"Manoel da Loteria" faleceu na madrugada deste domingo, aos 71 anos. (Foto: Marcello Campos/Arquivo Pessoal)
30 de junho de 2019 CAD1, Capa – Coluna Direita, Notícias, RS
Sorriso tímido, olhar de menino, passinho apressado pela Rua da Praia, Ladeira, Andrade Neves e imediações. Dinheiro trocado no bolso direito da camisa social sempre impecável, comprovantes de apostas dobrados no lado do coração, com promessas de fortuna em forma de papel.
Esta imagem singela deixará saudade entre os porto-alegrenses, com a morte do vendedor ambulante Manoel Vilson do Nascimento, 71 anos (completados no dia 4 de junho), o “Manoel da Loteria”, ocorrida por volta das 0h30min deste domingo no Hospital Conceição.
Internado no setor de emergência da instituição, de acordo com familiares ele não resistiu a complicações de um quadro de insuficiência renal e infecção pulmonar. O sepultamento foi realizado no final da manhã deste domingo, no Cemitério da Santa Casa. “Foi tudo muito rápido, de surpresa”, contou o seu afilhado William Oliveira.
Trajetória
Em 2017, durante rápida entrevista concedida ao repórter Marcello Campos, do jornal “O Sul”, Manoel declarou sobre o seu tempo de atividade: “Perdi as contas”. Testemunhos dão como certo, porém, a sua onipresença nas ruas, avenidas e marquises do Centro Histórico pelo menos desde o começo da década de 1970.
Morador da Vila Farrapos, na Zona Norte, ele não deixou mulher, filhos ou patrimônio. Esse pequeno-grande homem entregou à capital gaúcha, porém, um baita legado: o exemplo de superação. As dezenas de depoimentos registrados por amigos e conhecidos no Facebook ao longo do dia não poupavam elogios ao vendedor.
O álbum de tipos folclóricos da cidade ganha mais uma figurinha carimbada. Manoel da Loteria agora está na mesma galeria de tipos inesquecíveis como Bataclan, Gurizada Medonha, Teresinha Morango, Arlindo Alfaiate, Homem dos Cachos, Marimbondo, Maria Chorona, apenas para mencionar os mais conhecidos.
O Sul
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