quinta-feira, 28 de março de 2019

Alunos de Suzano relatam medo, saudade e alívio ao voltar à escola após massacre | Clic Noticias

Adolescentes se dizem assustados com a insegurança, mas prontos para reencontrar amigos e retomar a rotina na Raul Brasil.

Por Bárbara Muniz Vieira, Gabriela Gonçalves, Glauco Araújo, Marina Pinhoni e Natan Lira, G1 SP e G1 Mogi — Suzano
Na volta à escola após tragédia, alunos em Suzano relatam medo, saudade e alívio
G1 SP
Na volta à escola após tragédia, alunos em Suzano relatam medo, saudade e alívio
Na volta à escola após tragédia, alunos em Suzano relatam medo, saudade e alívio
Os alunos da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, voltaram a frequentar o local do massacre que deixou dez pessoas mortas há duas semanas. Os adolescentes tentam deixar o cenário de tragédia para trás. Agora, com a retomada das atividades escolares, eles buscam retomar o convívio com amigos, colegas e professores.
Alunos de Suzano falam sobre o retorno das aulas ao G1 — Foto: Arte/G1
Alunos de Suzano falam sobre o retorno das aulas ao G1 — Foto: Arte/G1
A reportagem do G1 ouviu alguns desses adolescentes, que demonstraram ter sentimentos diferentes com o retorno das aulas. Alívio pela retomada da rotina escolar, medo, insegurança e saudade dos que morreram estão entre as sensações citadas pelos estudantes.
Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1
Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1

Rhyllary Barbosa dos Santos, 15 anos

A estudante que ficou conhecida por ter lutado com um dos assassinos disse que vai ser difícil apagar a lembrança do que aconteceu. Desde 13 de março, ela já esteve na escola por três vezes.
A estudante Rhyllary Barbosa dos Santos em seu quarto — Foto: Glauco Araújo/G1
A estudante Rhyllary Barbosa dos Santos em seu quarto — Foto: Glauco Araújo/G1
“Foi, sim, uma coisa horrível o que aconteceu, e isso não vai sair da nossa mente. A gente não vai conseguir esquecer. É um sentimento horrível quando a gente se aproxima da escola, porque de alguma forma a gente revive o momento, lembra de tudo o que aconteceu, das cenas que a gente viu lá dentro, do desespero que a gente passou.”

Leonardo Martinez Santos, 16 anos

O adolescente não viu os assassinos nem os mortos. Ele quebrou o pé ao cair de uma árvore enquanto tentava fugir após ouvir tiros. Serão 40 dias de repouso. Para Leonardo, por enquanto é difícil pensar em voltar para qualquer escola.
Leonardo Martinez Santos está aprendendo a tocar violão enquanto se recupera de lesão no pé direito.  — Foto: Natan Lira/G1
Leonardo Martinez Santos está aprendendo a tocar violão enquanto se recupera de lesão no pé direito. — Foto: Natan Lira/G1
“Não sei se estou preparado. Falta segurança em todas elas. Eu preciso entrar e sentir como vai ser.”

José Vitor Ramos, 18 anos

O aluno José Vitor Ramos, sobrevivente que levou golpes de machado de um dos assassinos no ombro e foi um dos primeiros sobreviventes a falar com a imprensa não quer voltar às aulas, segundo contou a mãe dele, Sandra Ramos. Ele está em casa se recuperando de cirurgia. José tem resistido ao tratamento psicológico oferecido às vítimas, segundo Sandra, que contou que ele disse que “não tinha necessidade”.
José Vitor Ramos Lemos, aluno que levou golpe de machado sobrevive a ataque em escola de Suzano. — Foto: Reprodução/TV GLobo
José Vitor Ramos Lemos, aluno que levou golpe de machado sobrevive a ataque em escola de Suzano. — Foto: Reprodução/TV GLobo
“Eu queria que ele fosse amanhã, mas ele não está querendo, não. Vou tentar convencê-lo a voltar, quero que ele volte para rever os amigos”, disse a mãe de José Vitor na segunda-feira (26).

Khetlynn Adrielly, 16 anos

A estudante voltou à escola na terça (26) e se sentiu mal por não ver a inspetora escolar Eliana Regina de Oliveira Xavier, morta por um dos assassinos.
Khetlynn Adrielly, de 16 anos, é uma das sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Gabriela Gonçalves/G1SP
Khetlynn Adrielly, de 16 anos, é uma das sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Gabriela Gonçalves/G1SP
“Me senti com muito medo, insegura, e também [senti] saudades. Porque eu tinha muito vínculo com a tia Eliana e eu senti muita saudade dela. Sempre que a gente chegava, ela estava lá, sempre com um sorriso no rosto. Então, acho que foi uma barra muito pesada não vê-la.”

Samanta Oliveira Silva, 17 anos

Samanta Oliveira Silva, 17 anos, é uma das sobreviventes do massacre da EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Gabriela Gonçalves/G1 SP
Samanta Oliveira Silva, 17 anos, é uma das sobreviventes do massacre da EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Gabriela Gonçalves/G1 SP
“Estou feliz por estar com minhas amigas aqui. [Mas também sinto] medo é por não ter segurança na escola. Nós ficamos com medo, qualquer barulhinho… Eu reparei que eles estão fechando o portão agora. Eu também ouvi um barulho hoje e já fiquei [pensando]: Meu Deus!”

Thalita dos Santos Moreira, 17 anos

Thalita dos Santos, 17 anos, é uma das sobreviventes do massacre da EE Raul Brasil — Foto: Gabriela Gonçalves/G1 SP
Thalita dos Santos, 17 anos, é uma das sobreviventes do massacre da EE Raul Brasil — Foto: Gabriela Gonçalves/G1 SP
“Creio que eles vão colocar segurança, por tudo o que aconteceu e para amenizar o medo.”

Matheus Henrique Ferrari, 16 anos

Matheus Henrique Ferrari é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Marina Pinhoni/G1SP
Matheus Henrique Ferrari é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil, em Suzano — Foto: Marina Pinhoni/G1SP
“Foi interessante [voltar à escola]… Até a gente teve todas as atividades e tudo mais, pôde desabafar, reencontrar os amigos. Tranquiliza bastante.”

Claudio Guedes Soares, 15 anos

Claudio Guedes Soares, 15 anos, é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
Claudio Guedes Soares, 15 anos, é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
“Não está um clima pesado como eu achei que estaria. O clima está até que bem leve. A gente já está começando a dar risada, nosso clima de jovem mesmo.”

Isabella Prudente Guerra, 15 anos

Isabella Prudente Guerra, 15 anos, é uma das sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
Isabella Prudente Guerra, 15 anos, é uma das sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
“A gente cantou no coral, fez atividade no coral, com a orquestra.”

Rafael Fernandes, 16 anos

Rafael Fernandes, 16 anos, é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
Rafael Fernandes, 16 anos, é um dos sobreviventes do massacre na EE Raul Brasil — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP
“Eu acho que o retorno às aulas para muitos foi uma coisa assim, muito rápida, mas acho que não é bom ficar adiando. Eu me sinto preparado para voltar às aulas, até porque eu vejo como se não seria bom eu ter perdido meus amigos e depois abandonar a escola.”

Letícia de Mello Nunes, 15 anos

A adolescente não vai voltar às aulas ainda. De acordo com a mãe dela, Valéria Mello, a menina foi atingida por uma bala, que atravessou a região lombar, e ainda está com dificuldade de andar. Ela segue fazendo fisioterapia.
Letícia de Mello Nunes — Foto: Reprodução/TV Globo
Letícia de Mello Nunes — Foto: Reprodução/TV Globo
“Ela só vai voltar às aulas quando a fisioterapeuta liberar”, contou a mãe.
Artista plástico Francisco Kleison finalizou grafite no muro da Raul Brasil no mesmo dia - as sete vítimas mortas na escola foram retratadas — Foto: Francisco Kleison/Arquivo Pessoal
Artista plástico Francisco Kleison finalizou grafite no muro da Raul Brasil no mesmo dia – as sete vítimas mortas na escola foram retratadas — Foto: Francisco Kleison/Arquivo Pessoal
ATAQUE EM ESCOLA DE SUZANO
G1

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