Em Porto Alegre, ato concentrou-se na região central e terminou com passeata
Manifestantes voltaram a tomar ruas de Porto Alegre contra cortes na Educação | Foto: Mauro Schaefer
Em 25 capitais brasileiras, no Distrito Federal, e em mais 156 cidades ocorreram manifestações ao longo de todo o dia, contra o corte de 30% sobre o orçamento previsto para investimentos em educação e financiamento das atividades de ensino e pesquisa nas universidades públicas, proposto pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. As manifestações de ontem foram o segundo ato organizado por estudantes contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro de contingenciar recursos que poderiam ser destinados ao financiamento da educação. A primeira atividade ocorreu no dia 15 de maio.
Em Porto Alegre, a atividade teve início pela manhã com a mobilização de pequenos grupos de estudantes em suas unidades de ensino. Pela tarde, os grupos iniciaram sua concentração para marcha por garantia de recursos em frente à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jovens, na maioria, os participantes da atividade chegavam ao local portando faixas e cartazes contendo críticas contra determinações do governo federal.
“Não vai ter corte, vai ter luta”, prometiam os estudantes, em um dos cantos entoados durante o agrupamento. A marcha na capital gaúcha teve início por volta de 17h30min, pela rua Sarmento Leite, em direção ao Centro, pelo Túnel da Conceição.
A caminhada ocasionou bloqueio de tráfego pelas vias onde passava. Policiais da Brigada Militar e agentes da EPTC monitoravam o trânsito nas imediações para evitar o conflito entre as pessoas que participavam do protesto e os motoristas que se deslocavam pela cidade ao final da tarde. “A nossa luta unificou. É estudante junto com trabalhador”, cantavam os estudantes, reivindicando recursos para educação e manifestando contrariedade à proposta de Reforma da Previdência do governo.
Quase chegando ao desfecho, canto dos estudantes ressona no Túnel que conduz à Universidade
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A unificação da pauta foi uma das principais reflexões mantidas durante o ato. Estudantes, professores e servidores das universidades dizem pretender unir as causas no dia 14 de junho, data na qual as centrais sindicais do país planejam realizar uma greve geral com a finalidade de demonstrar a insatisfação popular com a proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo governo.
“Os estudantes de hoje são e serão os trabalhadores que vão sustentar a base econômica do Brasil logo ali na frente. O que estamos vendo aqui é uma demonstração de civismo e cidadania, que deve se repetir no ato conjunto com os trabalhadores na greve geral”, apontou o presidente da Central Única de Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB-RS) Guiomar Vidor, que acompanhou as manifestações na Esquina Democrática.
Para o ex-deputado e ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, o ativismo em defesa da educação representa um pilar democrático. “Sem investimentos em educação não há a menor possibilidade de desenvolvimento em uma sociedade”, comentou Pont, ao ouvir os discursos de dirigentes de entidades representativas de estudantes que falavam, aos participantes, do alto de um carro equipado com amplificadores de som.
Da Esquina Democrática, os manifestantes prosseguiram sua marcha pelas avenidas Borges de Medeiros e Júlio de Castilhos até o Túnel da Conceição para retornarem ao Campus Central da Universidade Federal. “Esta mobilização parece representar um despertar, a partir da juventude, sobre questões que devem ser observadas e discutidas pela população brasileira”, mencionou o professor da rede estadual de ensino Júlio Flores.
Após a passagem pela Ufrgs, os estudantes iniciaram a dispersão do ato na Cidade Baixa. Segundo o subcomandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Tales Osório, nenhum incidente foi registrado. “Atos realizados por pessoas de qualquer matiz política, que respeitam a ordem social e constitucional, terão sempre o apoio da Brigada Militar”, afirmou Osório.
No interior, passeata e panfletagem
A defesa dos investimentos em educação reuniu ontem professores e estudantes em pelo menos sete cidades do interior do Estado. Em Pelotas, a Universidade Federal da cidade (UFPel) e o IFSul tiveram paralisação das atividades como parte dos protestos contra o corte de verbas da educação. Pela manhã, galhos de árvores foram colocados na entrada do Campus Anglo da UFPel no porto. À tarde, estudantes, professores e funcionários das duas instituições se reuniram no largo Edmar Fetter, em frente ao Mercado Público. Representantes de sindicatos e partidos também estiveram presentes nas manifestações. Ao final do dia, houve uma passeata pelas ruas de Pelotas.
Estudantes da Universidade Federal de Pelotas também protestaram no Sul do Estado. Foto: Angélica Silveira / Especial
Além de cartazes, carro de som, faixas, bandeiras, os estudantes levaram instrumentos musicais para chamar atenção sobre os prejuízos às universidades, que podem ficar sem recursos financeiros. “Temos 20 mil alunos, 96 cursos de graduação e 48 de pós-graduação. Em agosto, faremos 50 anos, e um ano que era para ser de comemoração está triste por causa dos cortes e da possibilidade, caso o governo não volte atrás, porque não poderemos pagar as contas a partir de setembro”, afirmou o reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, que participou dos atos.
Caxias do Sul também teve mobilização, mas o mau tempo acabou prejudicando a realização das atividades de rua. Um dos atos, pela manhã, ocorreu na escola Cristóvão de Mendoza, onde representantes de outras instituições também estiveram presentes. No local, foi realizada uma aula pública para discutir a redução de verbas das universidades.
Em Santa Maria a concentração ocorreu no campus da UFSM. Estudantes, docentes e técnico-administrativos da universidade entregaram panfletos a usuários dos ônibus e veículos que chegavam pela avenida Roraima, no acesso ao campus. Pessoas que estavam no entorno do prédio do Hospital Universitário também eram abordadas e recebiam materiais informativos também contra a Reforma da Previdência. À tarde, apesar da chuva fina, um ato ocorreu na praça Saldanha Marinho.
As manifestações em Rio Grande começaram no início da manhã com uma panfletagem no pórtico de entrada do Campus Carreiros da Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Por volta das 9h começou a mostra “Educação e Ciência na Praça” no Largo Doutor Pio. A exposição conta com projetos de extensão da FURG.
“O movimento está um sucesso em termos de paralisação. Acreditamos que, no mínimo, 80% dos professores e técnicos da FURG e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) pararam as atividades hoje (ontem). O movimento está bom e cresce em termos de mobilização”, destacou o presidente da Associação dos professores da Furg, Cristiano Engelke.
Às 18h, houve uma passeata pelas ruas da cidade. Atividades semelhantes ocorreram também no centro dos municípios onde a Furg possui campus universitário, em Santo Antônio da Patrulha, Santa Vitória do Palmar e São Lourenço do Sul.
Correio do Povo
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