A alemã Lisel Heise conseguiu entrar para o conselho municipal de sua cidade natal. (Foto: Reprodução)
Aos 100 anos, a alemã Lisel Heise conseguiu entrar para o conselho municipal de sua cidade natal, a pequena Kirchheimbolanden, no sudoeste da Alemanha. Um pleito local realizado no último dia 26 confirmou a eleição da centenária a uma das cadeiras do conselho. As informações são da emissora internacional de notícias da Alemanha Deutsche Welle.
A ex-professora de educação física vinha lutando há muito tempo pela reabertura da piscina pública ao ar livre de sua cidade, que se tornou o principal mote de sua campanha. Cansada de não obter resultados, ela decidiu se lançar na política.
Heise se candidatou a uma das vagas do conselho municipal após ser consultada pelo grupo popular local Wir für Kibo (algo como “nós por Kirchheimbolanden”), que faz uma campanha por maior transparência e envolvimento público na política regional.
Na eleição, o grupo conquistou duas cadeiras no conselho, composto por 24 assentos, ao receber quase 9% dos votos da cidade. Originalmente em 20º lugar nas projeções, Heise cresceu em popularidade e foi a mais votada entre os candidatos do Wir für Kibo – ela recebeu 991 votos, precisamente.
“Quem quer mudar alguma coisa precisa trabalhar por isso”, disse a mais nova política de Kirchheimbolanden, de quase 8 mil habitantes, sobre sua candidatura. Para ela, trabalhar para promover mudanças políticas e sociais é algo que independe da idade.
A alemã espera agora ter sua voz finalmente ouvida depois de anos se sentindo ignorada pelas autoridades locais. Ela costuma mencionar a maneira como o microfone era tirado de sua mão em reuniões públicas, sempre que mencionava o assunto da piscina.
A aposentada lamenta a perda da piscina – fechada em 2011 – afirmando que era um “paraíso para as crianças”, que a cidade nunca deveria ter deixado fechar. “Eu cresci lá”, disse ela durante a campanha.
“Eu sei, por experiência própria, como ela é importante, tanto para o espírito, quanto para o corpo.”
Quanto a seus pontos de vista políticos mais amplos, ela é pró-europeia – acha que o Brexit, a saída britânica da União Europeia, nunca deveria ocorrer – e saúda os esforços de estudantes na campanha contra as mudanças climáticas. Mas teme que a sociedade esteja emburrecendo.
“Basta ligar a televisão. Durante o dia, só tem blá blá blá. As coisas que são realmente interessantes, politicamente interessantes, só passam à noite, quando os trabalhadores estão dormindo. Como resultado, eles não são devidamente informados”, disse antes de ser eleita.
Nascida logo após a Primeira Guerra Mundial e testemunha da Segunda Guerra e da reconstrução da Europa, Heise ainda descreve a nova onda nacionalista no continente como uma “loucura”.
Muito popular na cidade por conta de sua antiga profissão, a aposentada segue agora os passos do pai, que era membro do conselho antes da Segunda Guerra. Ele foi preso por quatro semanas depois de criticar a destruição de sinagogas pelo regime nazista.
O Sul
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