sexta-feira, 31 de maio de 2019

Atos pela educação atingem ao menos 22 Estados e DF

Manifestações contra o contingenciamento de verbas foram convocados pela UNE

Manifestações ocorreram em pelo menos 22 estados e no Distrito Federal

Manifestações ocorreram em pelo menos 22 estados e no Distrito Federal | Foto: Miguel Schincariol / AFP

Manifestações convocadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) contra o contingenciamento de verbas para a Educação reuniram nesta quinta-feira milhares de pessoas em ao menos 22 estados e no Distrito Federal. Estudantes e professores voltaram às ruas para protestar cinco dias após as manifestações em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro e em defesa das reformas, no domingo passado.

Com público menor e mais segmentado em relação aos atos realizados no dia 15, os protestos desta quinta-feira, contaram com o apoio de centrais sindicais, contrárias à reforma da Previdência. Os atos não contaram com a participação formal das legendas de oposição, mas em diversas capitais houve a participação de líderes políticos e a defesa de bandeiras como "Lula Livre". Foram contabilizados protestos em cerca de 100 cidades do País.

"A gente avalia que a manifestação do dia 26 (pró-governo) foi significativa, mas não queremos comparar os dias 15, 26 e 30. São propostas diferentes. Não queremos briga de torcida", disse a presidente da UNE, Marianna Dias, durante o ato no Largo da Batata, em São Paulo. Também na manifestação, a médica residente da USP, Thais Fink, de 29 anos, disse que o bloqueio de recursos a preocupa por afetar não só a educação, mas diversas políticas públicas de saúde. "A pesquisa que fazemos é importantíssima para a sociedade e para a saúde. O governo não tem dimensão da importância do que é produzido nas universidades."

Bolsonaro não fez menção nesta quinta-feira, aos atos. No último dia 15, ao falar dos protestos, o presidente se referiu aos manifestantes como "idiotas úteis".

Em Belo Horizonte, manifestantes se concentraram na Praça Afonso Arinos, na região central. "Nosso recado aqui, hoje, é que não dá para suportar o corte que está sendo feito pelo governo federal. Vai atingir o dia a dia da universidade (Federal de Minas Gerais)", afirmou a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina del Papa, para quem a UFMG deve perder R$ 65 milhões com o contingenciamento.

No Rio, os manifestantes se concentraram ao redor da Igreja da Candelária, a partir das 15h, e por volta das 18h30 seguiram em caminhada até a Cinelândia. Durante todo o trajeto foram entoados coros como "não é balbúrdia, é reação /é estudante defendendo a educação". Também havia faixas e cartazes com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Em Salvador, as manifestações começaram pela manhã, no centro da cidade. A presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub), Raquel Nery, tentou minimizar a presença das centrais sindicais no movimento, dizendo haver uma relação direta entre a pauta dos estudantes e a dos sindicatos. "O protesto foi organizado pelos estudantes e é deles o protagonismo. As demais entidades apoiam o movimento. Não podemos dar a esse 30 de maio a cor das centrais sindicais", disse.

Como no ato passado, sobraram críticas também para o governador da Bahia, Rui Costa, que é do PT. "Governador, que baixaria, educação não é mercadoria", gritavam alunos e professores da UNEB, que estão em greve há 52 dias.

Em Curitiba, os manifestantes se reuniram na Praça Santos Andrade e caminharam em direção à Boca Maldita, na região central da capital paranaense. Para a estudante de pós-graduação em Recursos Humanos Renata dos Santos Mattos, de 28 anos, a mobilização mostra a indignação das pessoas contra a política do governo. "É um erro querer cortar de onde não pode, deveria fiscalizar outros setores. Por que não reduzir os próprios salários dos políticos?", afirmou.

O professor de Mestrado da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ary Azevedo considerou a manifestação como um ato de resiliência. "É resistência que estamos fazendo contra os ataques do governo à Educação", disse.



Agência Estado e Correio do Povo

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