bolsonaro também admitiu o uso de helicóptero oficial por parentes que foram ao casamento de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), no Rio de Janeiro, em maio deste ano. "Eu fui no casamento do meu filho. A minha família que tinha vindo do Vale do Ribeira estava comigo. Eu vou negar o helicóptero e mandar ir de carro? Não gastei nada além do que já ia gastar", disse Bolsonaro a jornalistas, insinuando que tinha direito a dois helicópteros.
Exaltado, Bolsonaro se recusou a responder se estava no mesmo voo que seus parentes, que aparecem em vídeo dentro do helicóptero, publicado nas redes sociais. Mais cedo, na chegada ao evento, ele se dirigiu a jornalistas reclamando de ter sido questionado ontem pela imprensa sobre o episódio e dizendo que só responderia a perguntas "sérias". "Minha preocupação é com o Brasil. Se errar, assumo o meu erro e arco com as minhas consequências. Até agora pelo que vejo nada errado aconteceu em nenhum momento", completou o presidente.
Agência Estado e Correio do Povo
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