sábado, 30 de março de 2019

Anaximandro–História virtual | Clic Noticias

Anaximandro
Anaximandro em A Escola de Atenas, de Rafael
Nome completo
Ἀναξίμανδρος
Escola/Tradição:
NaturalismoEscola de MiletoJônicos
Data de nascimento:
610 a.C.
Local:
Grécia
Principais interesses:
MetafísicaAstronomiaGeometriaGeografia
Ideias notáveis
Ápeiron
Influências:
Tales de Mileto
Anaximandro, (Em grego: Ἀναξίμανδρος; a.C. 610 — 546 a.C.[1]) foi um geógrafomatemáticoastrônomopolítico e filósofo pré-Socrático; discípulo de Tales, seguiu a escola jônica.[2] Os relatos doxográficos nos dão conta de que escreveu um livro intitulado “Sobre a Natureza”; contudo, essa obra se perdeu.
Ele estudou muito e a Anaximandro atribui-se a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do Gnômon (relógio solar) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega).[3]
Anaximandro acreditava que o princípio de tudo (o arkhé das coisas) era o ápeiron, isto é, uma matéria infinita da qual todas as outras se cindem. Esse á-peiron é algo insurgido (não surgiu nunca, embora exista) e imortal.
Além de definir o princípio, Anaximandro se preocupa com os “comos e porquês” das coisas todas que saem do princípio.
Ele diz que o mundo é constituído de contrários, que se auto-excluem o tempo todo. O tempo é o “juiz” que permite que ora exista um, ora outro.
Por isso, o mundo surge de duas grandes injustiças: primeiro, da cisão dos opostos que “fere” a unidade do princípio; segundo, da luta entre os princípios onde sempre um deles quer tomar o lugar do outro para poder existir.

Índice

O universo de Anaximandro

Representação do possível mapa mundial de Anaximandro.
Anaximandro considerava que a Terra tinha o formato de um cilindro[4] e que era circundada por várias rodas cósmicas, imensas e cheias de fogo.[5][6][7]
O Sol era um furo, em uma dessas rodas cósmicas, que deixava o fogo escapar. À medida que essa roda girava, o Sol também girava, explicando-se assim o movimento do Sol em torno da Terra. Eclipses se deviam ao bloqueio total ou parcial desse furo.
A mesma explicação era dada para as fases da Lua, que também era um furo em outra roda cósmica. E finalmente, as estrelas eram pequenos furos em uma terceira roda cósmica, que se situava mais perto da Terra, do que as rodas do Sol e da Lua.
“Anaximandro,…, representa a passagem da simples designação de uma substância como princípio da natureza para uma ideia desta, mais aguda e profunda, que já aponta para os traços que irão caracterizá-la em toda a filosofia pré-socrática.”””””””’

A cosmologia de Anaximandro

Em seu livro – Física, o pensador Simplício nos relata: “Dentre os que afirmam que há um só princípio, móvel e ilimitado, Anaximandro, filho de Praxíades, de Mileto, sucessor e discípulo de Tales, disse que o a-peiron (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes. Foi o primeiro a introduzir o termo princípio. Diz que este não é a água nem algum dos chamados elementos, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos (…) É manifesto que, observando a transformação recíproca dos quatro elementos, não achou apropriado fixar um destes como substrato, mas algo diferente, fora estes. Não atribui então a geração ao elemento em mudança, mas à separação dos contrários por causa do eterno movimento.”
Para Anaximandro, o Universo era eterno e infinito. Um número infinito de mundos existiram antes do nosso. Após sua existência, eles se dissolveram na matéria primordial (o a-peiron) e posteriormente outros mundos tornaram a nascer.
Anaximandro, contudo, não acreditava em nenhum deus, para ele todos os ciclos de criação, evolução e destruição eram fenômenos naturais, que ocorriam a partir do ponto em que a matéria abandonava e se separava do a-peiron. O a-peiron era a realidade primordial e final de todas as coisas e, consequentemente, continha toda a natureza do divino em si próprio.
Tudo o que existe, somente existe em função de uma emancipação do ser eterno e portanto ao se separar deste, é digno de castigo.
“De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem ir ao fundo. Segundo a necessidade, pois têm de pagar penitência e de ser julgadas por suas injustiças, conforme a ordem do Tempo.”
Tudo o que nasce, um dia vai morrer. Tudo o que é quente, um dia vai esfriar. Tudo o que é grande, pode ser quebrado em pedaços menores. Fogo pode ser combatido com água, e como resultado, fogo e água deixam de existir.
Assim, Anaximandro conclui que a essência de todas as coisas não pode possuir essas propriedades determinadas que sucumbem ao longo do Tempo. Daí, seu conceito de a-peiron, ser algo ilimitado, infinito, indefinido e eterno.

Anaximandro e a física moderna

Algumas de suas ideias são muito semelhantes a opiniões e teorias da Física atual:
  • Sua ideia de um mundo que sustenta-se por um equilíbrio de forças é muito semelhante à gravidade e à força centrípeta, forças que mantêm a Terra girando em torno do Sol;
  • Sua ideia de que a ação do Sol faz surgirem as criaturas de estrutura simples na água, que depois migram para a terra e adquirem estrutura mais complexa se parece com a teoria da evolução das espécies;
  • Sua ideia dos opostos se parece com a teoria de que o vácuo produz partículas (se supõe que, logo depois do Big-Bang, o vácuo tenha produzido pares de partículas e anti-partículas que se exterminavam ao se encontrarem, pois o espaço ainda era muito pequeno e os pares sempre se encontravam); as únicas diferenças entre as teorias são que, para Anaximandro, os pares eram de coisas com propriedades determinadas como frio e calor, e para a Física, aqueles pares eram algo como energia concentrada;
  • Para Anaximandro, os contrários revezam-se no tempo, e para os cientistas, os pares se auto-exterminavam – pois eram como +1 (matéria) e -1 (anti-matéria) e, ao se encontrarem, precisavam “saldar” sua dívida de energia.
Se pode sempre supor que Anaximandro tenha chegado, em sua época, às mesmas conclusões a que muitos cientistas chegaram hoje, ainda que por meios diferentes (pois Anaximandro dispunha apenas de sua observação e de sua reflexão); assim como se pode supor que tais teorias físicas tenham sido inspiradas na leitura, por parte dos cientistas, de Anaximandro. Em qualquer das hipóteses, pode-se notar que o filósofo era uma pessoa notável.

Bibliografia

  • HEIDEL, William. O livro de Anaximandro. trad. Katsuzo Koike. São Paulo: Ixtlan, 2011.
  • SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª edição. Porto Alegre: Edipucrs, 2003, pp. 15–92.
  • MARÍAS, Julian. ‘História da Filosofia’, Martins Fontes, 1ª edição, 2004, pg.17).

Ligações externas

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Referências

  • James Evans (9 de Julho de 2009). «Anaximander | Greek philosopher»Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 7 de Abril de 2017


  • Anaximandro, pag. 118 – Grande Enciclopédia Universal – edição de 1980 – ed. Amazonas


  • Diógenes LaércioVidas dos Filósofos Ilustres, II, 1.


  • «Anaximandro»UOL Educação


  • «Anaximandro»Toda Matéria


  • Frazão, Dilva. «Biografia de Anaximandro»eBiografia. 25 de abril 2016

    1. Marconatto, Arildo Luiz. «Anaximandro»Só Filosofia
    Astronomia grega
    Astronômos
    Trabalhos
    Instrumentos
    Conceitos
    Influências
    Influenciados

  • Wikipédia

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