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terça-feira, 30 de julho de 2019

Cuidados com a saúde bucal fazem a diferença na prevenção de doenças

Pacientes com problemas na boca têm até 2,5 vezes mais propensão de sofrer infarto, AVC e problemas respiratórios

Especialista recomenda uma higienização completa (escovação excelente) e, principalmente, uso de fio dental

Especialista recomenda uma higienização completa (escovação excelente) e, principalmente, uso de fio dental | Foto: SHUTTERSTOCK / DIVULGAÇÃO / CP

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Todas as pessoas têm diversos tipos de bactérias no corpo, incluindo na boca. Alguns organismos “lidam” melhor com esses seres do que outros. A grande questão é que os organismos que apresentam maior resistência acabam desenvolvendo “reações inflamatórias” como forma de defesa e esse cenário pode surgir de várias maneiras, entre elas nas doenças de gengiva. “Hoje sabemos, por exemplo, que a obesidade é um processo inflamatório que afeta todo o corpo e as doenças da boca também atingem todo o organismo de forma geral”, ressalta Ernani Calvete, formado em Odontologia pela Ufrgs e com especialização em Periodontia pela Universidade de Gotemburgo, Suécia.

A gengivite passa por alguns estágios, desde o leve, em que o organismo faz uma inflamação para tentar controlar as bactérias, até os mais crônicos, como a reabsorção do osso e, com isso, a expulsão dos dentes. “Ele cai inteiro neste caso”, alerta. O especialista explica que os casos mais severos podem surgir inclusive na adolescência e levar vários anos para o agravamento, caso não haja os devidos cuidados com a saúde da boca.

Apesar disso, Calvete destaca que existem pelo menos quatro sinais de que algo está ficando inadequado na saúde bucal: sangramento no toque da gengiva (por exemplo, com o fio dental ou a escova), gengiva avermelhada (a gengiva saudável é cor-de-rosa, se está vermelha é sinal de que há algo errado), gengivas levemente inchadas e mau hálito. Quando esses sintomas começam a surgir com frequência, é preciso tomar uma atitude e ir em busca da ajuda profissional. Além do mau hálito ou até de um quadro mais grave, como a perda do dente, estudos recentes indicam que o paciente com doenças da boca tem até 2,5 vezes mais propensão de sofrer infarto, AVC e problemas respiratórios. “Gestantes também têm maior risco de partos prematuros e os bebês podem ter menos peso ao nascer”, esclarece.

Apesar dos avanços e tratamentos nesta área, Calvete faz um alerta. “Temos muitos recursos hoje em dia, um deles é o implante. Porém, da mesma forma como o organismo reage para expulsar uma bactéria e, com isso, acaba gerando a expulsão de um dente quando não consegue vencê-la, isso pode ocorrer no implante e, com isso, se tem a perimplantite”, observa.

O especialista destaca que é fundamental ampliar os cuidados e manter higiene bucal adequada, priorizando a prevenção. Ele recomenda uma higienização completa (escovação excelente) e, principalmente, uso de fio dental. Caso haja sangramento e se esse sintoma permanecer, é sinal de que a pessoa precisa conversar com um profissional. “Há pesquisas que indicam que cerca de 20% das pessoas têm suscetibilidade à doença da gengiva, ou seja, um a cada cinco brasileiros”, explica. “Todos acumulamos placas bacterianas e elas contribuem para esses cenários indesejados. Porém, ao seguir a orientação do profissional, há a chance de diminuir ou evitar os riscos de desenvolver essas doenças”, observa. Ele explica ainda que “todas as pessoas têm as mesmas bactérias e reagem de maneiras diversas, mas há algumas delas que são extremamente agressivas e geram grandes problemas”. Calvete lembra ainda que estudos mostram que uma determinação genética faz com que algumas pessoas sejam mais suscetíveis a determinadas doenças. “Sabemos que quem tem ou é suscetível à doença periodontal é provavelmente também suscetível a infarto e a isquemia cerebral. Desta maneira, fica claro que cuidar dos dentes e das gengivas é mais do que manter um belo sorriso, é também cuidar do coração e da saúde em geral.”

Em relação aos tabagistas, ele destaca que o problema se agrava ainda mais, visto que o organismo dos fumantes “envia defesas em menor quantidade ao corpo” e, com isso, há uma certa aceleração do processo inflamatório. No que diz respeito ao uso de pastas de dentes que ajudam na sensibilidade, o especialista esclarece que esses produtos auxiliam em relação aos dentes e não às gengivas. Vale lembrar que a doença periodontal, também chamada periodontite ou piorréia, é de origem infecciosa causada pelas bactérias da placa bacteriana. Por isso, ele destaca que é importante fazer limpezas e a remoção das placas bacterianas. A frequência do tratamento dependerá de cada organismo. “Organismos mais suscetíveis à doença acabam formando, por exemplo, tártaros e placas bacterianas e, se não tratados, geram muitos problemas à saúde. Por isso, o cuidado, a prevenção e a orientação profissional são muito importantes.”

Medidas preventivas:

- Higienizar os dentes no mínimo uma vez ao dia
(idealmente duas vezes) usando escova e fio dental.

- Visitar o dentista regularmente para profilaxia e eventual diagnóstico
precoce de doenças.

OBS: Essas medidas também são importantes para a prevenção de cáries, assim como uma dieta com baixa frequência de ingestão de carboidratos e uso de pasta de dentes com flúor.


Correio do Povo


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