Fenômeno será melhor observado no Chile, onde ficam principais telescópios do mundo
Por Cleni Dombroski Leal, Mauricio Pasian e Steven Beggs / USP
Fenômeno se repete em ciclos de aproximadamente 18 anos | Foto: Kazuhiro Nogi / AFP / CP
Na próxima terça feira, a América do Sul será privilegiada com a passagem de um eclipse solar total, sendo o local previsto em terra com o melhor avistamento, o Chile, mais especificamente na cidade de La Serena. Coincidentemente, o ponto fica bem em cima de onde se concentram os principais telescópios do Chile (de uma certa forma do mundo), a 500 quilômetros ao norte de Santiago. No próximo ano, em 14 de dezembro, haverá outro, no sul do Chile e Argentina.
Um fenômeno mesmo que conhecido, ainda fascina, e dependendo do evento, chega a atrair multidões. Dificilmente haverá pessoas que não deem uma espiadinha no céu, nem que seja somente para matar a curiosidade.Caso um dia você tenha a curiosidade de ver um ao vivo e a cores, se prepare, pois terá de colocar a mão no bolso, uma vez que os preços de passagem, hospedagem e restaurantes ficam estratosféricos nos locais aonde ocorrem, e as reservas têm de ser feitas com pelo menos um ano de antecedência.
A região norte do Chile é considerada um dos melhores pontos de observação estelar de nosso planeta, não apenas por conta da baixa umidade do ar (baixa difração da luz), mas também pelo grande número de noites limpas do ano, pela altitude de mais de 2000 m acima do nível do mar (baixo nível de poeira) e pela pouquíssima iluminação artificial, já que é uma região de baixa ocupação humana.
O tempo total de escuridão da sombra de um Eclipse Solar Total é de poucos minutos, é muito rápido, não passando de 7 minutos e dependendo do local e do ponto do trajeto do Eclipse que você estiver, esse tempo varia. No caso especifico do Eclipse no Chile, no dia 2 de julho, o tempo da sombra prevista não atingirá 2 minutos. Se você pretende fotografar o evento, tudo deverá estar milimetricamente cronometrado: os equipamentos fotográficos têm de estar a mão e testados, pois se errar, só em outro local para ter outra oportunidade.
Raridade
O fascínio pelos eclipses está ligado ao baixo número de ocorrências a cada 365 dias do ano. Isto porque a órbita da Terra em torno do Sol e a órbita da Lua em torno da Terra não estão alinhadas no mesmo plano. Caso estivessem, teríamos um eclipse solar a cada Lunação (Lua Nova) ou seja a cada 29,5 dias. A quantidade de eclipses por ano pode variar de no mínimo quatro (dois eclipses da lua e dois do sol), podendo excepcionalmente chegar a 7 por ano (em 1982, tivemos quatro eclipses solares e três lunares).
Essa variação de quantidades ocorre devido a simples razão de o ciclo dos eclipses ocorrerem aproximadamente a cada 177 dias, ou seja, dois ciclos de eclipses ocorrem a cada 354 dias um pouco menos dos 365 dias de um ano. Caso um ciclo de eclipses ocorra no mês de janeiro, além de ocorrer um segundo ciclo em junho ou julho, poderá ocorrer um terceiro ciclo no mês de dezembro, fornecendo assim esse número mágico de sete por ano.
Ciclos definidos
Por mais incrível que possa parecer, os tipos e formatos dos eclipses se repetem em ciclos definidos. Devidos aos movimentos e padrões harmônicos e repetitivos dos corpos celestes, desde os tempos da Babilônia se observou que os eclipses se repetiam em determinados ciclos, formando séries por um determinado intervalo de tempo.
O caso conhecidíssimo na astronomia é o “Ciclo de Saros”, que resulta em uma repetição de um eclipse solar ou lunar a cada 6.585,3 dias, (18 anos, 11 dias e 8 horas). O número de dias não é inteiro, mas pode-se prever quando os eclipses praticamente idênticos irão ocorrer no futuro.
Ou seja, um eclipse observado hoje irá repetir o seu tipo e formato daqui a 18 anos, com um detalhe, ele só não irá ocorrer próximo ao mesmo local, devido o seu ciclo, além dos dias, ter cerca de 8 horas adicionais no dia. No caso de um eclipse solar, isso significa que a região de ocorrência do eclipse solar irá se deslocar a cerca de 120º a oeste, em razão da terra ter girado em 8 horas, 1/3 de seu percurso de rotação de um dia.
O interessante é que pode-se dizer que o “Ciclo de Saros”, contem em torno de 70 ciclos “ativos”, já que, com o passar dos milênios, alguns ciclos deixam de existir, ou seja, um mesmo eclipse, que ocorria a cada 6 585,3 dias, deixa de ocorrer para dar lugar a novos ciclos.
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