sexta-feira, 31 de maio de 2019

Sangue Novo


Os tratamentos que filtram o sangue e prometem parar o envelhecimento. E a clínica que injetava o plasma sanguíneo de jovens em idosos.

Por Sally Adee, da "New Scientist" access_time17 maio 2019, 16h16 - Atualizado em 22 maio 2019, 18h46

Finalmente acho o bistrô francês, escondido entre um cabeleireiro e uma loja de ferramentas. O homem que estou prestes a encontrar pediu para conversar aqui, e não na clínica, porque não quer dar entrevista enquanto recebe sua transfusão de sangue.

Me levam até a mesa onde ele está, bebendo uma taça de vinho e vestindo blazer e camiseta, um look comum entre os empresários do setor de tecnologia. Sua aparência jovem tem algo de artificial, mas mesmo assim fico chocada quando ele revela a idade: 65 anos. Para proteger sua privacidade, irei identificá-lo apenas como “JR”. JR é uma pequena celebridade por aqui. É a quinta vez, neste ano, que ele vem de Atlanta para fazer o tratamento. Monterey [cidadezinha de 28 mil habitantes na costa da Califórnia] não recebe muitas pessoas como ele.

Muita gente imagina a costa da Califórnia como uma faixa homogênea, cheia de praias e gente rica. Mas aqui é diferente. Não há sol, encoberto por uma neblina permanente. O mar é bravo e cinzento, os prédios baixos e acanhados. Então é meio estranho que Monterey seja o epicentro de um fenômeno que está agitando o Vale do Silício: as injeções de sangue jovem. JR é uma das cem pessoas que pagaram US$ 8 mil cada uma para participar de um teste controverso, no qual elas receberão plasma sanguíneo de doadores entre 16 e 25 anos de idade para tentar rejuvenescer. Alguns dos participantes vêm de muito longe, Rússia e Austrália inclusive.

Depois que uma série de estudos recentes obteve resultados impressionantes em ratos de laboratório, a ideia de encher as suas veias com sangue jovem deixou de ser um mito vampiresco e se tornou a mais nova ferramenta do Vale do Silício em sua missão para superar a morte. Startups, universidades, empresas farmacêuticas e bilionários da tecnologia estão correndo para tentar aproveitar a onda.

Isso tem despertado o temor de que o sangue se torne uma mercadoria, e a visão de um futuro distópico em que os velhos literalmente sugam a juventude dos jovens. Mas talvez não seja bem assim. Daqui a alguns anos, novas descobertas poderão permitir que usemos o sangue, de maneiras mais seguras e eficazes, para frear a inevitável decadência do envelhecimento.

Lendas de vampiro à parte, desde o século 19 suspeita-se que o sangue jovem tenha poderes rejuvenescedores.

Tudo graças a uma técnica cirúrgica sombria: a parabiose. Ela consiste em costurar dois animais de idades diferentes, geralmente ratos, e esperar uma semana para que vasos capilares se formem e unifiquem a corrente sanguínea das cobaias. Esse novo encanamento parecia beneficiar os camundongos mais velhos, que se tornavam física e cognitivamente mais próximos dos parceiros jovens. Na década de 1970, estudos mostraram que, depois de serem costurados, os ratinhos idosos viviam mais.

No começo dos anos 2000, pesquisadores da Universidade Stanford revisitaram essa técnica, com o objetivo de desenvolver tratamentos contra doenças. Eles danificaram intencionalmente os fígados e os músculos de camundongos velhos, e conectaram cada um deles a um animal perfeito (que podia ser jovem ou idoso). Os ratos que foram costurados com parceiros jovens se curaram; os demais, não. Testes posteriores, que avaliaram a saúde do coração e do cérebro, obtiveram resultados similares.

Mas qual elemento do sangue poderia ser o responsável por esse efeito rejuvenescedor? O principal candidato parece ser o plasma, um líquido amarelo que costuma ser separado nos bancos de sangue. Outros elementos, como os glóbulos vermelhos, são usados nas transfusões – e o plasma geralmente é deixado de lado. Ele é rico em proteínas e outros compostos, que podem ser a chave para explicar por que os jovens são jovens e os idosos são idosos.

A ciência ainda não decifrou todos os compostos do plasma, mas já sabe que as quantidades e as proporções deles vão mudando conforme a pessoa envelhece. O sangue velho tem maior quantidade de compostos inflamatórios, que danificam os tecidos do corpo. E a inflamação crônica está ligada a câncer, doenças cardíacas e até depressão. O sangue jovem, por outro lado, tem maior concentração de substâncias que estimulam a reconstrução do organismo.

É uma descoberta notável. Mas, para que ela seja medicamente relevante, precisamos dar um jeito de transferir o sangue jovem sem ter de costurar idosos com adolescentes. Em 2014, uma equipe liderada pelo neurocientista Tony Wyss-Coray, da Universidade Stanford, injetou plasma de ratos jovens em camundongos idosos. Três semanas depois, eles apresentavam sinais de regeneração cerebral e maior desempenho cognitivo. O rejuvenescimento também se manifestou nas demais partes do corpo. E o plasma injetado nos ratinhos não precisava nem ser da mesma espécie – podia até ser humano. “Ele teve efeitos benéficos em todos os órgãos que observamos”, declarou o cientista na época.

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(Foto: Lorena Dini/ Design: Juliana Krauss/Superinteressante)

Wyss-Coray decidiu que era hora de fazer testes em pessoas. Fundou uma startup, a Alkahest (1), que em outubro de 2014 começou a recrutar pacientes com mal de Alzheimer em estágio avançado para testes com sangue jovem. No ano seguinte, o hospital Bundang, na Coreia do Sul, fez uma experiência comparando os efeitos antienvelhecimento do sangue umbilical e do plasma extraído de sangue jovem. Ambos os estudos foram recebidos com entusiasmo. Wyss-Coray foi convidado para dar palestras, inclusive no World Economic Forum e no TED.

Agora é a vez da Ambrosia (2), a startup que está fazendo o teste em Monterey. Ela não precisou de autorização do governo americano, porque as infusões de plasma já são um tratamento aprovado para certas doenças genéticas. Para participar do teste,, tudo o que você precisa é ter mais de 35 anos – e US$ 8 mil para gastar. Por esse dinheiro, você recebe dois litros de plasma tirado de pessoas jovens (que o doaram a bancos de sangue). Ao contrário dos testes anteriores, que avaliavam doenças específicas, a Ambrosia tem um alvo mais amplo: o mal-estar geral de ficar velho. A empresa mede as mudanças em cem biomarcadores (3) presentes no sangue. E também está “interessada em melhorias no sentido geral”, diz Jesse Karmazin, diretor da startup.

Mas a experiência, da qual JR está participando, não tem um grupo placebo (4) nem segue os padrões normais de rigor científico. “Para mim, o teste da Ambrosia nem pode ser chamado de teste, porque eles tratam pessoas saudáveis, e não têm parâmetros claros”, diz Wyss-Coray. Por isso, qualquer coisa que a empresa venha a descobrir jamais será publicada em periódicos científicos sérios. Karmazin revelou os primeiros resultados na Silicon Valley Code Conference, um evento de tecnologia.

Os números são tão impressionantes quanto impossíveis de confirmar: após um mês de tratamento, 70 dos 100 voluntários supostamente tiveram redução em biomarcadores que indicam o risco de câncer, Alzheimer e doenças cardíacas. Para Karmazin, isso pode explicar casos que ele diz ter observado durante a experiência, como o de uma mulher com síndrome de fadiga crônica que agora consegue levantar da cama e viver normalmente, e o de um participante que tinha Alzheimer em estágio inicial – e agora não apresenta mais sinais da doença. “Alguma coisa no sangue jovem está provocando mudanças que revertem o processo de envelhecimento”, afirma. Até participantes saudáveis, segundo ele, “simplesmente têm mais energia”.

JR concorda. “Eu sinto um pouco [de diferença], sim”, diz. “Estou até voltando a correr.” Karmazin afirma que os efeitos são os mesmos para participantes de todas as idades. Mas JR diz que sua namorada, que tem 39 anos e também está participando da experiência, não sentiu nenhum efeito após duas transfusões.

Muitos dos benefícios relatados pela Ambrosia podem ser resultado de efeito placebo. Mas são prova suficiente para Karmazin. Quando estive em Monterey, a Ambrosia tinha acabado de abrir sua terceira clínica, e pretendia ter mais espalhadas pelos EUA. Eu fui até lá porque estava pensando em fazer o tratamento. A ideia de um “spa de sangue”, bem no Vale do Silício, capturou minha imaginação. Mas a realidade da clínica de Monterey é um pouco diferente. Sua sede, com apenas um andar, fica entre um depósito meio decrépito e um estacionamento todo esburacado.

O interior também é modesto. Na sala principal há uma fileira de poltronas, com suportes para bolsas de sangue. Durante a minha visita, quem está tomando conta da clínica é Craig Wright, sócio da Ambrosia. Karmazin é formado em medicina, mas não tem licença para praticá-la. Então se juntou com Wright, um imunologista de 67 anos que trabalhava no Walter Reed Medical Center, um hospital militar em Washington DC.

Dentro da clínica, começo a repensar minha vontade de fazer o tratamento. Wright me leva até seu escritório, para que eu assine um formulário. Digo que estou pensando em desistir – e ele, surpreendentemente, não tenta me convencer do contrário. “Você precisa pensar bem antes de fazer”, diz. Para alguns pacientes mais velhos e doentes, ele afirma que o plasma foi benéfico. Mas para pessoas mais jovens, como eu, há uma série de possíveis efeitos colaterais.

São os seguintes: danos sérios ao fígado, podendo levar à morte, sobrecarga do sistema circulatório e reações alérgicas. Complicações mais raras incluem pegar uma doença infecciosa, como aids [o plasma é testado antes do uso, mas falhas nesse processo podem trazer riscos]. JR me diz que toma a chamada profilaxia pré-exposição (PrEP), uma combinação de medicamentos antirretrovirais que reduz o risco de contaminação pelo HIV, antes de receber cada injeção de plasma. Karmazin havia me garantido que nenhum dos riscos associados à transfusão de plasma é maior do que 1% ou 2% – e disse, em sua apresentação na Code Conference, que “nenhum” dos cem participantes havia apresentado qualquer efeito negativo. “Nem um sequer.”

1. Alkahest: O termo faz referência a um “solvente absoluto”, descrito no século 16 pelo médico suíço Paracelso, que seria capaz de dissolver todas as outras substâncias, inclusive o ouro.
2. Ambrosia: Na mitologia grega, “ambrosia” é o alimento consumido pelos deuses, que confere imortalidade a quem o comer.
3. Biomarcadores: São substâncias cuja presença no sangue indica alguma doença. Altos níveis da proteína AFP, por exemplo, podem significar que a pessoa tem câncer de fígado.
4. Grupo placebo: Nos testes clínicos tradicionais, parte das cobaias recebe uma substância inócua, o placebo. Se o tratamento que está sendo avaliado fizer mais efeito que o placebo, é considerado eficaz.

Mas quando me encontro com JR e Wright, no segundo dia da minha visita, os dois estão visivelmente abalados.

Um participante tinha acabado de chegar de Moscou, na véspera, para receber a infusão. Assim que começou a segunda bolsa de plasma, o homem teve um choque anafilático [reação violenta do sistema imunológico]. Seu rosto e língua incharam, e o corpo todo foi coberto por placas avermelhadas. “Até o branco dos olhos ficou vermelho. Ele estava muito mal”, conta JR. Wright administrou um tratamento de emergência, para estabilizar o homem, e o mandou de volta para o hotel.

Acho difícil de acreditar que minha visita tenha coincidido, justamente, com a primeira complicação do tratamento. Um silêncio desconfortável se instala, JR e Wright trocam olhares. “Não foi a primeira”, admite o médico. Peço que explique melhor, insisto, mas ele se esquiva. Telefono para Karmazin, que esclarece: além desse caso, houve um de irritação cutânea e outro de pneumonia – infecção que, segundo ele, o paciente provavelmente já tinha antes das injeções. Mais tarde, em outra conversa, Wright admite que houve casos piores. Mas, sem dados concretos, é impossível saber o que realmente aconteceu.

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(Foto: Lorena Dini/ Design: Juliana Krauss/Superinteressante)

Também há outros riscos envolvidos em colocar material genético de outra pessoa no seu corpo. Você pode desenvolver doenças autoimunes. E especula-se que a injeção de plasma, se feita repetidamente ao longo de anos, possa levar ao câncer. “Se você continua injetando sangue, o risco de reações aumenta”, diz o imunologista Dobri Kiprov, do California Pacific Medical Center, em San Francisco. “E muitas dessas pessoas não têm nenhuma doença, elas só querem ficar mais jovens. Então [o tratamento] não se justifica”, diz.

Como a incerteza e os riscos das transfusões são altos, também há quem esteja procurando outro caminho: identificar substâncias específicas no plasma e transformá-las em medicamentos. Durante algum tempo, o principal candidato era a proteína GDF11, cujo nível cai conforme vamos envelhecendo. Em 2013, uma pesquisadora da Universidade Harvard reportou que injeções diárias de GDF11 restauraram os músculos, a força e a resistência física de ratos idosos, que voltaram a se comportar como jovens. Também há a osteopontina, uma proteína que aparentemente preserva as células do sangue e ajuda o sistema imunológico. E a TIMP2, que pode ser extraída do cordão umbilical e melhora o desempenho cognitivo de ratos. Mas tudo isso precisa ser visto com cautela. “Existe muito hype envolvendo determinadas proteínas”, diz Hanadie Yousef, bióloga da Universidade Stanford e especialista em plasma. “Mas, na biologia, 1+1 nem sempre é 2. Nós não sabemos quais elementos trabalham em conjunto, ou como eles fazem isso”, afirma.

É verdade. Depois de todo o entusiasmo em torno da GDF11, vários laboratórios tentaram replicar os resultados da primeira pesquisa, e não conseguiram. Também pode ser que o plasma, na verdade, não seja o responsável pelos efeitos curativos e rejuvenescedores. É que a parabiose (costurar dois seres vivos) não se resume a compartilhar sangue. Ela é muito mais do que isso.

“Aqueles ratos idosos tiveram acesso a muito mais do que sangue jovem”, diz a bióloga Irina Conboy, coautora do primeiro estudo.

Os ratinhos velhos também se beneficiavam do fígado, do coração e do pulmão dos ratos jovens – que funcionavam muito melhor. Para esclarecer as coisas, Conboy resolveu tentar separar os efeitos da parabiose daqueles provocados pelo sangue em si. Com financiamento da Calico, a divisão de biotecnologia do Google, ela desenvolveu um experimento em que uma bomba transferia o sangue de uma cobaia para outra. “Nós transplantamos metade de todo o sangue do rato, não só um pouquinho de plasma”, diz. “Se você tentasse fazer isso num ser humano, seria letal”, explica.

E mais: o sangue jovem não fez muito efeito nos ratos idosos. O resultado foi bem mais fraco do que o obtido via parabiose. Mas o que surpreendeu Conboy foram os danos causados aos camundongos jovens que receberam sangue dos mais velhos, como perda cognitiva aguda. “Depois da primeira transfusão, eles já ficaram mais burros”, afirma. E os sinais de inflamação no organismo aumentaram. Os benefícios de injetar sangue novo, sejam quais forem, são fortemente superados pelos malefícios de receber sangue velho.

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(Foto: Lorena Dini/ Design: Juliana Krauss/Superinteressante)

Esse resultado também sugere que, na verdade, o sangue jovem pode não ser o responsável pelos efeitos rejuvenescedores registrados em outros estudos – talvez ele só tenha diluído o sangue antigo, amenizando seus efeitos negativos. Sendo assim, qualquer benefício é temporário. Isso explica por que Karmazin diz que seus clientes precisarão voltar periodicamente, para receber novas transfusões. Para conseguir efeitos reais, e duradouros, você provavelmente teria que se costurar a alguém mais jovem durante algumas semanas.

Isso não significa que devamos encerrar todas as pesquisas. Para Conboy, a chave é pensar de outra forma: em vez de tentar isolar os elementos benéficos do sangue jovem, deveríamos descobrir quais são os elementos ruins do sangue antigo – e eliminá-los. A cientista está trabalhando nessa abordagem na Unity Biotechnology, uma startup financiada pelo bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon. A Unity criou um sistema de troca de sangue. Trata-se de uma espécie de máquina de hemodiálise modificada, que passa o seu sangue por um filtro e elimina uma série de compostos nocivos do plasma, antes de injetá-lo de volta no seu corpo. Como usa o sangue da própria pessoa, esse método não traz risco de doenças ou reações anafiláticas. Também não precisa de aprovação das autoridades, pois filtros que retiram proteínas do plasma já são usados clinicamente (por exemplo, para filtrar o colesterol do sangue de pessoas que têm certas doenças genéticas).

A empresa também está desenvolvendo sensores, que poderiam notificar você quando os níveis de certos biomarcadores ficassem altos demais – uma espécie de alarme, avisando que está na hora de purificar o sangue. Os filtros já foram testados com ratos, e a Unity pretende começar testes em humanos até 2022. Mas o procedimento não é trivial. “Ter o seu sangue filtrado não é agradável”, diz Douglas Kiel, do Instituto de Pesquisas em Envelhecimento da Universidade Harvard. “Pergunte às pessoas que fazem hemodiálise.” Mesmo assim, Conboy e Yousef acreditam que, se conseguirmos eliminar os problemas do sangue velho, um mundo novo se abrirá. Elas enxergam um futuro no qual, em vez de remover as coisas ruins do sangue, conseguiremos evitar que apareçam. As duas cientistas acreditam que as substâncias responsáveis pelo envelhecimento são liberadas por células senescentes [que não conseguem mais se replicar]. Elas dizem que, se você resolver isso, poderá fazer uma pessoa de 75 anos voltar a ter o corpo de alguém de 35.
“A nossa idade não é escrita em pedra”, diz Conboy.

Mas, enquanto os tratamentos de filtragem do sangue não chegam, que tal o plasma? Karmazin diz que pretende simplificar seu serviço [no modelo atual, a infusão de plasma é feita ao longo de dois dias]. Está testando um procedimento mais rápido, de poucas horas, e seu objetivo é oferecer pequenas quantidades de plasma em sessões de 30 minutos, a US$ 500. Esses planos acabaram separando Karmazin e Wright, que criou o protocolo original – e achou os novos tratamentos muito arriscados. Ele pediu demissão da Ambrosia um mês depois que eu estive lá.

E, mesmo se não houvesse risco, os efeitos (reais ou placebo) são modestos, admite JR. “Não é uma bala de prata. Você se sente um pouco melhor. Você dorme melhor. Mas você não sai de lá sentindo que a sua vida mudou.” Apesar disso, ele acha que o tratamento vale a pena. “Se eu puder ter só mais dez anos de vida saudável…”, resume, com ar melancólico.

***

Em 19 de fevereiro de 2019, após a conclusão desta reportagem, a Food and Drug Administration (FDA) divulgou uma nota criticando os serviços de transfusão, que “não apresentam benefício comprovado” e “podem estar associados a riscos cardíacos, respiratórios, alérgicos e de infecção”. Algumas horas depois, a Ambrosia (que já operava em cinco Estados americanos) anunciou que não irá mais oferecer o serviço.


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