segunda-feira, 10 de junho de 2019

CHINA DIMINUI SEU APETITE PELA AMÉRICA LATINA!

(Estado de S.Paulo, 09) Atrasos, descumprimento de prazos e corrupção explicam redução dos investimentos. Em maio de 2015, a en­tão pre­si­den­te do Bra­sil, Dil­ma Rous­seff, re­ce­bia no Pa­lá­cio do Pla­nal­to o pri­mei­ro-mi­nis­tro da Chi­na, Li Keqi­ang. Após os ri­tos ofi­ci­ais, os dois as­si­na­ram uma sé­rie de par­ce­ri­as. A prin­ci­pal de­las: um in­ves­ti­men­to de US$ 50 bi­lhões pa­ra a cri­a­ção da fer­ro­via bi­o­ceâ­ni­ca, que atra­ves­sa­ria a Amé­ri­ca do Sul, en­tre Pe­ru e Bra­sil, e co­nec­ta­ria os oce­a­nos Atlân­ti­co e Pa­cí­fi­co.
Qua­tro anos de­pois, Keqi­ang se­gue no car­go, Dil­ma so­freu im­pe­a­ch­ment e na­da saiu do pa­pel. A bi­o­ceâ­ni­ca é um re­tra­to da si­tu­a­ção dos in­ves­ti­men­tos da Chi­na na Amé­ri­ca La­ti­na nos úl­ti­mos dois anos: pla­nos gran­di­lo­quen­tes, al­tos in­ves­ti­men­tos, mas re­a­li­za­ções tí­mi­das.
A Chi­na se­gue com in­te­res­se pe­la Amé­ri­ca La­ti­na, mas a vi­tó­ria de par­ti­dos de di­rei­ta na re­gião, atra­sos e des­cum­pri­men­to de pra­zos, cor­rup­ção e mai­or aten­ção chi­ne­sa a pro­je­tos na Ásia e na Eu­ro­pa, co­mo o da no­va Ro­ta da Se­da, co­nhe­ci­do co­mo “One Belt One Ro­ad”, fi­ze­ram o in­ves­ti­men­to chi­nês di­mi­nuir na re­gião nos úl­ti­mos dois anos.
Fu­sões, aqui­si­ções e in­ves­ti­men­tos pri­va­dos caí­ram de um ní­vel re­cor­de de US$ 17,5 bi­lhões, em 2017, pa­ra ape­nas US$ 7,6 bi­lhões, em 2018, se­gun­do o Glo­bal De­ve­lop­ment Po­licy Cen­ter. E os ban­cos chi­ne­ses – Ban­co de De­sen­vol­vi­men­to da Chi­na e Ban­co de Ex­por­ta­ção e Im­por­ta­ção da Chi­na – emi­ti­ram ní­veis de fi­nan­ci­a­men­to com­pa­ra­ti­va­men­te bai­xos pa­ra os go­ver­nos la­ti­no-ame­ri­ca­nos nos úl­ti­mos dois anos.
“A Amé­ri­ca La­ti­na é vis­ta co­mo uma ter­ra cheia de vi­ta­li­da­de e es­pe­ran­ça na po­lí­ti­ca ofi­ci­al da Chi­na, mas os in­ves­ti­do­res chi­ne­ses há mui­tos anos con­si­de­ram a dis­tân­cia e a cul­tu­ra la­ti­no-ame­ri­ca­nas em­pe­ci­lhos pa­ra ne­go­ci­ar”, afir­mou ao Es­ta­do Zuo Pin, da Uni­ver­si­da­de de Es­tu­dos In­ter­na­ci­o­nais de Xan­gai. “Os am­bi­en­tes nor­ma­ti­vos, os pro­ces­sos de li­ci­ta­ção pou­co cla­ros e a com­ple­xi­da­de lo­gís­ti­ca das em­pre­sas chi­ne­sas de acom­pa­nhar obras e exe­cu­ções a mais de 15 mil quilô­me­tros de dis­tân­cia são al­guns dos prin­ci­pais pro­ble­mas.”
A Bo­lí­via é um exem­plo das apos­tas de al­to ris­co. Em 2016, o pre­si­den­te bo­li­vi­a­no, Evo Mo­ra­les, re­ce­beu o chan­ce­ler da Chi­na, Wang Yi, pa­ra anun­ci­ar um cré­di­to chi­nês de US$ 4,85 bi­lhões pa­ra que o país apli­cas­se em no­ve pro­je­tos de in­fra­es­tru­tu­ra. Ape­nas um saiu do pa­pel, a ro­do­via El Sil­lar, que li­ga Co­cha­bam­ba a San­ta Cruz.
No ca­so da Ve­ne­zu­e­la, a ins­ta­bi­li­da­de po­lí­ti­ca se tor­nou uma fon­te re­gu­lar de es­tres­se pa­ra po­lí­ti­cos e in­ves­ti­do­res chi­ne­ses, e pa­ra ban­cos e em­pre­sas que ope­ram no país. Ape­sar do apoio po­lí­ti­co ao cha­vis­mo, em 2018, o go­ver­no chi­nês in­ter­rom­peu a con­ces­são de em­prés­ti­mos à Ve­ne­zu­e­la, um si­nal da im­pa­ci­ên­cia de Pe­quim com Ni­co­lás Ma­du­ro. A tor­nei­ra fi­nan­cei­ra foi re­a­ber­ta em 2019, mas em ní­veis me­no­res do que em anos an­te­ri­o­res.
Os ca­sos de Ve­ne­zu­e­la e Bo­lí­via são os mais evi­den­tes, mas ale­ga­ções de cor­rup­ção tam­bém afe­tam ou­tros pro­je­tos chi­ne­ses na re­gião, in­cluin­do uma con­ces­são fer­ro­viá­ria de Qu­e­ré­ta­ro, no Mé­xi­co, e du­as hi­dre­lé­tri­cas na Ar­gen­ti­na. Des­de 2002, as es­ta­tais da Chi­na e os ban­cos ma­ni­fes­ta­ram in­te­res­se em cer­ca de 150 pro­je­tos de in­fra­es­tru­tu­ra de trans­por­te na Amé­ri­ca La­ti­na, mas ape­nas a me­ta­de en­trou em fa­se de cons­tru­ção.
Além dis­so, há tam­bém a con­cor­rên­cia com os am­bi­ci­o­sos pro­je­tos da no­va Ro­ta da Se­da, in­ves­ti­men­tos em in­fra­es­tru­tu­ra na Eu­ro­pa, Ásia e Áfri­ca, que po­dem che­gar a US$ 1,9 tri­lhão nos pró­xi­mos anos. “A Chi­na é re­tar­da­tá­ria na área de in­ves­ti­men­tos in­ter­na­ci­o­nais e é for­ça­da a alo­car ca­pi­tal pa­ra paí­ses e re­giões com mai­o­res ris­cos”, diz Wang Yongzhong, eco­no­mis­ta do Ins­ti­tu­to de Eco­no­mia e Po­lí­ti­ca da Chi­na. “Mas há um li­mi­te pa­ra o grau de ris­co ad­mi­ti­do, e dez anos de in­ves­ti­men­to com pou­co re­tor­no é um mau ne­gó­cio pa­ra qual­quer um.”
Por ques­tões po­lí­ti­cas, paí­ses co­mo Equa­dor e Ar­gen­ti­na re­du­zi­ram em qua­se 50% seus pe­di­dos de fi­nan­ci­a­men­to pa­ra a Chi­na, pa­ra não au­men­tar o ní­vel de dí­vi­da so­be­ra­na com­pro­me­ti­da com os chi­ne­ses. Mui­tos paí­ses es­tão sen­tin­do uma pres­são con­si­de­rá­vel de Washing­ton pa­ra evi­tar gran­des acor­dos com a Chi­na, ca­so do Mé­xi­co e de paí­ses do Ca­ri­be, e até mes­mo do Bra­sil.
“Em­bo­ra as re­ser­vas in­ter­na­ci­o­nais da Chi­na te­nham cres­ci­do, os li­mi­tes pro­vá­veis do cré­di­to dis­po­ní­vel obri­ga­rão os ban­cos e es­ta­tais chi­ne­ses a es­co­lher pro­je­tos no ex­te­ri­or com mais cui­da­do”, es­cre­veu Mar­ga­ret Myers, di­re­to­ra do cen­tro de es­tu­dos In­ter-Ame­ri­can Di­a­lo­gue, na re­vis­ta Ame­ri­cas Qu­ar­terly. “Em­pre­sas e ban­cos chi­ne­ses ten­dem a bus­car opor­tu­ni­da­des mais pró­xi­mas de ca­sa, on­de os cus­tos são mais bai­xos e as re­des, bem es­ta­be­le­ci­das.”


Ex-Blog do Cesar Maia



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