Líder brasileiro desagrada argentinos ao criticar Cristina Kirchner e gera receios na campanha de reeleição do presidente
Por Denise Chrispim Marin
Maurício Macri e Jair Bolsonaro: temor de que a imagem do brasileiro cole na do argentino (Juan Mabromata/AFP - Cristiano Mariz/VEJA)
Ao apertar a mão de Jair Bolsonaro na Casa Rosada nesta quinta-feira, 6, o presidente da Argentina, Maurício Macri, arriscou-se a perder votos na eleição de eleição de outubro, segundo analistas argentinos. Ainda assim, o recebeu com honras de visita de Estado e cedeu o palácio de governo, no centro de Buenos Aires, para os encontros do brasileiro com os líderes do Congresso e da Corte Suprema de Justiça.
A visita de Bolsonaro nada tem a ajudar o candidato em sua reeleição. Macri tenta ao máximo evitar a colagem de sua imagem na do líder brasileiro – ainda mais quando está em franca disputa com a ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner, a peronista mais habilitada à caça de votos da Argentina.
“Se há algo que Macri não quer é ser tachado de ideológico, de centro direita, de populista de direita, de neoliberal”, afirma Carlos De Angelis, professor de Sociologia da Opinião Pública da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
“A imagem de Macri já está deteriorada. Começou seu governo com 66% de aprovação. Agora, está com 28%. Mas, no atual contexto, a visita de Bolsonaro poderá afetar ainda mais sua campanha eleitoral”, avaliou o analista político Diego Reynoso.
A mais recente pesquisa eleitoral divulgada no país, do instituto Synopsis, aponta vantagem de apenas 0,4 ponto porcentual para a chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner em um segundo turno, se descontados os eleitores indecisos (7,4%). O presidente tem 46,1% de intenções de voto, enquanto a dupla peronista, 46,5%, segundo o jornal Perfil. Nesta quinta-feira, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna entrou na corrida presidencial, fato que tornará ainda mais difícil para Macri preservar seu eleitorado cativo.
Para De Angelis, Macri tem núcleo duro conservador, que representa cerca de 15% de seu eleitorado cativo. Trata-se de uma parcela preocupada com a segurança pública e passível ao discurso duro de Bolsonaro nessa área. A representante mais visível dessa linha é a ministra de Segurança, Patrícia Bullrich, considerada como possível vice na chapa de Macri.
Mas há também os 20% muito decepcionados com os resultados da política econômica de Macri e a parcela mais progressista de seu eleitorado – a que quer a descriminalização do aborto e defende as agendas de igualdade de gênero e de direitos das minorias. Essa parcela do eleitorado certamente não ficará contente com a chegada do líder brasileiro, alerta De Angelis.
Nessa última categoria entram também os argentinos que vivenciaram os anos de chumbo da ditadura militar (1976 a 1983) argentina, que deixou 30.000 mortos e desaparecidos, além de torturados e de bebês sequestrados e entregues a outras famílias. Não à toa, as Mães da Praça de Maio, que se reúnem desde os anos 1970 na frente da Casa Rosada todas as quintas-feiras, iniciará uma série de manifestações contra a presença de Bolsonaro no país.
Para o analista político Daniel Bilotta, o desgaste a ser provocado por esses protestos não chegará a macular Macri. “Esta é uma questão para as pessoas da minha geração. Na universidade onde leciono, a maior parte dos estudantes não sabe quem foi Videla”, afirmou Bilotta, referindo-se a Jorge Videla, líder do golpe militar de 1976 que governou a Argentina por cinco anos e acabou condenado à prisão perpétua pela morte de 31 presos políticos.
Diego Reynoso considera que pior seria a visita de Bolsonaro depois de 22 de junho, quando as candidaturas à Presidência serão formalizadas. “Quanto mais perto das eleições, pior seria. Neste momento, a campanha de Macri ainda tem como controlar o dano a ser sofrido.”
Veja também
MundoBolsonaro descarta Argentina e escolhe Chile para primeira viagem
MundoArgentinos convocam protesto contra visita de Bolsonaro
Pedido a Deus
Cristina Kirchner, candidata a vice na chapa peronista: alvo de Bolsonaro na Argentina
Cristina Kirchner, candidata a vice na chapa peronista: alvo de Bolsonaro na Argentina (Martin Acosta/Reuters)
Bolsonaro desembarcou nesta quinta-feira em Buenos Aires com dois passivos anotados pelos formadores de opinião argentinos. Primeiro destino internacional dos presidentes brasileiros recém-empossados, a Argentina tornou-se o quinto lugar a ser visitado por Bolsonaro. O gesto foi percebido como uma desatenção do governo do Brasil com seu principal sócio no Mercosul.
O outro passivo é o conjunto de declarações do presidente brasileiro de apoio à vitória de Macri nas eleições e contra Cristina Kirchner – uma ingerência em assuntos políticos internos notada e recebida como ofensa, pelo lado peronista, e com receio, no círculo de Macri. Nop início de maio, Bolsonaro chegou a dizer que pedia “a Deus” pela derrota eleitoral de Kirchner para que o país vizinho não se torne uma “nova Venezuela”.
“Ao contrário do que ele imagina, Bolsonaro não fará um favor eleitoral ao visitar Macri, que não tem nada a ver com o líder brasileiro. Ele ajudará a subtrair mais votos de Macri”, afirmou Jorge Arguello, ex-embaixador da Argentina nas Nações Unidas e em Washington nos governos dos Kirchner. “Suas declarações sobre as eleições na Argentina foram imprudentes e inoportunas. Custa-nos entender que um presidente peça a Deus para que um candidato não vença a eleição no país vizinho.”
Arguello chama a atenção para o fato de que o Bolsonaro que visita a Argentina nesta quinta-feira é bem diferente do que foi no início de seu mandato, quando poderia muito bem ter desembarcado em Buenos Aires sem afetar a campanha eleitoral de Macri. O retrocesso da economia brasileira nos últimos cinco meses diminuiu as expectativas e o peso da atual visita de Bolsonaro à Argentina que, nesta crise, depende bem mais dos Estados Unidos e seu poder sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI) do que do país vizinho.
“Em janeiro, ele era o presidente de uma economia que iria crescer 2,6%. Agora, Bolsonaro é o presidente de uma economia que expandirá menos de 1%”, afirmou o embaixador.
Veja
SEMANA ALVISSAREIRA
XVIII- 164/18 - 07.06.2019
________________________________________
HIMALAIA
Antes de tudo é preciso reconhecer que esta primeira semana de junho está terminando de forma muito alvissareira. Ainda que a montanha de problemas que precisam ser enfrentados superam, tanto em altura quanto em extensão, a Cordilheira do Himalaia, há que se reconhecer que a esperança voltou a dar o ar de sua graça.
ESPECULAÇÃO POSITIVA
Começando pela REFORMA DA PREVIDÊNCIA, depois de tantas idas e vindas o pessimismo que reinava à solta até o final de maio já dá lugar a uma perspectiva bem mais robusta de que, enfim, a PEC venha a ser aprovada.
Ainda que tudo não passe de uma ESPECULAÇÃO POSITIVA, o fato é que a probabilidade da REFORMA ser aprovada já parece próxima.
VELÓRIO
Desta vez, em que pese os obstáculos que TODOS os deputados socialistas-comunistas, amantes inveterados do CAOS, seguem colocando no árduo caminho, a maioria dos deputados, senadores, governadores, prefeitos, etc., já se deram conta de que basta não aprovar a REFORMA DA PREVIDÊNCIA para dar início ao VELÓRIO DO BRASIL.
AUTÓPSIA
Àqueles que ainda teimam em não entender que a REFORMA DA PREVIDÊNCIA é a mãe de todas as reformas, e que outras mais só podem ser atacadas após a sua aprovação, é preciso deixar claro o seguinte: caso a REFORMA DA PREVIDÊNCIA seja rejeitada (nem pensar), de nada adianta aprovar qualquer outra. Afinal, em CADÁVERES não há o que fazer além da AUTÓPSIA.
88 ESTATAIS SUBSIDIÁRIAS NÃO EXIGEM APROVAÇÃO
Voltando ao aspecto alvissareiro, ontem, o plenário do STF derrubou, ainda que em parte, a decisão liminar -provisória- do péssimo ministro Ricardo Lewandowski, que impedia a venda de estatais sem o aval do Poder Legislativo. Como o STF decidiu que só a venda das empresas-mãe exigem autorização do Legislativo, isto significa que das 134 estatais federais, 88, por serem subsidiárias, estão livres da encrenca.
MARCO REGULATÓRIO
Se levarmos em conta que boas decisões são muito raras no nosso empobrecido Brasil, ontem o senadores contribuíram de forma muito positiva, aprovando o projeto que define o NOVO MARCO REGULATÓRIO do SANEAMENTO BÁSICO do País. Tal decisão é importantíssima porque facilita sobremaneira a exploração, por parte da iniciativa privada, do saneamento. Ufa!
MARKET PLACE
ATRASADOS - Ontem, 25 governadores divulgaram uma CARTA DE APOIO à manutenção de servidores de estados, Distrito Federal e municípios na proposta de reforma da Previdência Social. Os 2 únicos governadores que não assinam a carta são RUI COSTA , do PT da Bahia, e FLAVIO DINO, do PCdoB do Maranhão.
Depois de ver quais os partidos dos atrasados dissidentes, não há o que comentar, não é mesmo?
DIA DOS NAMORADOS - O Bourbon Shopping vai celebrar este Dia dos Namorados com uma nova edição da festa Lovers ‘n’ Singles que, desta vez, irá transportar seus clientes para Veneza.
Serão duas noites de festa, nos dias 13 e 14 de junho, das 18h às 00h, realizadas no quarto andar do Bourbon Shopping Wallig. O local irá oferecer diferentes atrações, como um palco com música eletrônica e outro com vários estilos musicais de artistas e bandas da nova geração. O espaço terá produção de cabelo, maquiagens temáticas, cartomante e lounge para realização de casamentos no estilo veneziano. Quem quiser, ainda poderá receber uma massagem relaxante, sair da festa com uma tatuagem de henna entre outras experiências.
Entre os dias 03 e 14 de junho, os clientes do Bourbon Shopping devem trocar R$ 400,00 em notas fiscais por um ingresso para uma das noites da festa. As notas fiscais podem ser trocadas no mall de cada shopping, e cada cliente tem o limite de dois ingressos por CPF. Participam da ação os shoppings Bourbon Assis Brasil, Country, Ipiranga, Wallig, Novo Hamburgo e São Leopoldo e San Pellegrino. A classificação etária do evento é de 18 anos.
O regulamento completo pode ser conferido no site www.bourbonshopping.com.br.
ESPAÇO PENSAR +
Eis o texto do pensador Percival Puggina - POR QUE BOLSONARO INCOMODA TANTA GENTE?
Quando leio críticas ao governo por ainda não haver formado sua base de apoio no Congresso Nacional, fico pensando se haverá alguém em Brasília que não saiba como isso vinha sendo feito e qual o preço transferido à sociedade, pagadora que é de todas as contas.
Nosso sistema eleitoral combina eleição proporcional de parlamentares com eleição majoritária de governantes. A eleição proporcional estimula a criação de mais partidos e todo ano, de fato, aparecem alguns, novinhos em folha. Surgem do nada e por nada. Na maior parte dos casos, sem programa nem doutrina; quando muito uma ou outra vaga ideia porque mais do que isso atrapalha no jogo do poder. Ao mesmo tempo, a má fama produz, entre as velhas legendas, sucessivas trocas de nomes, numa quase lavanderia de razões sociais, apagando rastros e traços.
Salvo raras exceções, nossos partidos, pouco ou nada significativos, são desconhecidos da sociedade. Há no Congresso Nacional uma abundância de minorias.
O Presidente, por sua vez, se elege com metade mais um dos votos populares válidos, mas precisa conseguir 3/5 dos parlamentares nas duas casas do Congresso para poder governar porque só fará o que o Legislativo permitir. Deve buscar essa maioria dentro do corpo fluido, atomizado, difuso e confuso, que são as bancadas partidárias.
Em poucas e suficientes palavras: é um sistema político que quer ser democrático, mas é apenas burro, irracional, estabanado, desastroso, como bem demonstram seus resultados. Pergunta-se, então: como se constrói maioria num sistema em que dezenas de siglas permanentemente se acomodam e reacomodam? Se não
for a adesão ao programa vitorioso na eleição presidencial, o que será? Se não forem as evidentes urgências nacionais, o que será?
Há várias décadas, os presidentes têm usado o aparelho de Estado para atrair partidos à sua base, mantendo-lhes o metabolismo que processa, ingere e digere recursos públicos. O resultado mediu-se em corrupção, delações premiadas, fortunas acumuladas no Exterior, democracia fraudada e cadeia para muitos. O combate a esse mecanismo esteve entre as quatro turbinas propulsoras das vitórias eleitorais de 2018: combate à corrupção,
desenvolvimento econômico, segurança pública e retomada dos valores tradicionais. E o Presidente, na percepção de muitos, comete dois erros imperdoáveis: não abre mão dessas plataformas e frustra as expectativas
dos que - urbi et orbi - anunciavam seu governo como uma Caixa de Pandora, repleta de perversidades.
Também por isso insisto na necessidade de uma reforma política que enfrente esse desajuste estrutural das nossas instituições. Se separasse governo, Estado e administração, uma boa reforma eliminaria a apropriação
partidária do Estado e da administração pelo governo (a economia para a nação seria imensa e o país despencaria no ranking da corrupção). Se adotasse voto majoritário para os parlamentos, com eleição distrital, por exemplo, o número de partidos passaria a ser contado nos dedos da mão, com ganho de operacionalidade para o sistema político, maiorias mais facilmente componíveis e enorme redução dos custos financeiros da
democracia.
No modelo que se tornou vigente no Brasil, a mais numerosa força oposicionista vem daqueles que não conseguem viver sem abocanhar uma fatia do Estado.
FRASE DO DIA
Num reino, a multiplicidade de proibições gera a pobreza do povo.
Lao Tse
Nenhum comentário:
Postar um comentário