sábado, 27 de julho de 2019

"Pacto" de bancos prometia redução, mas juros do cheque especial aumentam em um ano

Febraban anunciou parcelamento para quitar dívidas, mas na prática média de taxas subiu 17,3 pontos percentuais

Modalidade é a mais cara do mercado

Modalidade é a mais cara do mercado | Foto: Vinicius Roratto / CP Memória

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Um ano após a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciar medidas para reduzir o custo do cheque especial para o brasileiro, a taxa de juros desta modalidade segue em alta. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que, em junho, o juro médio do cheque especial foi de 322,2% ao ano. Em junho de 2018, antes das medidas serem implementadas, a taxa estava em 304,9%. Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para quem tem dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200, desde que o cliente tenha utilizado mais de 15% do limite do cheque especial durante 30 dias seguidos.

Na época, a Febraban defendeu essa migração para linhas mais baratas como uma forma de acelerar a tendência de queda do juro cobrado no cheque especial - o que não se concretizou. Ao contrário, houve uma alta de 17,3 pontos porcentuais do juro médio do cheque no período de um ano. Na prática, uma dívida de R$ 5 mil no cheque especial transforma-se, em um mês, em um compromisso de R$ 5.640, considerando o juro médio de 322,2% ao ano. Esta é a linha de crédito mais cara do mercado.

O custo do cheque especial equivale a 14 vezes o juro do crédito consignado - uma das modalidades mais baratas do mercado. Em junho, o juro médio do consignado foi de 22,8% ao ano. Para os servidores públicos, esta taxa é ainda menor, de 20,8% ao ano. "O crédito consignado se destina a financiar a expansão de consumo das famílias, enquanto o cheque especial se propõe a financiar alguma emergência", comentou o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. "O cheque especial é uma modalidade a ser evitada. Os custos são muito elevados."

A Febraban reconheceu que, no período, a taxa do cheque especial apresentou elevação. Em um levantamento feito com 12 bancos, "que representam cerca de 90% do mercado brasileiro do produto", a Febraban informou que os juros do cheque especial "subiram de 12,2% ao mês para 12,46% ao mês" (298,03% ao ano para 309,24% ao ano).

Entre as modalidades mais caras, destaque também para o rotativo do cartão de crédito. No caso do rotativo regular - que considera operações em que houve o pagamento mínimo da fatura do cartão -, o juro médio atingiu 277,2% ao ano em junho, conforme os números do BC. Um ano antes, em junho de 2018, a taxa estava em 261,1% ao ano.
Apesar dos custos, o BC mostrou que, entre maio e junho, houve alta de 0,4% no saldo das operações de crédito no Brasil, para R$ 3,296 trilhões.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo


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