segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Cursos com temáticas conservadoras, simpáticas a bandeiras de Bolsonaro, proliferam-se na internet | Clic Noticias

Professores e palestrantes são, na maioria, ex-alunos de Olavo de Carvalho, um dos mentores do presidente
Gustavo Schmitt e Ruan de Souza Gabriel
Edmund Burke, considerado o pai do conservadorismo britânico Foto: ReproduçãoEdmund Burke, considerado o pai do conservadorismo britânico Foto: Reprodução
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SÃO PAULO – Em meio à ascensão política de movimentos de direita, proliferam-se cursos na internet sobre conservadorismo com ênfase em bandeiras do presidenteJair Bolsonaro . Entre professores e palestrantes há deputados do PSL, blogueiros, influenciadores digitais e até membros da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) e do Ministério Público (MP).
Eles são, na maioria, ex-alunos de Olavo de Carvalho, um dos mentores de Bolsonaro, e privilegiam pautas como globalismo, ideologia de gênero, aborto e a defesa das armas. As aulas são um negócio em expansão: os preços podem variar de R$ 119 a R$ 696.
Um dos mais ativos é o Instituto Burke, em homenagem ao irlandês Edmund Burke, considerado o pai do conservadorismo britânico e um crítico da revolução francesa e dos valores que acabaram por consolidar o arcabouço dos direitos humanos.

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O instituto se tornou uma espécie de clube de simpatizantes do bolsonarismo, embora rejeite essa pecha e argumente que as ideias é que convergem. Fundado há pouco mais de um ano em São José dos Campos, a cem quilômetros de São Paulo, o Burke tem 80 mil seguidores nas redes sociais
O “globalismo” é uma espécie de mantra no Burke. Essa tese pressupõe um esquema de dominação por elites globais, que querem destruir a família e substituir a cultura tradicional por uma moral cosmopolita e esquerdista.
Não por acaso não faltam postagens de apoio ao chanceler Ernesto Araújo, entusiasta dessa teoria. Os módulos das aulas abordam o tema, entre outras agendas do bolsonarismo, como “desencarceramento e a agenda globalista”, “aborto e o globalismo”, “desconstrução da família”, “erotização infantojuvenil” e “desarmamento e controle estatal”.
O quadro de professores e palestrantes do curso está repleto de apoiadores do presidente. A segurança é uma questão muito presente. No último dia 15, o instituto promoveu uma transmissão ao vivo sobre “armas, defesa pessoal e Bíblia”.
Os donos do instituto dizem que se sustentam com a venda dos cursos on-line e estimam que cerca de mil alunos passaram por suas aulas. O GLOBO conversou com dois dos cinco sócios proprietários: o advogado Diego Pureza e o CEO Wagner Lima. Eles atribuíram o crescimento ao empreendedorismo e afirmam que a articulação com apoiadores de Bolsonaro ocorreu de forma natural, já que há convergência de ideias. Também dizem não ter patrocinadores nem investidores.
Para o cientista político Paulo Henrique Cassimiro, pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESPUerj), o Brasil repete o que ocorreu nos EUA nas décadas do pós-guerra.
Na Guerra Fria, surgiram institutos para a promoção do pensamento liberal e conservador. Mais do que debater os clássicos, a preocupação é formar uma direita militante:
—Eles não fazem uma leitura acadêmica de pensadores como Burke, mas se filiam, por exemplo, à interpretação que o filósofo americano Russell Kirk (1918-1994) fez dele para criar uma tradição conservadora que fosse consoante com os valores culturais e morais do Ocidente.
O Globo

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